Novo Pacto - Dariely de Barros Gonçalves

 Mais um Dia das Mães passou, deixando, contudo, velhas questões sobre a maternidade, o feminino, a mulher que continua exercendo inúmeras funções: “mãe na casa, cidadã na pólis e trabalhadora no mercado”. Além, é claro, do peso da culpa de ter de deixar seus filhos para exercer todos esses outros papéis que também lhe pertencem, ou, ter de abrir mão de algo, cujo preço é penoso pagar.

Como se não bastasse, a mulher também precisa ser continuamente desejada. Assim, realiza uma série de malabarismos para manter-se indefinidamente objeto de desejo, posto que não lhe é mais permitido envelhecer. O que, na verdade, se configura em mais uma forma de controle e de ditadura sobre o seu corpo e a sua condição de mulher. Ademais, o sucesso também passou a lhe ser exigido. Porém, não ter filhos, ainda não é uma opção tranquila.

No livro “Coisa de Menina? Uma Conversa Sobre Gênero, Sexualidade, Maternidade e Feminismo”, os psicanalistas Maria Homem e Contardo Caligaris – recém falecido -, buscam promover uma reflexão para repensar o feminino e, talvez, algum equivoco ocorrido na questão da revolução feminina que trouxe inúmeros direitos, muitos compromissos, obrigações, porém, novas formas de subjugação da mulher.  

Se vivemos grandes transformações sociais, estas, por sua vez, geraram algumas situações que necessitam ser repactuadas. Uma delas, a busca por equidade, já que a mulher teve um acumulo de atribuições, todavia, ainda não houve uma partilha equânime.

Esta mulher que tanto lutou para ter voz, direitos, liberdade, independência, ainda não conseguiu com que seu parceiro – quando o tem - também se iguale em obrigações e jornadas dentro de casa, principalmente, em relação à educação de seus filhos que está cada vez mais terceirizada, gerando graves efeitos nos âmbitos da saúde e da esfera social.

Urge continuarmos a pensar a nossa postura e a cultura na qual estamos inseridos, assim como encontrarmos uma solução para este impasse. “Como poder fazer o sexo que se deseja e continuar a ter um parceiro que ajude a criar a prole?” Como amar e ser sem as amarras e as cobranças impostas sobre o nosso corpo e sobre todas nós? Ou deixaremos esta questão até o próximo Dia das Mães?

 

 

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