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Nova Orleans, a cidade mais apavorante do mundo, cheia de mistérios e casas mal assombradas, É muito famosa pela prática do vodu e outras religiões.
Em uma casa à beira do pântano vive uma das mais poderosas feiticeiras do mundo, Madame Ledoux, nascida na França, mas criada na África pela avó, que também era uma grande feiticeira e a iniciou no caminho da magia.
Ela era muito dedicada e já tinha dom para a coisa desde pequena, seus pais não gostavam muito, mas após a morte de seu pai e sua mãe ter voltado para França, Madame Ledoux mergulhou de vez nas artes da magia negra, vindo a se tornar uma mulher respeitada e temida por onde passava e era muito procurada pelos nativos para trabalhos de todos os tipos, inclusive de morte.
Cobrava muito pouco, mas sempre tinha uma frase que dizia a todos que a procuravam:
”Tudo que vai, volta... e no final pagamos o preço, não se esqueça disso.”
Madame Ledoux
Nos dias de hoje já era uma idosa, tinha 70 anos e apesar de ser uma mulher gorda e ativa, sua aparência era de uma mulher frágil e doente, por causa do tom de voz baixo, e sua bengala inseparável, esculpida com uma cabeça de cobra em prata na ponta.
Vivia em uma cabana simples à beira do pântano, rodeada de répteis e muitas árvores e plantas de todos os tipos.
A decoração assustava por ser sombria e cheia de esqueletos de animais mortos e pequenas cabeças humanas fincadas em pontas de estacas.
Para chegar até lá as pessoas teriam que pegar uma pequena embarcação, atravessar o pântano e depois caminhar pela vegetação densa e cheia de perigos mortais, por fim passar pelo antigo cemitério da cidade, usado agora apenas por Madame Ledoux em seus feitiços e suas conversas com os mortos.
Nunca saía de casa de dia, apenas à noite, se caso tivesse que ir até a cidade, para fazer algum tipo de consulta ou trabalho, alguém a buscava e a trazia de volta, sem custo algum porque não era uma mulher de posses e não ligava para bens materiais, seu único propósito era a magia por mais escura que ela fosse, mas não gostava de ser enganada e aqueles que queriam tirar proveito de sua bondade, sempre sentiam sua fúria e sabe-se lá quantos trilharam esse caminho.
Em certa época um homem contratou Madame Ledoux para um trabalho de magia de amor, estava apaixonado por uma jovem de 15 anos, sua aluna na escola, era casado e sua mulher sofria de uma doença que a deixava de cama a maior parte do dia, não se importava com o fato dela sofrer e preferiu satisfazer seus desejos pessoais, do que ajudar a esposa. Tudo correu bem no decorrer dos dias, a menina começou a dar mais atenção a ele e por fim estava loucamente apaixonada. Por ser menor eles tinham um relacionamento às escondidas, se encontravam sempre na cidade mais próxima afim de não serem vistos. a menina que se chamava Caroline era filha do delegado da cidade e muito conhecida por todos, fazia parte da torcida organizada do time de futebol da escola, sempre insistia com ele no assunto do divórcio, mas ele sempre dava uma desculpa.
Certo dia procurou Madame Ledoux para fazer um novo trabalho, queria que sua mulher morresse.
- Não posso interferir nesse plano, pois você já está sob feitiço de amor, se fizer um de morte vai envolver os espíritos ruins e pode ter consequências desagradáveis para você.
- Eu não me importo, desde que ela esteja morta.
- Tudo que vai volta e sempre pagamos o preço e o preço a ser pago aos maus espíritos é muito alto.
- Eu pago o que for, diga a eles que faço o que for necessário.
- Está bem, me traga um pertence dela usado nas últimas 24 horas e me encontre aqui no cemitério à meia noite em ponto, essa é a hora dos espíritos ruins aparecerem.
Naquele mesmo dia à meia noite em ponto lá estava ele, com um lenço da esposa em mãos.
- Esse lenço pertence a ela, usa muito quando tem crises e tosse bastante, por que o sal e velas?
- O sal é para proteger você dos espíritos maus, eles podem quere possuir seu corpo e as velas para iluminar o caminho até sua esposa, passe o lenço para mim e sente no chão, não olhe para mim até terminar, fique com os olhos fechados e lembre, não abra até eu dizer que pode.
Madame Ledoux pegou uma galinha e arrancou sua cabeça com uma faca derramando o sangue sobre o lenço da esposa. Começou a dizer palavras em outra língua e um vento soprou, quase apagando as velas, acendeu um charuto soltando baforadas em cima do lenço, em seguida bebeu um gole de vodca e cuspiu no chão.
- Aceitem essa oferenda espíritos da escuridão e levem à morte até a quem pertence esse lenço em sangue, sombras começaram a rodear o local fazendo gestos em direção ao professor como se fossem possuir sua alma, mas ele estava protegido.
Madame Ledoux com os olhos totalmente brancos e em transe mandou que fossem embora cumprir com o acordo. O vento parou e exausta caiu de joelhos no chão.
- Pode abrir os olhos professor, já está seguro.
- Por que tive que fechar os olhos, se o sal me protegia?
- Porque é através dos olhos que eles procuram sua alma e se você os encarasse conheceriam a sua e persegueriam você até encontrá-lo.
- Meu Deus!
- Agora se lembre o que disse sobre as consequências e elas virão cedo ou tarde, agora vá e não olhe para trás, pela manhã tudo estará resolvido.
Foi embora sem olhar para trás e nunca mais voltou;
Pela manhã acordou e foi ver sua esposa no quarto, viviam há muito tempo em camas separadas, devido à doença.
Quando chegou ao quarto a mulher estava morta com os olhos abertos e o lenço sujo de sangue em seu pescoço, parecia ter sido estrangulada com o próprio lenço, sua boca estava aberta e dela saiu uma mosca varejeira, o professor ficou apavorado, apesar de estar aliviado pela sua morte.
- Madame Ledoux é muito boa no que faz, mas como esse lenço foi parar aqui, eu não o trouxe comigo.
No dia seguinte após o funeral da esposa, já estava de volta ao trabalho como se nada tivesse acontecido, tinha certo ar de felicidade e estava bem falante naquela manhã.
Todos saíram da sala após o sinal, menos Caroline que ficou o encarando por alguns segundos.
- Está tudo resolvido, agora podemos ficar juntos.
- Meu pai nunca vai aceitar, sou menor de idade, ele vai matar você.
- Eu converso com ele e peço permissão para namorar você, eu te amo.
- Isso não vai acontecer, ele é um policial e vai prender você ou vai matá-lo, vamos continuar assim por enquanto.
- Está bem, me encontre na minha casa às 6 horas da tarde e diga que vai me levar um trabalho, que se esqueceu de entregar na aula e é muito importante.
- Está bem, vou tentar.
- Não tente, vá é muito importante.
Naquele dia às seis, como combinado Clarice estava na porta do professor, que a recebeu com um sorriso no rosto.
- Entre Clarice, quer beber algo?
- Um refrigerante se você tiver.
- Claro, eu tenho só um minuto, está aqui, é o seu preferido.
- Obrigado, mas o que é tão importante para você me convidar à sua casa, os vizinhos podem desconfiar e contar para meu pai.
- Quero casar com você e quero que more aqui comigo.
- Já disse a você que é impossível, meu pai não vai deixar, por que você insiste nisso.
Clarice começou a se sentir tonta e enjoada, estava grávida e não sabia.
- O que foi Clarice quer se deitar um pouco?
Começou a vomitar e saiu correndo sem dizer nada.
Tentou ir atrás dela, mas não a alcançou, um dos vizinhos viu a cena e olhou com desconfiança para ele que acenou dizendo:
-É minha aluna, não está se sentindo bem e foi para casa.
Nos próximos dias Clarice faltou a aula e não encontrou o professor, que ficava cada vez mais aflito e nervoso em suas aulas, não era mais o mesmo.
Os pais resolveram levá-la ao médico e ficaram sabendo da gravidez. Clarice não contou quem era o pai no inicio, mas depois de muita insistência do pai revelou o nome do professor.
- É o professor Eduard papai, sinto muito.
- Aquele desgraçado, eu vou mata-lo, disse.
- Por favor, Papai, não faça isso, ele não teve culpa, eu me apaixonei por ele, por favor.
- Ele tem idade para ser seu pai, você só tem quinze anos, isso é crime!
Saiu às pressas de casa com sua arma em punho. Foi até à casa do professor e gritou seu nome para todos ouvirem, batia na porta com fúria e dava chutes.
- Apareça seu desgraçado, minha filha está gravida de você seu verme, você tem que pagar pelo que fez.
O professor apareceu na porta apavorado e levou um soco e caiu no chão.
- Levante seu desgraçado, você vai morrer hoje.
- Me deixe explicar, eu a amo, quero me casar com ela, acredite.
Ela é menor de idade seu imbecil, levante agora, antes que atire em você aí mesmo.
Levantou com dificuldade e tremia como uma criança.
- Não faça isso, eu imploro, dizia.
O delegado sem dizer nada e olhando fixamente para ele deu três tiros em seu peito, o fazendo cair em cima de uma mesa de vidro que se partiu espalhando cacos por toda sala.
- Volte para sua mulher seu verme, em minha filha você não toca mais.
No mesmo dia o delegado entregou o cargo e se admitiu culpado sendo preso em seguida.
Madame Ledoux estava sentada em sua velha poltrona olhando em direção ao cemitério e rindo disse.
- Eu avisei das consequências, mas você não levou a sério, agora você vai pagar o preço professor.
O espirito do professor estava na frente dela com as mãos estendidas, como se pedisse ajuda, mas ela não se importou e apenas disse.
- Agora eles virão te buscar professor e não há nada que eu possa fazer.
Sombras saíram do chão e agarraram a alma do professor, puxando-o para baixo em um buraco negro com labaredas ao fundo, era o começo de sua tortura sem fim.
Madame Ledoux continuou sentada e acendeu um cigarro tranquilamente sem antes dizer:
- Eu avisei, tudo que vai volta e você pagou caro por isso.
O Prefeito
Jonathan era um homem ambicioso e não gostava de entrar em nada para perder, sempre dava um jeito de tudo sair como ele queria, mesmo que tivesse que jogar sujo.
Estava terminando seus quatro anos de mandato e queria se reeleger.
Era ano de eleição e seu único concorrente estava bem nas pesquisas e era bem visto pela comunidade, um homem bom que fizera muito pela comunidade, além de ser pastor da igreja local.
Victor foi também nomeado cidadão exemplar, por ter ajudado a construir com as próprias mãos, o hospital geral que havia sido destruído por um incêndio anos atrás.
Jonatan sabia que era um adversário muito forte e que deveria tomar providências a respeito.
Chegou ao seu escritório cedo pela manhã e chamou seu consultor para uma conversa séria a portas fechadas.
- Como estão os números da minha campanha hoje Peter?
- Nada bem senhor, caímos alguns pontos, depois do último debate, estamos um pouco à frente, mas ele está subindo muito rápido.
- Mas como isso? Eu fui muito bem aquele dia e dei uma surra nele.
- Sim senhor foi muito bem, mas ele fez novos aliados agora.
- Quem são eles?
- O irmão Reis e o senhor Júlio Somers estão ao seu lado, são grandes empresários na comunidade e grandes aliados perante a população.
- Cobras venenosas, nunca gostei deles mesmo, o que podemos fazer a respeito?
-Tem algo que podemos fazer, mas…
- Mas o que? Desembuche homem.
- Podemos visitar Madame Ledoux e pedir sua ajuda.
- Você está louco, não vou me meter com aquela bruxa.
- Mas senhor, ela é a única que pode nos ajudar.
- E o que vou ter que dar em troca minha alma, nem pensar.
- Se perdermos a eleição, as obras da nova estrada vão parar e o dinheiro que o senhor desviou pode vir à tona se investigado.
- Você tem razão e posso ir para cadeia, não posso deixar isso acontecer, vamos visitar essa mulher e acabar com esse idiota do Victor.
- Vou marcar uma visita ainda hoje com ela.
- Não, vamos direto até ela, não posso deixar que ninguém perceba que estou usando essa mulher para ganhar as eleições, se isso acontecer estou acabado.
Chegaram à casa de Madame Ledoux sem marcar hora, o que a deixou bem zangada.
- Quem são vocês e o que querem aqui sem ser convidados.
- Sou o prefeito senhora e esse é meu assistente, viemos pedir seus serviços.
- Sei, você é o homem que está tentando a reeleição, mas está com problemas devido e um candidato muito poderoso, os espíritos me disseram que você vinha.
- Sim madame e estou perdendo, gostaria de sua ajuda e pago o que for preciso.
- Não quero seu dinheiro, mas quero algo em troca.
- Peça o que quiser madame, que eu lhe darei.
- Quero que você proíba a entrada de estranhos em meu cemitério, tenho tido problemas com jovens que vem aqui namorar ou bisbilhotar as sepulturas em busca de algo sobrenatural, eles perturbam meus espíritos amigos e os mortos não gostam de serem incomodados, se é que o senhor me entende.
- Claro senhora, com certeza, farei um cercado em volta e vou proibir a entrada, com pena de multa e prisão, conte comigo.
- Muito bem promessa é divida e não pode ser quebrada, pode haver consequências entende?
- Sim entendo e o que devo fazer a respeito da eleição?
- Venha aqui hoje à noite sozinho e me traga um bolo feito por você e não coloque recheio, venha à meia noite.
- Sim senhora, estarei aqui.
- Sozinho, não se esqueça.
- Sem problemas, vou vir sozinho, tenha um bom dia, até mais tarde.
No trajeto de volta o prefeito questionou seu assistente sobre o que seria feito com o tal bolo.
- O que você acha que ela vai fazer com esse bolo afinal?
- Não sei senhor, esse tipo de coisa sempre me deu medo e não sei o que esperar.
Chegou bem antes da meia noite e ficou em pé na varanda esperando por Madame Ledoux.
- O senhor chegou cedo Prefeito, ainda falta meia hora por isso vou fazer uma pergunta muito importante para o senhor:
- Tudo que fazemos aqui nessa terra tem dois lados, o que vai sempre volta e às vezes certas coisas nos cobram um preço, cedo ou tarde, o senhor tem consciência disse e está
pronto se um dia tiver que pagar?
- Sim senhora, faço qualquer coisa para ganhar, sempre tive tudo que queria e não vai ser dessa vez que vou perder.
- Está bem, vamos ir para o cemitério, está quase na hora.
- Coloque o bolo em cima desse túmulo e fique de costas para mim, não se vire até eu mandar.
Madame Ledoux pegou uma serpente e apertando sua cabeça fez suas presas fincarem no bolo soltando veneno em seu interior. Pediu aos espíritos das sombras que abençoassem o senhor prefeito e que o bolo fosse comido pelos seus inimigos.
- Pode virar agora Prefeito, me dê sua mão, preciso de um pouco de seu sangue. Fez um pequeno corte e deixou o sangue cair sobre o bolo.
- Agora preste bem atenção no que vou dizer, no próximo debate você vai comprar dois pedaços de bolo e vai levar junto, ofereça um para seu oponente em forma de amizade e coma junto com ele, mas faça-o comer tudo, entendeu?
- Sim senhora.
- Agora pode ir e não olhe para trás e não se esqueça, vou cobrar o favor.
- Pode cobrar senhora, se ganhar farei exatamente o que prometi.
As eleições estavam perto e nada mudava a favor do prefeito, no dia do último debate fez exatamente o que Madame Ledoux mandou, comprou dois bolos na padaria próxima ao evento e levou junto, chegando lá encontrou seu oponente no camarim se aprontando.
- Bom dia Victor como vai?
-Vou bem e o senhor? Pronto para mais um show na TV?
- Sempre estou pronto, na verdade nasci pronto para isso, se é que me entende, eu trouxe algo para comer, mas meu assistente já tinha tomado café, então resolvi trazer para você, é um bolo muito bom, me acompanha?
- Claro porque não, com um café fica melhor ainda, hum está delicioso!
Os dois comeram e conversaram um pouco e em seguida se separaram. Victor comeu todo bolo conforme madame havia dito ao prefeito, o feitiço estava completo.
Victor começou primeiro e foi logo atacando o prefeito.
- É verdade senhor prefeito, que foi gasto mais do que estava no orçamento na estrada principal?
- Não Victor, tivemos alguns gastos extras devido ao atraso por falta de mão de obra e tempo ruim, mas isso vai ser esclarecido no próximo ano de mandato.
- Mas não é o que diz aqui, começou a tossir e se engasgar.
- O que foi Victor, está passando mal?
Victor fazia sinal com a mão como se estivesse bem, mas não conseguia falar, de repente vomitou algo preto e viscoso, mais pareciam pequenas cobras escuras que se moviam rapidamente.
Sua pele começou a ficar escura e parecia se sufocar até que caiu sem vida no chão. Todos correram em sua direção e foi constatada sua morte ali mesmo. O debate foi cancelado e a causa da morte foi por uma grave intoxicação alimentar que fez com que seu coração parasse de bater. Teria comido peixe na noite anterior e talvez estivesse estragado, ninguém reparou nas pequenas cobras que saíram de sua boca, pois as mesmas sumiram depois.
Jonathan foi reeleito e não haveria tempo para outro candidato devido ao ano estar acabando e as mudanças deviam ser feitas de imediato.
Um ano se passou e o prefeito continuava com seus desvios de dinheiro da obra inacabada, não foi feita a promessa à Madame Ledoux e nunca mais a viu.
Certa noite em casa, já em sua cama acordou com uma visita indesejada, cobras estavam rastejando pela cama e no chão, pulou rapidamente da cama e começou a gritar por ajuda, não havia ninguém na casa além dele, sombras começaram a se formar em todos os cantos e a luz parou de funcionar, desesperado e com medo tentou correr para a porta de saída, mas caiu no chão que estava infestado de serpentes, que começaram a picá-lo incessantemente, as sombras o rodeavam como se estivessem em uma dança de morte, em poucos minutos estava morto.
Madame Ledoux fumava um cigarro em frente a um túmulo no cemitério, quando o espirito de Jonathan apareceu para ela.
- Eu não disse para você que iria cobrar o favor.
- Eu não tive tempo, não consegui, mas eu vou fazer, só me ajude agora.
Tarde demais, tudo que vai volta e seu tempo acabou, agora é hora de pagar pelos seus atos e promessas vazias.
Continuou a andar e fumar seu cigarro enquanto as sombras sugavam Jonathan para o túmulo, onde havia feito o feitiço com o bolo.
Nunca prometa a Madame Ledoux o que não pode cumprir, pois ela sempre cobra no final.
- Fim -
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