Mais um Dia das Mães passou, deixando, contudo, velhas questões sobre a maternidade, o feminino, a mulher que continua exercendo inúmeras funções: “mãe na casa, cidadã na pólis e trabalhadora no mercado”. Além, é claro, do peso da culpa de ter de deixar seus filhos para exercer todos esses outros papéis que também lhe pertencem, ou, ter de abrir mão de algo, cujo preço é penoso pagar.
Como se não bastasse, a mulher também precisa ser
continuamente desejada. Assim, realiza uma série de malabarismos para manter-se
indefinidamente objeto de desejo, posto que não lhe é mais permitido
envelhecer. O que, na verdade, se configura em mais uma forma de controle e de
ditadura sobre o seu corpo e a sua condição de mulher. Ademais, o sucesso
também passou a lhe ser exigido. Porém, não ter filhos, ainda não é uma opção
tranquila.
No livro “Coisa de Menina? Uma Conversa Sobre
Gênero, Sexualidade, Maternidade e Feminismo”, os psicanalistas Maria Homem e
Contardo Caligaris – recém falecido -, buscam promover uma reflexão para
repensar o feminino e, talvez, algum equivoco ocorrido na questão da revolução
feminina que trouxe inúmeros direitos, muitos compromissos, obrigações, porém,
novas formas de subjugação da mulher.
Se vivemos grandes transformações sociais, estas,
por sua vez, geraram algumas situações que necessitam ser repactuadas. Uma
delas, a busca por equidade, já que a mulher teve um acumulo de atribuições, todavia,
ainda não houve uma partilha equânime.
Esta mulher que tanto lutou para ter voz, direitos,
liberdade, independência, ainda não conseguiu com que seu parceiro – quando o
tem - também se iguale em obrigações e jornadas dentro de casa, principalmente,
em relação à educação de seus filhos que está cada vez mais terceirizada,
gerando graves efeitos nos âmbitos da saúde e da esfera social.
Urge continuarmos a pensar a nossa postura e a
cultura na qual estamos inseridos, assim como encontrarmos uma solução para
este impasse. “Como poder fazer o sexo que se deseja e continuar a ter um
parceiro que ajude a criar a prole?” Como amar e ser sem as amarras e as
cobranças impostas sobre o nosso corpo e sobre todas nós? Ou deixaremos esta
questão até o próximo Dia das Mães?
1 Comentários
Opa, amei!
ResponderExcluirPOEMEM-SE SEMPRE!
SEJAM BEM-VINDOS!