Do livro em branco - Soninha Porto


Quando loucos poetas se encontram
o verso vira do avesso
vira santa poesia
as veias inflam e pulsam
aos sons do rock se agitam
e vertem aromas inebriantes
rasgam as tintas das canetas
desenham veios de palavras
e mancham a folha branca.
Agitam os ágeis dedos no teclado
transfigurados pelo amor
ou amargor (o que der na veneta)
os tons são o fascínio dos poetas
nuances que sinalizam
marcas de almas inquietas
do indócil bailar flamenco
dos corpos que se completam
ecoam na página os sapateados.
Buscam Deus, deuses e adeuses
um corpo que crepita no inferno
ou o ser divinal que viaje ao paraíso
desejos insanos
o segredo profano
e o refúgio de todos os santos
mesmo sangrando no livro em branco
estão à espera
de faces obscuras e verbos in/diretos.
Colhem sombras e sobras das horas
do que brote do vazio ou do tudo
no livro em branco fazem nascer
viagens (memórias)
dias e noites
magia e brandura
rastreiam a lua mais nua
numa têmpera enluarada
a reluzir em vida irrisória.
Mascaram e desenham amores
gestos in/quietos
pequenos grandes gigantes
anseiam eliminar o peso dos corações
a amargura com gosto de fel
a ausência do prazer doce feito mel
apuram palavras vibrantes
consoladoras de homens
para penetrarem o diletante.
Os poetas derramam do canto dos olhos
o contraditório – enfim –
acentuam a agudeza do espírito em nós
no livro em branco
espalham o não e o sim
num voo rasante de forças intrigantes
num contrafluxo esculpem
estilos, mitos, simbologias,
vieses para nutrir caminhantes.
Soninha Porto


Agitando no Centro Cultural São Paulo, no aniversário Poemas, 2015!
Figuraça! hehehehehe
Falando o Poema O Livro em Branco! Eu sabia de cor...

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