LAÇOS
Um a um, bem colocados
Sob o geométrico céu
pintado
Brancas nuvens brincam
livres do lado de fora
Fazendo desenhos sortidos
Delicadamente soprados
Pelo morno vento, quase
apressado
Aqui, temperam o ar com colônias
Almíscar, lavanda e sais
Rosas, azuis, amarelos ambulantes
De olhos impacientes
Badaladas nos pulsos
insistentes
Juntam-se aos violinos
cantantes
E ensaiam ecos pelos
vitrais
Fontes com suas próprias tampas
Pétalas e raízes sem podas
Cascas, sumos e sementes
Laranjas sem corte, sem
metades
Jarras com frutas
completas
Encontro de duas vontades
Dois canteiros
Dois primeiros
Dois inteiros
Seres
Orquídeas radiantes e
tenras
Dispostas num belo buquê
Trêmulas nos passos de
ensaio prévio
Num chão de vermelho
bouclé
Borboleta em voos de seda
Buscando abrigo e pouso
Nas longas asas do alvo cetim
Querendo permanência e
gozo
Em finas porcelanas será
servido
De baixo para cima
partilhado
O doce castelo construído
E bem lá no topo da torre
Duas imóveis criaturinhas
Que logo serão abrigadas
Na lembrança, em alguma
caixinha
Chuva de pérolas
pequeninas
Sorte, desejos e fartura
Na porta, já espera
Na linda tarde de primavera
Pelos noivos...
Nilza Murakawa
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