Jogo das sombras
Marcelo Gomes
Capítulo
1 - Charlote Johnson
A senhora Johnson chegou apressada na
biblioteca central, pela primeira vez em anos estava atrasada por alguns
minutos, passou por Alfred e deu apenas bom dia hoje não tinha tempo de colocar
o papo em dia.
Apesar da idade avançada era uma
senhora muito ativa e elegante, era a responsável em chefiar a biblioteca há
anos, e tinha muito orgulho de fazer parte da história do lugar, começou muito
jovem como assistente vindo a se tornar a mais antiga funcionária em ativa até
hoje.
Muito querida por todos e uma mulher
dedicada e atenciosa, sabia onde cada livro estava e qual fora alugado e o
tempo que cada um retornaria a seu devido lugar, mesmo doente nunca faltou a
nem um dia de trabalho.
Dizia que iria se aposentar no dia em
que morresse, até lá faria de tudo para que o lugar fosse um modelo de bom
gerenciamento para todas as outras bibliotecas do país. Vivia sozinha depois da
morte do marido e seu único companheiro era um gato que morava na biblioteca,
certo dia ele entrou com ela e nunca mais saiu. Era chamado de Soneca e vivia
em sua volta, quando não estava dormindo em cima dos livros.
Charlote gostava muito de livros de
mistério policial. eram seus preferidos e sempre se imaginou dentro de uma cena
de crime, dizia que se um dia cometesse um crime ninguém nunca iria descobrir o
culpado, pois sabia tudo sobre assassinatos e como a polícia pensava, era muito
criativa e inteligente.
Certa vez mandou uma carta a Scotland
Yard, nela dizia que sabia como resolver o crime que estava sendo investigado
naquela ocasião por um jovem detetive chamado Eddie Mase, na época a polícia
não a levou a sério o que a deixou bem aborrecida. Achou que por ser mulher
ninguém a deu ouvidos, mas não desanimou e continuo com seu trabalho
investigativo nas horas de folga, algo que se tornou um hábito com o passar dos
anos.
Apesar de nunca ter escrito um livro
adorava escrever poemas em suas horas livres, geralmente eram de amor e
esperança, sempre que havia um evento relacionado à literatura ela era
convidada, muito respeitada no meio da literatura e admirada por muitos
escritores famosos. Seu nome estava em uma placa junto aos muitos escritores e
diretores famosos que passaram pela biblioteca central, por muitos era
considerada uma celebridade no meio artístico.
Mas naquela manhã tudo estava
diferente, o atraso e a pressa de chegar até sua mesa não era algo comum de se
ver em Charlote. Estava impaciente e parecia preocupada, sua rotina era toda
feita com base no relógio e o atraso de hoje a fez sair da sua área de
conforto.
Apesar de fazer quase tudo na
biblioteca Charlote tinha duas assistentes, Alice e Margaret, uma das duas
ficaria em seu lugar no futuro, Alice era uma menina tímida e frágil com
problemas de saúde, sempre com seu inalador em mãos, pois sofria de asma. Já
Margaret era uma jovem enérgica e muito determinada, sempre atrás de algo para
fazer mesmo nas horas vagas procurava por Charlote a fim de aprender algo mais,
era sua preferida só tinha um pequeno problema, pois quando era contrariada
ficava brava e não media as palavras, a típica adolescente Inglesa. Mas
Charlote sabia como contornar a situação e sempre que algo acontecia chamava
Margaret em uma conversa particular, onde sua experiência falava mais alto, no
minuto seguinte tudo voltava ao normal como se nada tivesse acontecido,
Charlote até se gabava dizendo que deveria se psicóloga e não bibliotecária.
Naquela manhã Alfred foi até sua mesa com um envelope em mãos, era um convite
destinado a Charlote.
- Desculpe incomodar Senhora Charlote,
mas acabou de chegar esse envelope para você.
- Obrigado Alfred, e me desculpe por
hoje mais cedo eu estava atrasada e não pude dar atenção a você.
- Não tem problema minha amiga
acontece, além do mais vamos ter muitos outros dias para conversar.
- Sim claro, com certeza e muito obrigado
Alfred.
- Disponha sempre senhora Charlote.
O envelope com carimbo da associação
dos escritores fez com que Charlote abrisse um sorriso, no interior dizia: Noite
de autógrafos do livro Entre o céu e o
inferno, de Thomas Hard, convite individual com coquetel e palestra
do escritor, embaixo o nome convidada vip Charlote Johnson. O que mais deixava
Charlote feliz eram os lançamentos de livros aos quais era sempre convidada
devido a importância que seu nome representava no mundo literário. Se um escritor
lançava um livro com certeza seu maior desejo seria ter a mais famosa
bibliotecária em sua festa de lançamento, Charlote era como um outdoor
ambulante, se gostava do livro logo estava entre os mais vendidos, e Thomas
Hard era seu escritor favorito. Com uma felicidade estampada no rosto guardou o
envelope em sua bolsa e em seguida chamou Margaret.
- Me chamou senhora Charlote?
- Sim minha querida, amanhã tenho que
sair mais cedo, pois vou a um evento literário, um lançamento do meu escritor
favorito Thomas Hard, então vou precisar sair mais cedo e você vai ficar
encarregada da biblioteca, e não se esqueça de conferir tudo antes de fechar,
sempre faço o inventário de tudo que saiu e dos livros que tem que retornar,
não se esqueça disso é muito importante.
- Pode contar comigo não vou
decepcionar a senhora.
- Obrigado, acredito que você vai se
sair bem.
- Alice diga para aquele pessoal falar
baixo, aqui é uma biblioteca e não um pub.
- Sim senhora, vou pedir agora mesmo.
Charlote estava visivelmente agitada
apesar de feliz pelo convite de Thomas Hard, parecia que algo a incomodava
fazendo com que seu humor mudasse a cada minuto. Já passava das 10 horas quando
se lembrou de um compromisso com uma amiga, tinha combinado de tomar um café
com Janice uma amiga de infância que estava na cidade, mas havia esquecido
completamente. Olhou e relógio e já se passava das 10h15, pegou sua bolsa e
saiu apressada, mas antes gritou para Margaret...
- Pausa para um café, volto em 30
minutos meninas. Janice já estava na cafeteria esperando Charlote que ao ver a
amiga abriu um belo sorriso pulando da cadeira e abraçando Charlote.
- Meu Deus minha querida amiga, quanto
tempo, você está linda!
- Eu linda? São seus olhos querida,
você que está maravilhosa parece que está mais jovem.
- Por isso casei com um cirurgião
minha querida, custo e beneficio.
- Você é terrível Janice, mas me diga
o que você está fazendo em Londres? Perguntou Charlote.
- Meu marido tem uma conferência e eu
aproveitei pra visitar minha melhor amiga que não vejo há anos.
- Quando recebi seu recado na
biblioteca quase não acreditei, depois de tanto tempo a gente iria se ver e
colocar o papo em dia.
- Pois é minha amiga e olha que se
contar tudo vamos ficar aqui por um ano. As duas riram muito com a piada.
- Me diga minha querida, como está sua
vida, o que tem feito depois da morte de Arthur?
- Nada demais Janice, apenas trabalho
sem diversão.
- Mas a vida não é só trabalhar minha
querida, o que seria de nós sem um bom conhaque em um belo pôr do sol. Janice
chamou o garçom e pediu uma garrafa do seu melhor conhaque.
- Não posso beber Janice, são 10h30 da
manhã e tenho que trabalhar, além do mais o pôr do sol é só após às 18 horas.
- Uma taça não vai te fazer mal, viva
um pouco minha amiga não sabemos o dia de amanhã, vamos brindar à vida e a
nossa amizade, saúde!
- Apenas uma taça e vou embora, tenho
muito que fazer hoje, pois amanhã tenho um evento para ir à noite, um
lançamento de um livro de um escritor que gosto muito.
- Você lembra-se do Victor, aquele
rapaz que era apaixonado por você na escola?
- Sim claro, o que tinha mania de
levar flores para mim.
- Sim ele mesmo, pois o pobre homem
morreu em um acidente de carro ano passado.
- Meu Deus que infelicidade, fico
triste em saber.
- É a vida querida, por isso faço de
cada dia como se fosse o último.
- Não pense assim Janice você ainda é
jovem, e tem muito que viver.
- Eu sei, mas os planos de Deus são
outros, nunca se sabe.
- É verdade, mas devemos ter fé
sempre.
- E você não pensa em se casar de novo
Charlote?
- Não isso é algo que não me passa
pela cabeça, estou velha para o amor e sou casada com meu trabalho.
- Entendo querida, mas é bom ter
alguém com quem conversar às vezes.
- Você poderia ir comigo no evento de
amanhã, o que acha?
- Seria bom querida, uma pena eu ter
que ir embora se não poderia ir com você.
- Seria muito bom ter você comigo como
nos velhos tempos, bom eu preciso ir agora.
- Foi bom te ver Charlote, venha me
visitar uma hora dessas.
- Com certeza eu vou, se cuide
querida.
Já na biblioteca Charlote começou a
pegar no pé de Margaret, estava muito agitada como se tudo tivesse que ser
feito hoje, parecia outra pessoa.
- Margaret você viu que o livro O fim do mundo, era para ter sido
entregue ontem e até agora nada, o que você fez na minha ausência?
- Eu cuidei de tudo como a senhora
pediu.
- Mas por que não ligou para o cliente
que está com o livro, será que vou ter que fazer seu trabalho também.
- Não senhora, vou ligar agora.
Questionar qualquer ordem de Charlote
no dia de hoje seria dar sorte ao azar, já que ninguém a estava reconhecendo
naquele momento, parecia outra mulher e longe da doce e simpática Charlote que
todos conheciam. Como de costume já passava das 18 horas e Charlote ainda
estava na biblioteca, era a primeira a chegar e a última a sair, olhou o
relógio e pegou sua bolsa, finalmente estava indo embora depois de um dia
estranho e cansativo. Passou por Alfred e deu boa noite sem conversar.
- Boa noite Alfred até amanhã. Ele
respondeu de volta, mas ficou olhando enquanto ela saia pela porta, fez um
gesto de quem não sabe o que está acontecendo ao levantar os ombros, em todos
esses anos nunca viu Charlote tão distraída como hoje, era como se algo a
estivesse incomodando, acostumado a conversar após o trabalho e até tomar um
café, mas hoje tudo estava diferente e muitas dúvidas ficaram em sua
cabeça.
Capítulo
2 - Noite de autógrafos/ Um encontro inesperado
Faltavam apenas alguns minutos para as
19h30 quando Charlote chegou à livraria Culture Book, o local era muito grande
e nos fundos havia um salão pra festas e eventos fechados. A noite estava muito
agradável por isso Charlote resolveu descer uma quadra antes e caminhar até o
local, lembrou-se da caminhada ao entrar, pois no local bem no centro havia uma
árvore tão linda quanto as que viu em sua caminhadas até ali. Estava com um
vestido preto e belos brincos de pérola herdados de sua mãe, chamava atenção
apesar da idade avançada, um homem a reconheceu e se aproximou.
- Boa noite senhora, meu nome é Bill e
sou encarregado de conduzir os convidados até a sala do evento, eu reconheci a
senhora de outra ocasião.
- Oh, boa noite Bill, de onde me
conhece?
- De outra noite de autógrafos
senhora.
- Sim claro eu estou em quase todas,
mas a sessão de autógrafos não vai ser na livraria Bill? Perguntou Charlote.
- Não senhora, vai ser no salão de
eventos, é uma recepção fechada e exclusiva para convidados, não haverá público
de fora, temos muita gente importante hoje aqui.
- Me sinto uma celebridade Bill.
- De fato a senhora é, apenas alguns
foram selecionados, sendo assim sua presença é muito importante.
- Que honra, vou agradecer muito ao
meu amigo Thomas Hard. Nesse momento um garçom passa e oferece uma taça de
champanhe para Charlote.
- Que noite é essa? Obrigado
querido...
- A senhora pode sentar aqui, em
seguida vai começar a leitura.
- Obrigado Bill, você é muito gentil.
Entre um gole e outro Charlote
observava a todos no local, tinha senadores, donos de jornal, juízes e muitas
celebridades, mas uma pessoa em especial chamou sua atenção, alguém que ela
admirava muito e que nunca tivera a chance de conhecer. Conversado com o
prefeito lá estava o famoso detetive Eddie Mase, muito elegante e sorridente.
Charlote estava encantada e não via a hora de se apresentar ao seu detetive
preferido. Em seguida Thomas Hard entrou na sala e foi aplaudido por todos.
- Obrigado pela presença de todos,
espero que se divirtam hoje e gostem do trecho que vou ler de meu novo livro Entre o céu e o inferno, e não esqueçam
comprem uma cópia, porque um escritor precisa comer. Todos riram da piada, até
que Thomas mencionou uma velha conhecida e grande admiradora de seu trabalho.
- A noite hoje vai ser perfeita, pois
meu talismã e amiga estão presentes, quero que todos aplaudam a senhora
Charlote Johnson, sempre que ela comparece em um lançamento significa boas
vendas. Charlote estava muito feliz por ser reconhecida pelo seu querido amigo,
agradeceu a todos levantando sua taça de champanhe.
- Bom agora vamos à leitura. Disse
Thomas.
- Quero ressaltar que é apenas um
trecho e não um capítulo, quem quiser saber mais, vai ter que comprar o livro,
é claro! Esse trecho foi tirado do capítulo 8 que se chama A espada e a luz.
- E diz o seguinte:
"Faz de ti meu servo e tu
empunhas a espada de luz, andas pelas trevas sem teu senhor mas tua fé é maior
que teu medo, não temas o que não vê e sim o que falta em teu coração. Mas
senhor como posso enfrentar aquilo que não posso ver, como vou saber o que me espera
na escuridão? Sinta o chamado do teu coração, procure forças onde não há,
sozinho você anda mas saiba que Deus ao teu lado vai sempre estar, ele observa
e te guia até a luz, as trevas querem te seduzir, mas tu carregas a espada de
luz, e a chama que vem do teu coração, confie, pois onde há trevas sempre vai
haver luz. Etheros entrou na caverna sem medo, foi então que a espada em sua
mão começou a brilhar e se transformou em uma lâmina de fogo, a cada passo que
dava ele orava a Deus e pedia forças para o mal enfrentar, agora estava
confiante e destemido pois podia enfrentar qualquer inimigo..."
- É isso pessoal, quem quiser saber
mais compre o livro, obrigado. Todos aplaudiram com entusiasmo, Charlote ficou
de pé sorrindo, estava mais feliz do que nunca pelo sucesso de seu velho amigo.
- Pessoal eu tenho algumas cópias e
vou autografar em seguida, quem quiser pode comprar direto com Roger o dono da
livraria, obrigado. Charlote se levantou e foi cumprimentar seu velho amigo,
quando chegou perto deu um abraço caloroso e desejou sucesso.
- Meu querido amigo que esse livro
tenha muito sucesso, te desejo do fundo do meu coração.
- Obrigado minha querida, sua palavras
sempre me tocam o coração, tome essa cópia é sua e já está autografada.
- Oh, que alegria Thomas, essa cópia
vai virar livro de cabeceira, espero que você mande um livro para a biblioteca.
- Com certeza irei mandar, não se
preocupe Charlote e aproveite a noite. Charlote colocou o livro em sua bolsa e
pegou mais uma taça de champanhe, pensou um pouco e criou coragem para falar
com seu detetive preferido Eddie Mase, queria aproveitar a oportunidade, pois
Eddie estava sozinho.
- Com licença por acaso o senhor
é o detetive Eddie Mase? Perguntou meio sem jeito.
- Sim sou eu mesmo, e a Senhora quem
é?
- Charlote Johnson, trabalho na Biblioteca
Central, é um prazer conhecê-lo Sr. Mase.
- Claro a famosa bibliotecária que
mandou para a delegacia um dossiê sobre o assassino da navalha, eu lembro muito
bem, e só para constar a senhora estava certa e se fosse por mim teria aceitado
sua ajuda.
- Sério Sr. Mase, fico feliz em ouvir.
- Com certeza, mas é claro que meu
comandante não aceitou sua ajuda, puro machismo na verdade.
- Eu entendo, sou uma grande
admiradora do seu trabalho Sr. Mase, costumo ler muitos livros sobre
assassinatos e acompanho seus casos através dos jornais, me diga o senhor está
trabalhando em algum caso nesse momento?,Perguntou Charlote com entusiasmo.
- Na verdade sim, estou auxiliando uma
amiga que mora em Paris, na França, uma ótima detetive chamada Louise Bonnet,
uma velha amiga na verdade já trabalhamos juntos em um outro caso. Agora ela
está investigando o assassinato da senhora Frances Ledoux, uma viúva dona de um
prestigiado hotel em Paris.
- E o senhor vai ter que ir até lá?
- Creio que sim, por enquanto estou
apenas auxiliando por telefone, conversamos às vezes e ela me passa detalhes e
eu ajudo como posso.
- Interessante isso Sr. Mase, mas me
diga qual foi o caso mais difícil que o senhor resolveu?
- Na verdade todos foram difíceis, não
existe um caso fácil e quando se trata de criminosos tudo é possível.
- Entendo o que o Senhor quer dizer. O
que achou do trecho que nosso anfitrião leu hoje?
- Muito interessante, vou pegar uma
cópia do livro, pois me deixou bem curioso e gosto muito do trabalho do Sr.
Thomas.
- Eu também, sou uma grande fã e amiga
pessoal. Eu nunca imaginei que esse lugar fosse tão chique, os vasos parem ser
da dinastia Ming, os quadros de pintores famosos e veja a arquitetura, um luxo.
- Sim concordo com a senhora, é um
belo lugar.
- E você é amigo de Thomas, para ser
convidado o senhor deve ter uma ligação com ele?
- Na verdade não, quem me convidou foi
o prefeito, mas acredito que o Sr. Thomas deve gostar de uma boa investigação
criminal.
- Com certeza sim, seus livros tem um
pouco de tudo e crimes é o que não falta. Apesar de esse último ser baseado em
fatos religiosos. Oh, ai vem ele Thomas nosso querido escritor.
- Estão se divertindo, Sr. Eddie
prazer em vê-lo aqui.
- O prazer é meu Sr. Thomas, é uma
honra participar do lançamento de seu livro.
- Fico feliz em ouvir, e nossa amiga
Charlote está se comportando.?
- Sim estou, você não imagina o quanto
estou feliz agora, me sinto uma mulher de sorte de poder estar no mesmo local
com dois cavalheiros tão importantes em minha vida.
- Charlote é uma mulher especial, ela
dá vida a Biblioteca Central, sem ela aquele lugar seria apenas mais um
depósito de livros.
- Não diga isso Thomas, eu apenas faço
meu trabalho com muita dedicação e amor.
- E você Sr. Eddie está trabalhando em
algo, ou apenas preenchendo papelada. atrás de uma mesa?.
- No momento estou auxiliando uma
amiga de Paris em um caso de assassinato.
- Muito interessante, me faz pensar em
escrever um livro sobre suas aventuras.
- Aventuras é o que não falta Sr.
Thomas,disse Charlote com entusiasmo.
- Agradeço, mas prefiro que fique
apenas nas manchetes do jornal, não sou uma celebridade.
- Isso é assunto para outro dia, se me
dão licença vou falar com o prefeito. Thomas se despediu com carinho de
Charlote e Eddie.
- Bom Senhora Charlote, eu preciso ir
agora, foi um prazer conhecê-la.
- O prazer foi meu Sr. Mase, espero
que no futuro a gente possa conversar mais sobre suas investigações.
- Seria um prazer, tenha uma boa
noite.
Charlote ficou olhando enquanto Eddie
se dirigia à porta de saída, sua admiração por ele era muito grande,
encontrá-lo hoje foi o ponto alto da noite e seria motivo para muita conversa
com seu amigo Artur no dia seguinte. Já passava das 21 horas quando chegou a
casa, decidiu ir para cama e ler um pouco do novo romance de Thomas Hard, mas
logo pegou no sono, a noite foi boa, mas estava cansada. Na manhã seguinte
tinha que estar cedo na biblioteca
Capítulo
3 - O crime - (Começa o jogo)
Como de costume Charlote chegou cedo a
biblioteca, ao encontrar Artur parou um pouco para conversar, parecia ter
voltado a ser a Charlote que todos conheciam. A noite anterior parecia ter
feito bem a ela, estava feliz e bem comunicativa.
- Bom dia Artur, meu amigo.
- Bom dia Charlote, como foi o evento
de ontem?
- Maravilhoso meu querido, tudo
perfeito e além do mais conheci o detetive Eddie Mase.
- Fico feliz em saber minha amiga, e
parece que fez muito bem a você.
- Muito mesmo, estou feliz e há muito
tempo eu não me sentia tão bem e viva.
- Tem tempo para um café? Perguntou
Artur.
- Hoje não meu querido, ontem tive que
sair mais cedo e estou com muito trabalho atrasado, fica para amanhã.
- Tudo bem querida, tenha um bom dia
de trabalho.
- Obrigado, você também meu amigo.
Charlote subiu as escadas, abriu a
porta principal, parou e ficou olhando o lugar, observando as estantes de
livros, as mesas com ar de nostalgia. Abriu a porta de sua sala e sentou-se à
mesa, colocou sua bolsa na cadeira e tirou um pequeno bloco da gaveta, anotou
algo e guardou o bloco.
Faltava ainda meia hora para abrir a
biblioteca e suas funcionárias ainda não tinham chegado. Preparou um café e
começou a fazer suas tarefas diárias, parecia tudo normal até que parou de
repente e ficou olhando para um pequeno quadro na parede onde dizia:
Homenagem
à bibliotecária número 1, da Inglaterra, é com orgulho que dedicamos essa placa
a Charlote Johnson, você sempre será nosso orgulho.
A placa era feita de bronze e no meio
tinha um livro com o nome de Charlote, ao olhar uma lágrima escorreu de seus
olhos. Parecia muito emocionada, mas logo sorriu e voltou ao trabalho.
Já passava das 9 horas quando as
meninas chegaram, mas algo estava diferente no local, pois a porta estava
fechada e normalmente Charlote a deixava aberta ao chegar, o lugar estava muito
silencioso e nada de Charlote andando pelos corredores entre os livros. O
famoso bom dia quando ela as via também não foi ouvida, Margaret olhou para
Alice com cara de espanto e disse.
- Tem algo errado Alice, Charlote
devia estar aqui agora correndo pelos corredores como de costume.
- Vai ver ela está na sua sala ou não
chegou ainda, ontem ela não tinha um evento para ir. Talvez tenha ficado até tarde ou bebeu
demais... Exclamou Alice.
- Não, Charlote não é assim ela nunca
se atrasa por pior que ela esteja, já veio trabalhar com uma fratura no braço
certa vez. Vamos até sua sala quem sabe ela está trabalhando no inventário? Ou
pode estar no toalete.
A sala de Charlote ficava no fundo da
biblioteca, próxima a seção de livros crimes policiais os quais eram de sua
preferência. Margaret bateu na porta e nada de resposta, bateu mais uma vez e
chamou por Charlote, nada apenas silêncio.
- Vamos entrar.
--
Charlote, está tudo bem ai dentro? Perguntou sem resposta Margaret.
Girou a maçaneta e ao olhar para a
mesa soltou um grito abafado levando a mão à boca.
- Rápido Alice, chame Artur.
Alice sai correndo pelo corredor o mais
rápido que podia, enquanto Margaret chamava por Charlote, a tocava em seu
ombro, ela estava debruçada sobre a mesa e com a cabeça de lado, de sua boca
saia um líquido branco e espumoso. Margaret não sabia o que fazer quando
Artur entrou pela porta falando em voz alta:
- O que aconteceu, Charlote meu Deus?
Colocou as mãos a cabeça em sinal de
desespero, chegou perto do corpo e tocou no pescoço para ver se ela tinha
pulsação, mas nada notou, enquanto balançava a cabeça disse.
- Ela não tem pulso meninas, está
morta.
- Como morta? Não é possível olhe de
novo.
Alice chorava feito uma criança,
soluçava e tentava falar algo sem sucesso.
- Não sou médico, mas sei que ela está
morta, pobre Charlote deve ter tido um ataque do coração, Margaret ligue para
polícia.
- Polícia Artur, por quê?
- Não devemos tocar no corpo, não
sabemos a causa da morte e a policia deve ser informada nesses casos, eles tem
médicos legistas que podem dizer a causa da morte.
As 10h30 a polícia chegou ao local, e
junto com eles Eddie Mase, pois ficara sabendo através do comissário que
Charlote havia morrido, queria ter certeza de que era morte natural, apesar de
conhecer Charlote apenas uma noite Eddie sentiu uma forte ligação com ela,
Peter estava junto com ele e logo pegou seu bloco de notas e começou a
escrever.
- Posso dar uma olhada no corpo antes
de ser removido capitão? Perguntou Eddie.
- Sem problemas Sr. Mase, mas acho que
não tem nada para o senhor ver, deve ter sido morte natural.
- Isso eu vou ver Capitão, sempre
existe a possibilidade de algo não ser o que parece. Eddie observou a posição
do corpo, a espuma branca chamou sua atenção.
- Alguém sabe se é comum em ataques do
coração sair espuma pela boca?
- Não senhor, que eu saiba isso é
improvável. Respondeu o legista ao entrar na sala naquele momento.
- Então descartamos coração?
- Com certeza sim, mais provável seria
ela ter ingerido algo e ter tido uma reação química, o estômago reagiu à
substância causando um refluxo.
- Hum! interessante o que você disse e
poderia ser algum tipo de veneno?
- Não posso dizer agora, mas com
alguns exames com certeza.
- E o horário da morte pode dizer mais
ou menos?
- Posso deduzir, mas não é cem por
cento, talvez entre 8h30 e 9 horas mais ou menos.
- Obrigado por enquanto.
- Peter venha até aqui, veja na sua
mão direita parece um pedaço de papel. Pegue aquela pinça que você carrega na
bolsa, preciso ver o que diz nele. Eddie pegou o papel com muito cuidado e
colocou em cima da mesa, abriu delicadamente e nele havia escrito algo que
parecia ser um código.
- Veja meu amigo, parece ser um código
de números e letras:
S-9-C-2-L-TH
- Mas o que significa isso Peter? Seria
um código de leitura da biblioteca, ou de algum livro?
- É o que está parecendo Eddie, não
custa nada dar uma olhada na biblioteca.
- Chame uma das meninas aqui, por
favor.
Peter saiu e voltou em seguida com
Margaret, ela estava assustada e parecia ter chorado muito.
- Sei que é difícil para você voltar
aqui, mas me diga se o que está anotado aqui diz algo a você, talvez um código
de algum livro, o que você acha? Indagou Eddie.
- Eu acho que se trata de uma seção de
livros da biblioteca, o S é a seção, o 9 o número que corresponde a ela,
o C seria a coluna nº 2, e TH talvez o nome do livro.
- Muito bem minha cara, você ajudou
muito, obrigado, ninguém toque no corpo até eu dizer que pode, venha Peter
vamos explorar a biblioteca, e Capitão pode me ceder alguns homens para ajudar
na busca?
- Claro que sim, e o que estamos
buscando afinal?
- Um livro com as iniciais TH, eu sei
que o lugar é grande, mas toda ajuda é bem vinda.
Depois de procurar por alguns minutos
Peter chamou Eddie, e sua voz tinha um tom de euforia.
- Diga meu amigo que encontrou o
livro.
- Não, mas veja essa é a seção 9,
livros de ficção e religiosos.
- Muito bem Peter, você está cada vez
melhor... deixe eu ver aqui o que diz depois da seção, coluna 2.
- Peter, deve ser essa aqui, vejamos
livros com inicial em TH.
- Não tem nada com essas iniciais
Eddie.
- Correto Peter, mas e se não for o
nome do livro e sim o nome do autor.
- Mas é claro Sr. Mase.
- Peter meu caro, TH quer dizer Thomas
Hard, o nosso anfitrião da noite passada, mas é claro o livro é Entre o céu e o inferno, aqui Peter,
achei.
- Meu Deus Eddie isso parece ser uma charada,
será que estamos lidando com algum tipo de assassino que joga nas sombras ou
seria coincidência?
- Ninguém disse que foi assassinato
Peter, mas não vamos descartar a hipótese de um crime. Veja Peter tem um
marcador na página 154, vamos ver o que diz. Deus Peter tem uma frase
sublinhada que diz:
“EXISTE
MAIS COISAS ENTRE O BEM E O MAL, BASTA SABERMOS DIFERENCIÁ-LAS".
- O que quer dizer isso Eddie?
- Não sei, mas vamos descobrir, mas
por que a Senhora Charlote estava com um bilhete em sua mão, por que nos levou
ao livro de Thomas Hard seu escritor favorito. Algo está errado meu amigo, acho
que temos um caso em mãos, é provável que seja um assassinato.
Eddie voltou à cena do crime e pediu
ao legista uma análise urgente do corpo, precisava saber a causa da morte o
quanto antes.
- Não posso prometer ao senhor nada,
tudo depende da análise dos exames e por sinal já coletei um pouco de sangue e
mandei ao laboratório nesse momento, a causa da morte vou saber em dois dias no
máximo.
- Faça isso meu caro, comece hoje
mesmo, pois acho que estamos diante de um assassinato.
- Por que você acha isso detetive
Mase? Perguntou o Capitão desconfiado.
- Espuma saindo da boca, bilhete que
leva a um livro com uma mensagem sombria, sinais de que alguém está começando a
jogar com a gente, e alguém muito inteligente.
- Mas quem teria coragem de matar uma
senhora dócil como ela, uma pessoa que parece não ter inimigos.
- Tudo tem uma explicação meu amigo, e
vou descobrir.
Na manhã seguinte Eddie estava em sua
sala analisando o livro e sua frase misteriosa, não entendia o porquê de todo
aquele mistério, por que um código em vez de escrever o nome do livro, seria
uma espécie de brincadeira, ou alguém queria testar sua inteligência. Peter
bateu na porta e foi entrando com seu bloco de notas em mãos.
- Bom dia Sr. Mase, após olhar com
cuidado minhas anotações eu tirei uma conclusão.
- Diga meu amigo, o que descobriu.
- Acho que essa pista tem a ver com
nosso famoso escritor Thomas Hard, veja bem ele é amigo de Charlote, ela foi a
noite de lançamento de seu livro, livro esse que esta relacionado com o
bilhete, o que nos leva a crer que ele está indiretamente envolvido em algo.
- Hum... Peter você está cada vez
melhor meu amigo, acho que você tem razão e devemos fazer uma visita a Thomas
Hard, o que acha Peter?
- Sim senhor concordo, vou
verificar o endereço e volto em alguns minutos.
- Estarei aqui analisando os fatos, e
Peter alguma notícia do legista?
- Ainda não senhor, mas vou ligar para
ele ainda hoje.
Capítulo
4 - Thomas Hard (Entre o céu e o Inferno)
Rua Eastwood, nº 34/Ap. 12, esse era o
endereço de Thomas Hard o famoso escritor e amigo de Charlote, morava em um
bairro chique ao norte da cidade, um lugar onde famosos e políticos costumavam
residir, cercado de belas árvores e muito verde, um belo lugar destinado
aqueles com posses e longe da ralé de Londres.
Ao chegar Eddie se apresentou ao
porteiro e em seguida subiu até o segundo andar onde vivia Thomas. Eddie tocou
a campainha duas vezes, escutou a maçaneta girar e um senhor muito elegante
abriu a porta.
- Pois não senhores em que posso
ajudar?
- Sou Eddie Mase detetive da Scotland
Yard e esse é Peter meu colega, gostaríamos de ver o senhor Thomas Hard.
- Os senhores tem hora marcada? Perguntou
ele.
- Na verdade não, mas se trata de um
assunto de urgência que envolve o senhor Hard.
- Entendo, entrem e esperem na sala de
visitas, o senhor Hard está no seu escritório vou comunicar sua presença a ele
e volto em seguida.
Eddie estava impressionado com o
lugar, havia muitos quadros e obras de arte em todo lugar, além da arquitetura
sofisticada. Hard apareceu em seguida vestindo um roupão verde claro e
chinelos.
- Senhor Mase a que devo a honra da
visita? Desculpe minhas vestimentas, mas estava relaxando no meu escritório.
- Não se preocupe com isso Sr. Hard,
acredito que o senhor já saiba através dos jornais da morte de Charlote
Johnson.
- Sim claro fiquei sabendo, que
tragédia... querem tomar algo um chá, uma bebida ou um café?
- Não senhor está tudo bem, não
precisa.
- E você meu rapaz, quer algo? Se
dirigiu a Peter.
- Esqueci-me de apresentar, esse é
Peter meu assistente.
- Muito prazer Peter, não sabia que
você tinha um assistente.
- Sim senhor, Peter está comigo há
alguns anos e é um ótimo observador, vai dar um bom detetive no futuro.
- Eu aprendo rápido, e quem melhor que
o senhor Mase para aprender, quanto a sua pergunta eu vou aceitar um café.
- Claro vou pedir ao Eliot que traga
um café pra você e o Senhor não quer nada mesmo? Se dirigiu a Mase.
- Não, estou bem, obrigado.
Eliot entrou com uma bandeja de café,
parecia o típico mordomo carrancudo que não gosta de servir visitas, serviu o
café e se retirou sem dizer nada.
- O senhor tem uma bela coleção aqui,
é uma de suas paixões?
- Sim na verdade é a segunda, a
literatura é minha grande paixão, mas adoro a arte em si, quadros estátuas e
objetos me fazem ir além de minha imaginação, já tive inspiração para um livro
só de ficar olhando para um quadro, foi algo surreal parecia que o quadro
falava comigo, é estranho, mas verdade.
- Interessante, às vezes a inspiração
vem de lugares que a gente menos espera.
- Com certeza, mas me diga Sr, Mase o
que o trás aqui de fato, claro que deve ter a ver com a morte de Charlote, mas
em posso ajudá-lo? Perguntou Thomas.
- Tudo indica que Charlote foi
assassinada, e ao verificar o corpo encontrei em sua mão direita um papel com
um código, e esse código nos levou até uma seção de livros, e particularmente o
seu livro senhor Hard, Entre o céu e o
Inferno.
- Mas o que isso quer dizer, o que tem
a ver comigo?
- Por enquanto nada, pode ser uma
coincidência o fato de ter esse bilhete, quem sabe a Senhora Charlote anotou
para no futuro saber onde tinha colocado seu livro, vai saber era uma mulher
idosa.
- Não concordo com o Senhor, Charlote
era uma mulher muito inteligente e sabia exatamente onde cada livro estava,
qual seção, qual prateleira. Ela era uma mulher incrível.
- Bom se isso é verdade então alguém
deixou aquele bilhete, talvez o assassino.
- Mas o senhor tem certeza que foi
assassinato?
- Tudo indica que sim, estou esperando
uma confirmação nas próximas 24 horas do legista.
- Pobre Charlote, quem faria isso com
uma mulher tão doce como ela.
- Eu vou descobrir senhor Hard, tudo
tem uma explicação nessa vida. O senhor tem uma cópia do seu livro em casa?
- Sim tenho a primeira cópia impressa,
geralmente eu peço à editora que me mande a primeira, é algo como uma
superstição, um talismã para dar sorte, está na biblioteca vou pegar.
Thomas voltou com o livro, estava
enrolado em um pano vermelho de cetim.
- O senhor leva a sério esse negócio
de talismã.
- Sim é claro e sempre deu certo.
- O senhor me permite examinar o
livro?
- Mas é claro, pode olhar sem
problema.
Eddie olhou todas as páginas, mas não
encontrou nada, tudo parecia normal com o livro, nenhuma frase sublinhada, nada
que pudesse levar a alguma pista futura. Até
que ao fechá-lo viu a ponta de
uma folha saindo de dentro da contracapa.
- Peter me passe a pinça, por favor.
Puxou com cuidado, era outro bilhete,
mas esse estava em um tipo diferente de papel, parecia ter sido retirado de um
livro antigo, estava amarelado e muito gasto. Ao abrir Mase descobriu uma nova
frase, mas essa não tinha números e dizia:
"Entre
na toca, mas cuidado com a fera".
- Senhor Thomas alguém mais teve
acesso ao seu livro, no caso a essa cópia especificamente?
- Não, apenas Charlote viu essa cópia
quando recebi.
- Estranho, o senhor emprestou o livro
ou ela apenas viu a cópia?
- Não senhor Mase, apenas
mostrei a ela e conversamos a respeito da história.
- Quem entregou o livro na sua casa,
foi alguém da editora? Perguntou Mase.
- Não sei ao certo, foi meu mordomo
Eliot quem recebeu, mas posso perguntar a ele.
Thomas chamou o mordomo, mas ele não
lembrava o nome da pessoa, disse apenas que era um entregador.
- Bom Sr. Mase, não sei o que dizer,
apenas sinto muito por não poder ajudar mais.
- Tudo bem, o senhor já ajudou
bastante.
- O que eu não entendo é o fato de um
bilhete estar dentro de um dos meus livros, o que meu livro tem a ver com a
morte de Charlote? Indagou Thomas.
- Não sei ainda Sr. Hard, mas pretendo
descobrir. Agora preciso descobrir o significado dessa frase, alguém esta
brincando comigo, alguém muito esperto e que gosta de jogar.
- Pode ser uma metáfora Sr. Mase, um
lugar ou até mesmo uma obra de arte ou um quadro, disse Thomas.
- Talvez o senhor tenha razão, um
lugar... interessante essa observação. Talvez um lugar que tenha animais, um
zoológico ou uma loja.
- Ou talvez um bar Sr. Mase, disse
Peter.
- Isso Peter, um bar, na verdade um
pub.
- Mas é claro Sr. Mase, existe um pub
na Rua 35 chamado A toca do coelho.
- Peter você é um gênio meu amigo, disse
Mase com entusiasmo.
- Obrigado por tudo Sr. Thomas, você
nos ajudou muito.
- Fico feliz em ajudar, se precisar
estou aqui.
Capítulo
5 - A toca do coelho
- Parei em frente ao pub e olhei para
Peter com um sorriso maroto nos lábios, logo disse para mim mesmo, A toca do
coelho e que mistérios nos esperam no interior desse local?
Eddie abriu a porta e todos no
interior se voltaram para ele, foi como se um fantasma entrasse no local, eles
se olharam e foram direto ao bar pedir uma cerveja.
- Duas cervejas pretas, por favor.
- O senhor é das redondezas? Perguntou
o Barman.
- Na verdade não, estamos de passagem
e resolvemos matar a sede, lugar agradável você tem aqui.
- Meus avós abriram esse pub há muitos
anos, depois foi de meu pai e agora eu gerencio.
- Hum... um legado de família,
interessante.
- E por que o nome Toca do coelho?
Peter olhou para Mase com ar de
curiosidade.
- Meu avô deu esse nome, ele morava em
uma fazenda no interior e costumava criar coelhos, certa vez um dos coelhos
fugiu e entrou em uma toca enorme, meu avô foi atrás e quando chegou no
interior havia um lobo enorme devorando o seu coelho, ele conseguiu fugir e
voltou mais tarde com sua espingarda e matou o lobo, por isso o nome.
- História interessante, um bom nome
para um pub.
- E os cavalheiros o que fazem da
vida?
- Perdão eu nem me apresentei, sou
Eddie Mase detetive da Scotland Yard e esse rapaz é meu assistente Peter.
- Me chamo Harry, como já disse sou o
dono do lugar.
- Me diga Harry o pessoal que
frequenta seu pub você os conhece, ou às vezes aparecem estranhos como nós?
- Sim conheço a maioria, são
trabalhadores e moradores locais, mas por que a pergunta?
- Na verdade estou investigando a
morte de uma pessoa, não tenho certeza ainda se foi assassinato, mas alguém
está deixando pistas e eu estou seguindo seus passos, e a última me trouxe até
o seu Pub.
- O que diz essa pista?
- Olhe e me diga se a frase lembra
alguma coisa, um objeto talvez ou uma lembrança como a do seu avô.
- Não consigo associar a frase ao meu
Pub, tirando a parte que diz entre na toca nada mais.
- Posso dar uma olhada no local, ver
se acho algo suspeito.
- Fique à vontade, só não perturbe
meus clientes.
Eddie pediu a Peter para olhar tudo,
cada detalhe deveria ser observado, uma pintura, um enfeite ou algo escrito que
levasse a uma pista. Os clientes começaram a olhar desconfiados para eles, até
que um senhor chamou a atenção de Eddie.
- O que o senhor está procurando?
Perguntou ele.
- Algo que me lembre dum coelho ou uma
fera, estamos em um jogo e procuramos por pistas.
- Jogo, que tipo de jogo é esse?
- Caça ao coelho meu senhor, e pelo
jeito ele está em alguma toca nesse lugar.
- Quem sabe o senhor encontre algo
naquele quadro pendurado em cima da porta de entrada.
Eddie se virou para a porta de entrada
e ficou surpreso ao ver um quadro em tom amarelado, nela a pintura de um lobo
em posição de ataque a um coelho indefeso.
- É isso Peter o quadro, veja está
faltando um pedaço logo abaixo do desenho e a cor é a mesma do nosso bilhete
amarelado e envelhecido.
- Senhor Harry, seria possível tirar o
quadro que está acima da porta para eu dar uma olhada? Pediu Eddie com
educação.
- Sem problemas Sr. Mase, aqui está o
velho quadro que meu avô pediu para pintar quando inaugurou o Pub.
- Incrível Peter, veja o papel se
encaixa perfeitamente na parte que está faltando, mas onde está a nossa próxima
pista. Quem sabe colocando o papel de volta no local apareça algo. Eddie
colocou o papel no local, mas nada aconteceu, fez uma cara de quem estava
perdido e olhou para Peter.
- E se a pista não está no quadro e
sim em outro lugar, a não ser que... olhou para a parede e lá estava no mesmo
local do quadro, um pequeno bilhete preso com fita durex na parede.
- Veja meu amigo lá está ele, a jogada
do papel faltando foi só para despistar, que sujeito inteligente!
Ao abrir o bilhete Eddie se deparou
com algo inusitado, nele dizia uma frase sem sentido algum para ele, e sem
conexão alguma com o Pub...
-nQue frase estranha Peter!...
"Se
ajoelhe perante Deus e terá uma revelação."
- Mas o que isso quer dizer? Falou
Mase..
- Não faço a mínima ideia senhor, mas
parece algo religioso o que nos leva a crer que ele está nos levando em um
caminho diferente, algo como um altar.
- Altar Peter? Igreja, ele quer nos levar até uma igreja, é lá que
está a próxima pista? Mas qual igreja? Existem muitas aqui em Londres.
- Acho que ele gosta de nos
surpreender, o mais certo seria... Pensou um pouco e Mase com um gesto de mão
disse em tom de euforia:.
- A catedral Peter, onde mais poderia
ser se não a mais bonita e mais visitada igreja de todas em Londres, com sua
arquitetura gótica e vitrais exuberantes.
- Com certeza é a Catedral senhor Mase,
disse Peter.
- Senhor Mase, posso dar uma sugestão?
- Sim claro, pode falar.
- A Catedral é um local santo, acho
que se fosse para procurar algo que fizesse sentido seria perante Deus em sua
cruz, se é que me entende... eu frequento a Catedral e no altar onde o padre
conduz a missa tem um vitral enorme com a figura de Jesus em uma cruz, acho que
vai estar ali a próxima pista.
- Muito bem observado. Sr. Harry, foi
de grande ajuda só tenho a agradecer, mas agora precisamos ir, passe bem
senhor, foi uma honra visitar seu Pub, vou voltar outro dia como cliente.
- Obrigado Sr. Mase e boa sorte!.
Capítulo
6 - A Catedral
Os dois chegaram à Catedral
aproximadamente as 17h30, a missa começava às 18 horas e naquele horário as
pessoas já começavam a chegar, fazia um pouco de frio, pois era outono e o
vento era forte e gelado, ainda tinha sol apesar desse horário já estar quase
escurecendo. Mase parou na escada e ficou admirando a arquitetura da Catedral,
era fascinado por coisas obscuras e góticas.
- Peter quem fez isso é um gênio da arquitetura,
eu nunca vi nada igual e olha que já visitei muitos lugares.
- Concordo com o senhor, é muito lindo
e ao mesmo tempo intimidador.
- Vamos entrar Peter antes que o local
fique muito cheio.
Ao entrar ficaram ainda mais
deslumbrados com a beleza do local, vitrais em belas cores e desenhos
estonteantes, estátuas esculpidas por anjos e alguns dragões e demônios sendo
subjugados por Deus. Ao fundo no altar o vitral que Harry tinha mencionado no
Pub, uma bela imagem de Jesus na cruz.
- Veja Peter o vitral que Harry
mencionou, mas o que quer dizer afinal, não consigo ver nada além de uma bela
pintura.
- Lembre o que diz a frase Sr. Mase,
se ajoelhe perante Deus e terá uma revelação...
- Sim eu sei o que diz a frase, mas o
que significa é a questão, parece que estamos jogando com as sombras Peter.
Ao ver os dois parados observando tudo
o reverendo se aproximou lentamente e deu as boas vindas, era um homem de certa
idade e um pouco acima do peso, tinha o rosto em tom rosado o que levou Mase a
supor que ele era um grande apreciador de vinhos, sua voz era mansa e passava
paz e tranquilidade.
- Sejam bem-vindos à casa do senhor,
em que posso ajudá-los cavalheiros? –Perguntou.
Ao sorrir Eddie notou um tom amarelado
em seus dentes, sinal de que ele era fumante, um padre que bebe e gosta de
fumar, isso não seria contra as regras da igreja, pensou Eddie.
- Boa tarde Padre, sou Eddie Mase da
Scotland Yard e esse é Peter meu assistente, estamos investigando uma pista
sobre um suposto assassinato, e por coincidência nos trouxe a sua bela igreja.
- Que crime seria esse meu filho? E o
que teria a igreja a ver com isso?
- Na verdade nada senhor, mas estamos
em um tipo de jogo em que pistas nos levam a lugares inusitados, e não temos
certeza se é um crime, se trata da morte de Charlote Johnson, apenas sei que
algo está relacionado com esse local, só preciso descobrir o que é.
- Deus eu fiquei sabendo de Charlote,
ela era uma pessoa encantadora e vinha aqui sempre na missa de domingo.
- Então o senhor a conhecia?
- Sim, eu a conhecia muito bem... muitas
vezes ela fez doações para nossa paróquia, uma mulher admirável!
- O senhor poderia olhar esse bilhete
e me dizer se tem algo familiar com a igreja.
- Deixe-me ver, hum! Acho que se trata
de uma alusão ao altar e a imagem de Cristo, veja o vitral com a imagem, é o
que eu entendo por agora.
- O senhor pode ter razão, mas também
pode ser o contrário, talvez ele queira nos enganar, nos fazer ver somente
aquilo que está diante de nossos olhos, talvez uma pegadinha.
- Senhor Eddie, quem sabe se chegarmos
perto do altar possamos ver algo mais que nos passou despercebido.
- Boa ideia Peter, posso ir até lá
padre?
- Fique à vontade meu filho a casa de
Deus é sua também.
Ele se aproximou do altar enquanto era
observado pelas pessoas que já estavam no aguardo da missa, olhou fixamente
para o vitral, mas não conseguia encontrar nada que fosse uma pista, de repente
o sol bateu em uma das janelas e refletiu a luz no vitral, Peter que estava
mais abaixo chamou a atenção de Eddie.
-Olhe Eddie logo abaixo do vitral, é
isso que estamos procurando... Estava com um entusiasmo em suas palavras.
- Se ajoelhe e vai ver Sr, Mase.
Ao se ajoelhar Eddie percebeu algo
escrito em números romanos:
"A
- XI-XII-VII-IX"
- Anote PETER e veja o que cada um
deles significa.
-Senhor Mase são números romanos, 11, 12,
7 e 9 e o A significa apocalipse ele esta falando da bíblia senhor.
- Deus Peter o que seria de mim sem você.
Pegue uma bíblia e vamos abrir na página indicada, deve ser apocalipse mesmo.
- Aqui senhor apocalipse, mas vamos
seguir adiante deixe me ver... aqui a batalha entre anjos e demônios.
- Olhe Peter está sublinhada essa
frase:
"E
o anjo ergueu sua espada de luz e um clarão iluminou as trevas, o demônio se
rendeu à luz e a paz triunfou..."
- Hum!...mais um enigma Peter, estou
começando a perder a fé.
- Encontrou o que procurava meu filho,
perguntou o padre.
-Sim padre, mas é mais um enigma para
se resolver.
- Deixe-me ver meu filho, talvez eu
possa ajudar, hum, é uma citação do apocalipse da guerra entre anjos e
demônios, acredito que o único lugar que tenha algo parecido seja no Museu
Histórico de Londres, nos fundos tem um belo jardim a céu aberto com duas
estátuas uma de frente para outra, um anjo com uma espada e um demônio acuado
com medo, acho que é lá que vais encontrar sua resposta.
- Como o senhor sabe desse lugar
padre? Indagou Mase.
- Eu sei por que estava lá no dia da
inauguração da área externa, e foi a catedral que deu as estátuas de presente.
- Incrível padre como as coisas se
encaixam de maneira sutil, como nosso amigo joga com maestria e inteligência,
estou começando a admirar nosso jogador fantasma.
A missa estava preste a começar, os
dois foram convidados a ficar e assistir a cerimônia, não tinham como negar o
pedido do padre, já que ele foi de grande ajuda para eles.
- Peter nunca assisti uma missa em
minha vida, não sei o que fazer.
- Faça apenas o que o padre diz,
quando rezar reze, quando as pessoas levantarem faça o mesmo, é simples meu
amigo.
- Você costuma ir à igreja Peter?
-Sim, desde meus 8 anos e nunca faltei
a uma missa de domingo.
- Que incrível meu amigo! Não sabia
desse seu lado religioso.
- Tem muita coisa que o senhor não
sabe a meu respeito, Sr. Mase.
- Um dia você me conta Peter, quem
sabe te pago uma cerveja e você me conta sobre sua vida.
- Pode ser Eddie, mas até lá quero me
concentrar no caso, é o que importa nesse momento.
-Como quiser meu amigo, gosto de sua
determinação e no futuro você vai colher os frutos com certeza.
Após a missa os dois se despediram do
padre, Eddie prometeu voltar em uma ocasião mais tranquila, a impressão que
ficou fora que Eddie não acreditava em Deus, mas Peter estava determinado a
mudar isso.
Capítulo
7 - O Museu Histórico (Uma morte no caminho)
O Museu Histórico era um prédio enorme
e bem situado no centro de Londres, tinha uma arquitetura moderna pra a época,
e era frequentado por muitos estudantes e professores durante o ano letivo.
Abrigava as mais belas peças já criadas pelo homem, além de contar muito sobre
a história da humanidade e seus primórdios, mais um local que Eddie nunca havia
frequentado, mas que iria lhe trazer muitas surpresas. Eddie estava deslumbrado
com a estrutura do local, já havia visto muitos lugares em suas viagens, mas
nunca tinha se deparado com um lugar tão intimidante quanto o Museu Histórico.
- Peter vou lhe dizer uma coisa,
apesar de estar investigando um suposto assassinato estou feliz por estar aqui,
nunca imaginei que teria que passar por locais tão especiais como nesses
últimos dias, esse jogo está me levando a rever meus conceitos, estou muito
envolvido no trabalho e acabo deixando de lado certas coisas importantes na
minha vida.
- O que o Sr, quer dizer com isso?
- Diversão meu caro, viver um pouco
sem olhar para trás em busca de algo que deixei passar, apenas viver um pouco.
Veja esse prédio, por exemplo, eu devo ter passado aqui umas mil vezes, mas
nunca parei para apreciar tal beleza.
- Entendo o que você quer dizer, viver
as coisas belas sem se preocupar com nada.
- Exato Peter, pois sempre vai haver
um crime para solucionar, mas também sempre vai ter algo mais que devemos
apreciar, a vida é bela meu caro... vamos entrar.
Ao entrar Eddie ficou parado no salão
principal, parecia que algo o tinha chamado a atenção e não era por menos, logo
na entrada se via um belo salão decorado com estátuas e belos arranjos de
flores, o piso era de mármore branco e cinza, o teto era decorado com gesso em
formato de flores e figuras de animais, no centro um belo lustre que mais
parecia um navio suspenso no ar.
- Peter isso é deslumbrante, que lugar
magnífico!
- Concordo Sr. Mase, é algo surreal.
Uma jovem se aproximou com um belo
sorriso no rosto, era uma das guias turísticas do Museu, sua voz era doce e ao
mesmo tempo forte e sua postura era firme e imponente.
- Bom dia cavalheiros, sou Anna e
trabalho como guia turística do museu.
- Prazer em conhecê-la Anna, sou Eddie
Mase e esse é Peter um amigo.
- Vocês parecem os típicos policiais
de Londres, aqueles que saem em jornal.
- Na verdade nós somos mesmo, detetive
e assistente, você é muito boa observadora.
- Trabalho com pessoas senhor, é uma característica
que adquiri com os anos, saber analisar as pessoas faz parte do meu trabalho,
na verdade facilita muito para mim. Vocês precisam de um guia ou preferem se aventurar
sozinhos?
- Na verdade estamos aqui a
trabalho.
- Que tipo de trabalho, algum tipo de
investigação secreta?
- Pode se dizer que sim, e
aproveitando que você está aqui eu gostaria de saber onde fica a área externa,
onde tem o jardim, me disseram que é muito bonito de se ver.
- Infelizmente essa área está fechada,
estamos ampliando esse espaço e atualmente é proibido ir até lá.
- E se eu disser que temos uma pista
sobre um suposto assassinato, e essa pista nos leva até o jardim externo do
Museu.
- Sendo assim eu teria que comunicar
meu gerente.
- Faça isso então minha querida, é de
muita importância para nós acessarmos essa área do museu.
Alguns minutos depois um homem de meia
idade e usando um terno azul com gravata rosa surge no salão, era magro e tinha
um bigode bem saliente, parecia ter saído de uma comédia muda.
- Pois não cavalheiros, sou Bill
Wallace o gerente do museu, em que posso ajudar?
- Sou Eddie Mase da Scotland Yard e
esse é Peter meu assistente, estamos investigando um suposto assassinato e
temos uma pista que nos levou até aqui, supostamente até o jardim externo do
Museu.
- Infelizmente aquela área está
interditada no momento.
- Eu só preciso de alguns minutos nada
mais, eu me responsabilizo se acontecer algo.
-Não se trata disso Sr. Mase, não
posso deixar ninguém entrar naquela área no momento, o que tem lá não pode ser
visto até sua reinauguração.
- Mas é uma investigação criminal, não
um passeio turístico.
- Entendo, mas não estou autorizado a
deixar quem quer que seja entrar no local.
- Me diga Sr. Bill, existe por acaso
duas estátuas nesse local, um anjo e um demônio um de frente para o outro.
- Existia até uns dias atrás, mas
foram removidas devido a reforma.
- E onde elas estão agora?
- No depósito do Museu.
- E podemos ir até lá? O que procuro estão
relacionadas com essas duas estátuas.
- Sim é claro que podem, vou pedir
para Anna levar vocês até lá.
Anna surgiu com seu belo sorriso,
estava feliz em poder ajudar de alguma forma em uma investigação, ela os levou
até uma porta nos fundos do museu, uma escada em circulo onde podia passar uma
pessoa por vez os levou até uma sala enorme, com vários objetos de arte e
muitas caixas. Em um canto escuro lá estavam elas as estátuas que Mase tanto
procurava, uma de frente para outra. Eddie pediu que Peter olhasse com cuidado
a estátua do demônio, enquanto ele investigava a de anjo. Anna ficou observando
os dois com aquele belo sorriso no rosto.
- Conseguiu ver alguma coisa Peter?
- Nada Sr. Mase, apenas desgastes do
tempo.
- E se a nossa pista se perdeu quando
as estátuas foram removidas, ou se ficou por lá no jardim, nunca vamos saber.
Eddie se escorou na estátua e viu que ela se moveu como se tivesse rodas.
- Você viu Peter, ela se moveu quando
me encostei, tente empurrar a outra. Ao empurrar a estátua ela também se moveu
levemente quase tocando o anjo.
-Espere um pouco Peter, vou empurrar o
anjo e você também empurre o diabinho na minha direção.
- É um demônio senhor.
- Não importa o que seja, apenas
empurre. Ao empurrar as estátuas se uniram fazendo com que a espada entrasse no
peito do demônio, a boca da criatura se abriu e um papel enrolado surgiu como
mágica.
- Peter meu caro veja, a boca do
demônio se abriu revelando nossa pista, que mente criativa faria algo assim,
que homem fascinante é esse suposto assassino! Vamos ver o que diz agora nosso
brilhante jogador.
Ao abrir uma nova frase com
significado obscuro, o que deixou mais uma vez Eddie com uma pulga atrás da
orelha.
"Às
vezes os mortos tem muito a dizer, basta saber ouvir, no leito de morte ele
repousa..."
- o que diabos quer dizer isso Peter?
Devemos agora falar com os mortos.
- Acho que ele deve estar falando de
alguém que já morreu, é só o que consigo pensar agora.
- Espere Peter tem algo no verso:
PS:
Procure por Arthur em seu leito de morte. Quem é Arthur e o que quer dizer em
seu leito de morte?
- Quer dizer que Arthur está morto Sr.
Mase? E onde mais ele poderia estar se não no cemitério?
- Incrível seu raciocínio Peter, vamos
ao cemitério central, mas espere como vamos saber quem é Arthur? Devem existir
muitos enterrados por lá.
Anna ao ouvir o nome Arthur se lembrou
de algo relacionado ao museu.
- Senhor Mase acho que sei quem é
Arthur.
- Sabe minha cara, e quem é ele?
- Na parte de sessão de guerra tem uma
foto de um general do exército e o nome dele é Arthur W. Johnson, ele foi
fundador do mais importante regimento pós-guerra de Londres, foi condecorado
com honras pela rainha e inaugurou a ala de guerra há uns 3 anos atrás.
- Você disse que o sobre nome é
Johnson?Perguntou Mase com dúvida.
- Sim senhor, exatamente.
- Meu Deus Peter, ele tem o sobrenome
de Charlote, não pode ser.
- Você disse Charlote, a senhora da biblioteca que foi encontrada
morta?
- Sim ela mesma.
- Eu a conhecia, ela vinha varias
vezes ao museu e ficava um bom tempo sentada olhando a foto do general, certa
vez eu me aproximei e perguntei quem ele era, e ela me disse que era seu
falecido marido.
- Inacreditável Peter, estamos de novo
nas mãos desse brilhante oponente, que mente criativa meu Deus, onde vamos
parar Peter? Caçamos um fantasma nas sombras, brilhante meu caro! Anna você foi
incrível e só tenho a agradecer, um dia pago um café para você, mas agora
temos que ir.
Anna ficou ali parada sorrindo
enquanto Eddie subia as escadas às pressas como se fosse desenterrar um defunto
no cemitério. Peter foi atrás e quase caiu nas escadas, deu uma olhada para
Anna e abanou meio sem graça, Anna o olhava sorrindo.
Capítulo
8 - O cemitério
O Cemitério de Highgate era a próxima
parada de Eddie e seu colega Peter, um dos pontos altos da investigação por ser
o local onde o marido de Charlote está enterrado, algo que começa e mexer com o
pensamento de Eddie, que ligação todos esses lugares tem com Charlote?
E agora mais do que nunca estava
disposto a resolver o caso, após uma visita ao legista descobriu que a morte de
Charlote foi por envenenamento, Eddie estava certo quando supôs que sua morte
poderia ser assassinato. Cianureto foi a resposta do legista, um composto
químico muito poderoso e que levou Charlote a ter uma parada
cardiorrespiratória. Agora mais do quem nunca ele queria pegar o assassino, mas
por que alguém faria mal a uma pessoa tão doce e querida por todos como
Charlote? Perguntas que povoavam a mente de Eddie e que até agora não tinham
respostas, apenas pistas que o levavam de um lugar a outro, como em um jogo de
sombras.
Eddie parou em frente a portão de
cemitério de Highgate, ficou por um instante observando alguns pássaros que
cantavam nas árvores, Peter foi dizer algo, mas Eddie fez sinal com o dedo em
sua boca pedindo silêncio e em seguida falou:
- Fique quieto Peter, ouça os pássaros,
pois aqui é somente isso que vai ouvir, os mortos não falam mesmo que você
procure por respostas.
- O que o senhor quer dizer com isso
Sr. Mase? Perguntou com uma cara assustada.
- Quer dizer que devemos observar e
não perguntar, as respostas que procuramos estão nos detalhes e não nas
palavras, o silêncio às vezes é o melhor amigo do homem, pois o faz pensar, e é
quando temos as melhores ideias, anote isso no seu bloco de notas se quiser.
Peter imediatamente pegou seu bloco e
rabiscou algo.
Os dois entraram no local e a cada
passo que dava Eddie pensava mais e mais em como seria possível alguém matar
uma pessoa tão querida por todos, os túmulos gastos com o tempo e a atmosfera
sombria fazia Peter olhar desconfiado à medida que entravam mais e mais no
cemitério.
- Não me sinto à vontade aqui Sr.
Mase, parece que tem alguém me observando.
- Não seja bobo Peter, ninguém vai te
fazer mal algum, estamos no lugar onde os mortos repousam, ou você tem medo que
alguma alma possa querer pegar você? Não seja criança.
- E se o assassino estiver aqui, e se
for uma emboscada?
- Ele é como um fantasma Peter, mas
não é idiota, ele gosta de jogar e está nos testando, um grande jogador nunca
se revela antes do final, sempre vai haver uma última carta na manga, e agora
precisamos encontrar o zelador, pois não vamos encontrar o túmulo de Arthur sem
sua ajuda, o lugar é enorme e vamos nos perder procurando.
- Veja Eddie tem uma pequena casa logo
ali, talvez seja seu escritório.
Eddie bateu na porta da pequena casa
que já estava bem desgastada com o tempo, ninguém respondeu então resolveu
girar a maçaneta e a porta se abriu, disse um olá, mas ninguém respondeu.
Decidiu entrar, mas pediu para Peter ficar na porta cuidando se alguém surgisse
do nada, o lugar estava bem sujo e parecia que ninguém o frequentava há muito tempo.
Um pequeno armário com várias gavetas
estava ao lado de uma parede com fotos de gente morta, que algo bizarro de se
pendurar em uma parede pensou Eddie. De repente ouviu um grito vindo da rua, a
voz parecia ser de Peter, correu para fora e encontrou Peter sob a mira de uma
arma, um homem alto e magro apontava um revolver calibre 38 para a cabeça de
Peter, ele parecia bem nervoso e ostentava uma barba longa e grisalha. Ao ver
Eddie se virou para ele e também apontou sua arma gritando com voz de
autoridade.
- De joelhos os dois agora, senão vou
atirar sem fazer perguntas.
- Desculpe senhor, não somos ladrões...
somos da polícia posso explicar.
- A polícia não invade casas sem
permissão, quem são vocês de verdade, ladrões de túmulos?.
- Não Senhor sou Eddie Mase e esse
rapaz é meu assistente Peter, veja meu documento... O homem o interrompeu
bruscamente.
- Não ouse colocar a mão em seu bolso
se não quer levar um tiro, coloque as mãos na cabeça eu vou olhar seu bolso e
se você ou ele tentar algo você já sabe.
O homem misterioso colocou a mão no
bolso de Eddie e tirou sua carteira, Peter tremia feito uma criança com medo, o
homem olhou a carteira de Eddie e se voltou para ele comparando sua foto:
- hum... murmurou, você está dizendo a
verdade.
- Posso relaxar agora? Disse Eddie.
- Sim pode, me desculpe por isso, mas
tem muitos ladrões de túmulos por aqui e não é sempre que alguém invade minha
casa no meio do dia.
- Me desculpe por isso, mas eu bati e
ninguém atendeu, então eu reparei que a porta estava aberta e fui entrando, foi
algo sem pensar me perdoe.
- Tudo bem sem problemas, mas o que os
cavalheiros fazem por aqui a essa hora?
- Estamos no meio de uma investigação
de assassinato, precisamos localizar o túmulo do Sr. Arthur W, Johnson.
- E o que um morto pode dizer que
tenha valor em uma investigação? Se é possível algum morto falar.
Sorriu de sua própria piada.
- Na verdade é algum tipo de mensagem
que procuramos, algo que possa nos levar até o próximo passo, algo que pode
estar escrito em seu túmulo, ou deixado em um bilhete, por isso estamos
aqui.
- Entendo, vocês estão em algum tipo
de jogo cheio de mistérios.
- É quase isso, com uma pitada de
suspense e muitas dúvidas... o senhor poderia nos levar até o túmulo do Sr.
Arthur? Perguntou Mase gentilmente.
-Mas é claro que sim, preciso ver a
agenda com o nome dele para localizar o local exato do túmulo, pois esse lugar
é muito grande e às vezes até eu me perco por aqui, a sorte que tudo fica
registrado em uma agenda se não eu estaria perdido, tenho cópia dos registros
também em uma gaveta, mas são somente cópias de óbitos. Esta aqui fica na ala
sul nº 356- D2, um local bem privilegiado onde muitas pessoas importantes estão
sepultadas, ele devia ser alguém de muito prestígio.
- Sim ele era uma pessoa importante do
exército Inglês
- Entendo, daqueles que até
frequentava o palácio da rainha.
- Pode se dizer que sim, podemos ir
agora Sr, qual seu nome? não me lembro de ter ouvido você dizer.
- Me perdoem cavalheiros a falta de
modos, me chamo Bill.
- Bill não é um nome americano?
- Sim na verdade é, sou de São
Francisco, mas moro aqui desde meus 18 anos quando me rebelei com meus pais e
fui embora, foi uma época bem louca de minha vida, peguei uma muda de roupas
sai de casa e nunca mais olhei para trás.
- Um americano em solo Inglês,
interessante que você não tem nenhum sotaque, acho que já o vi em algum lugar.
- Os anos me fizeram esquecer de onde
venho, e além do mais agora me considero Inglês e meu passado foi enterrado no
dia que pisei nesse país, você talvez tenha me visto em algum evento social,
costumo trabalhar de garçom em festas.
À medida que caminhavam o lugar ficava
mais sombrio, corredores cheios de túmulos envoltos em raízes de plantas,
estava frio apesar de estar apenas no começo do outono, Peter começou a
reclamar do cheiro do local, mas Bill logo o tranquilizou dizendo que aquilo
eram as plantas que exalavam um perfume diferente, depois do contato com o
solo, corpos em decomposição e fluidos se misturavam fazendo uma complexa
mistura de aromas.
- Não se preocupe meu rapaz você se
acostuma, estamos quase chegando ao local e você vai ver que o ar vai ficar
mais suave, pois tem muitas flores e é mais aberto, quase um hotel 5 estrelas
para os mortos.
Novamente sorriu de sua piada. Eddie
olhou para Peter balançando os ombros e piscando o olho.
Após sair de um corredor estreito e
frio eles se depararam com uma bela área aberta, algumas árvores à volta e
muitas flores, um aroma diferente se sentia no ar, vários túmulos enfeitados
com estátuas e capelas muito bonitas, algumas em arquitetura gótica, Bill
apontou para um túmulo onde estava uma bela estátua de um homem vestindo um
uniforme, ele estava em pé e segurava uma espada, era Arthur.
- É esse o seu homem, em sua última
morada.
- Incrível Peter, veja o cuidado com
essa estátua, olhe os detalhes que enfeitam o túmulo, ele devia ser alguém
muito importante a ponto de ser tão apreciado mesmo após sua morte!
- Com certeza Sr. Mase, disse Peter.
- O que vocês procuram? Perguntou
Bill.
- Alguma pista, um bilhete ou algo
escrito na lápide... qualquer coisa que nos leve para o próximo passo nesse
jogo de sombras.
- Parece algo tirado de um filme de suspense,
disse Bill.
- Na verdade o suspense está presente
em todos os lugares que visitei até agora, e nosso jogador é alguém que tem uma
mente brilhante meu caro amigo.
- Então você admira esse seu
adversário, Sr Mase? Perguntou Bill.
- Quase isso Bill, é mais respeito do
que admiração. Alguma coisa suspeita Peter?
- Até agora não Sr. Mase, nada ainda,
está tudo no seu devido lugar.
- Mas lembre daquela frase que diz, os
mortos veem apenas o que eles querem, e se estamos olhando no lugar errado e se
devemos pensar diferente, como na estátua do anjo, você lembra que por um
pequeno detalhe descobrimos um mecanismo secreto que nos revelou a pista
seguinte.
Peter começou a mexer na estátua
tentando achar algum tipo de dispositivo que pudesse ativar algo no local, mas
nada encontrou.
- Deixe-me ver uma coisa, o nome está
correto e a frase junto à data de nascimento e morte também, nada incomum até
agora, a frase dizia escute os mortos e procure no leito de morte de Arthur,
mas o que escutar, o que procurar em um túmulo?
Eddie levou a mão ao queixo e ficou em
silêncio olhando direto para o túmulo, de repente fez um gesto com os braços e
disse.
- Mas é claro Peter, escute os mortos
e procure no leito de morte, é uma metáfora... veja bem os mortos não falam e
procurar em seu leito de morte quer dizer que temos que procurar pelo corpo, e
esse corpo não está aqui.
- Mas como não está aqui Sr. Mase? Esse
é o túmulo de Arthur.
- Não meu amigo, se você olhar atrás
da estátua vai ver uma pequena capela, na verdade um santuário onde se colocam
velas e flores, mas se observar vai ver um pequeno vaso com tampa, então vai
entender o que quero dizer, os mortos não falam verdade, ainda mais depois que
seu corpo foi cremado...
- Cremado Sr. Mase, como assim se ele
foi cremado de quem é esse túmulo?m Perguntou Peter.
- É algo simbólico Peter, apenas um
enfeite assim como essa estátua, uma homenagem nada mais.
Mase se aproximou da capela e abriu o
pequeno vaso e dentre as cinzas de Arthur estava um bilhete enrolado com uma
fita branca.
- Veja Peter às vezes temos que olhar
além do que nos está à frente, os olhos podem ser traidores e nos cegar, que
sujeito brilhante Peter e que mente astuta e engenhosa ele tem!
- O que diz no bilhete Sr. Mase?
- Aqui diz que estamos no caminho
certo meu caro amigo, estou a brincar com você Peter deixe me ver,
"Volte
ao básico e aprenda que ler não é apenas um ato de liberdade e sim de
aprendizado, é na escola que damos os primeiros passos para conhecer um mundo
de aventuras, onde os livros te levam além do tempo e espaço... Eu vivi e morri
rodeada de fantasia e aventura...volte no tempo e seja criança novamente...”
- Mas que diabos quer dizer isso Peter?...
- Não entendi nada Sr, essa vai ser
difícil de decifrar.
- Peter meu amigo, acho que sei
o que quer dizer a frase, devemos voltar à biblioteca, pois é lá que vai
estar nossa próxima pista, veja bem, aqui fala de fantasia e aventuras e onde
mais poderíamos encontrar tudo isso se não em um livro, ainda não sei o que
quer dizer volte no tempo e seja criança novamente, mas a resposta está lá,
vamos Peter acho que nossa jornada está quase no final, sinto que estamos perto
de solucionar esse crime e pegar esse astuto criminoso que joga nas sombras.
Capítulo
9 - De volta à biblioteca
Ao chegar em frente à Biblioteca Central
Eddie teve uma espécie de Dejá vu, lembrou do dia do assassinato e ainda se
perguntava o porquê de uma senhora tão doce ter sido assassinada, que inimigos
poderia ter uma pessoa que só fazia o bem, seria por inveja ou teria algo mais
sombrio por de trás de tudo isso?
Alfred ao ver Eddie sorriu e o
cumprimentou com educação, já passava das 2 horas e o local estava calmo e
silencioso como de costume.
- Boa tarde Sr. Mase, o que o trás
aqui novamente? Perguntou.
- Mais uma pista meu amigo, preciso
encontrar algo que faça sentido em toda essa loucura que até agora está me
deixando no escuro, não tenho suspeitos apenas pistas que me levam a lugares
sem dizer exatamente onde devo chegar... estou andando nas sombras.
- Entendo Sr. Mase, fiquei chocado ao
saber que Charlote foi assassinada, não entendo o porquê.
- É isso que quero descobrir meu caro,
mas preciso de toda ajuda possível, você sabe se Charlote tinha algum livro
favorito, ou alguma vez citou algo sobre aprender com os livros ou voltar a ser
criança, estudar ou algo assim.
- Que eu lembre não, mas ela vivia
falando que ler é um aprendizado, que todo livro nos trás conhecimento e que
ela costumava anotar tudo que achava significativo em cada livro.
- Hum... interessante isso, o senhor
acha que ela tinha uma agenda ou um diário que anotasse essas frases?
- Talvez tenha, quem sabe o senhor ache
algo em sua sala, está tudo no lugar nada foi tirado de lá.
Mase encontrou Margaret na entrada do
salão principal, ela reconheceu Eddie e foi em sua direção com um sorriso no
rosto, educada o cumprimentou com voz macia.
- Como vai Sr. Mase, acredito que o Senhor
está aqui por algum motivo e não tem a ver com livros.
- Na verdade sim minha querida, você
sabe por acaso se Charlote tinha algum tipo de diário ou um bloco de anotações?
- Não sei dizer ao certo, ela vivia
mergulhada em papéis e livros, mas acho que se tiver algo, o Senhor vai
encontrar na sua sala, ela passava a maior parte do dia trancada fazendo o
inventário da biblioteca, era muito rígida nesse sentido, sabia qual livro saiu
e quando deveria voltar.
- Entendo e sua colega saberia de algo?
- Acredito que não, ela tinha pouco
contato com Charlote, eu era o braço direito dela, ela sempre me chamava para
passar informações e eu passava para Alice, ela dizia que eu seria sua
substituta no futuro, pois eu lembrava muito ela quando nova, pobre mulher que
Deus a tenha.
- Muito bem, vou olhar o escritório e
se precisar de algo eu chamo você. Eddie abriu a porta, olhou em volta e se
virou para Peter dizendo:
- Peter meu amigo começo a acreditar
que esse assassino é um bom apreciador de livros, o que me ocorreu agora que
Margaret seria a sucessora de Charlote, o que faz dela uma suspeita, você não
acha Peter?
- Não senhor, na hora do crime ela
estava com Alice na cafeteria da esquina, as duas tomaram café e depois vieram
juntas para a biblioteca.
-
Como você sabe disso Peter?
- Perguntei no dia do crime e confirmei com as duas, e o álibi bate, pois falei
com elas em separado, tenho tudo anotado aqui Sr. Mase.
-
Peter meu amigo, cada vez mais você me surpreende, bom trabalho rapaz!
- Obrigado senhor, mas o que devo
procurar especificamente, uma agenda, um
bloco de notas?
- Qualquer coisa Peter, tudo que for
para anotações... e lembre-se olhe além do que seus olhos querem ver.
Eddie olhou em todas as gavetas e em
cima da mesa, mas não encontrou nada, Charlote tinha uma estante enorme em L
cheia de livros, e alguns quadros muito bonitos na parede, enfeites e flores
davam um charme ao local, uma mulher de bom gosto.
- Peter vamos dar uma olhada nos
livros, quem sabe tem algo por aqui.- Devo procurar por algum título específico
Sr. Mase?
- Hum!...Algo que fale em aprendizado,
liberdade e até sobre a infância, aquela frase está cheia de mistério, mas é
por esse caminho que devemos seguir, continue Peter sei que vamos achar algo.
Alguém bateu a porta, e ao girar a
maçaneta Eddie percebeu que era Margaret, ela pediu licença e foi entrando,
parecia querer dizer algo importante, pois estava séria e retraída.
- Me desculpe incomodar Sr. Mase, mas
lembrei de algo importante sobre Charlote.
- Sem problemas minha cara, o que tem
de tão importante assim para dizer?
- Eu lembrei que certa vez Charlote me
chamou em sua sala, ela estava bem chateada, pois tinha perdido um caderno de
anotações do tempo de escola, ela não lembrava onde havia colocado então pediu
para eu e Alice ajudá-la a procurar, mas nós não encontramos nada, ela ficou
bem triste e disse que aquele caderno significava muito para ela, pois tinha
anotações muito importantes, memórias que ela guardava com carinho dos tempos
de criança, e algumas coisas atuais, era como se fosse um diário.
- Obrigado Margaret, acho que temos
uma referência agora, um caderno de anotações, mas como é esse caderno e onde
ele pode estar agora?
Margaret estava quase na porta quando
Eddie a chamou de repente, ela se virou e ficou parada com a mão na maçaneta,
olhava para Eddie com um sorriso no rosto.
- Você sabe o endereço de Charlote?
- Sim eu sei, ela morava na Lonely
Street nº 35, ap. 5, fica perto da estátua do chafariz, aquela que tem uma
mulher com uma criança no colo.
- Eu sei onde é minha querida,
obrigado novamente.
- Disponha Sr. Mase, se precisar é só
me chamar.
- Peter acho que tem algo de errado
nessa menina, você viu como ela entrou aqui, sua aparência era de preocupação
como se escondesse algo, e em seguida sorriu como se nada tivesse acontecido.
- Eu não reparei nada de estranho Sr.
Mase, acho que ela estava com vergonha quando chegou, mas depois relaxou e até
sorriu.
- Pode ser Peter, mas não podemos
descartar nada e ninguém.
- Peter pegue aquela escada, vou dar
uma olhada em cima da estante, quem sabe tem algo perdido encontro algo.
A escada tinha rodas na base, Mase
podia se mover em toda a extensão da estante em L, começou pelo lado direito e
foi indo até chegar à outra extremidade, ao colocar a mão sentiu algo que
parecia um caderno, se inclinou um pouco para frente e conseguiu pegar o
objeto, era um caderno preto em espiral, o típico caderno de uma jovem com capa
dura e desenho de borboletas na capa.
- Borboletas Peter, típico de uma menina
sonhadora, borboletas significam esperança meu amigo, renovação, liberdade meu
amigo. Vamos ver se encontro algo significativo por aqui, anotações de sua
rotina, poemas e frases de amor para um tal de Victor, hum... o amor na
adolescência o que mais uma menina poderia querer.
- Alguma pista Sr. Mase?
- Por enquanto nada Peter, mas acho
que sei onde ele quer nos levar... veja essa última anotação Peter, ela diz que
queria votar no tempo e ser criança novamente, mas por que meu amigo, seria uma
crise de idade?
- Veja mais abaixo Sr. Mase, bem no
canto da folha ela riscou algo que havia escrito.
- É verdade Peter, me deixa tentar uma
coisa, Peter vire a lâmpada na direção da folha.
- Isso meu amigo, agora faz sentido.
aqui diz: se um dia eu voltar para a
minha velha escola terei que enterrar meu passado de vez, e corrigir os erros
que cometi quando criança, por que ela riscou a frase e por que isso tem a ver
com o assassino?
- Não faz sentido algum, talvez uma
visita a sua velha escola nos diga algo.
- Faz sentido Peter, o caderno de
anotações remete a infância, o aprendizado com os livros a biblioteca e onde
mais podemos ter aventuras senão em uma escola cheia de adolescentes em pleno
vapor hormonal? Devemos visitar a escola que Charlote estudou, mas qual o nome
dessa escola Peter?.
- Deve estar em algum lugar anotado,
olhe de novo Senhor.
- Já olhei Peter e não tem nada que mencione
o nome da escola, chame Margaret Peter.
Peter voltou com Margaret alguns
minutos depois, os dois entraram na sala rindo como se fossem velhos amigos,
Eddie ficou olhando meio sem graça, pois achou que os dois estavam flertando
sem se importar com sua presença.
- Vejo que vocês estão se entendendo
muito bem.
- Margaret estava me perguntando se eu
anotava o nome das garotas que conhecia na cena de crime, é claro que eu disse
não, apenas como testemunhas, é claro.
- Hum... entendo aonde você quer chegar
senhorita Margaret, Peter é um homem de boa aparência e muito educado, mas seu
foco é no trabalho e nada mais.
- Desculpe Sr. Mase foi só uma
brincadeira.
- Isso mesmo Sr, apenas uma
brincadeira, disse Peter meio sem graça.
- Preciso saber de você Margaret se
sabe o nome da escola que Charlote frequentou na sua infância.
- Não sei Sr. Mase, mas na gaveta do
meio o senhor vai encontrar o arquivo pessoal de cada funcionário que já
trabalhou aqui.
- Como não pensei nisso, mais uma vez
obrigado pela sua informação Margaret, quem sabe depois que tudo isso passar
Peter possa levar você para jantar, o que acha meu amigo?
- Seria um prazer é claro, se você aceitar,
disse Peter no momento que seu rosto ficou corado de vergonha.
- Vamos ver no futuro, quem sabe... disse
ela.
- Achei Peter, o arquivo pessoal de
Charlote, vejamos o que diz aqui sobre escolaridade, formada em Literatura pela
Universidade de Oxford, nossa meu amigo ele falava três idiomas, Alemão,
Francês e Inglês, hum... interessante Peter uma mulher muito inteligente, e
vejamos estudou no colégio St. Paul's School Brentford até os 18 anos, é isso
Peter já sabemos onde devemos ir, quem sabe nossa pista final está lá.
Capítulo
10 - A escola (Uma velha rival se apresenta)
Na manhã seguinte Eddie ligou para a
escola e agendou uma visita com a diretora Elisabeth Palmer, frequentou a
escola na mesma época que Charlote e hoje era uma das mulheres mais respeitadas
no meio escolar, conhecida por impor uma disciplina rígida e levar o nome St.
Paul's além de seus portões.
Já eram quase 2 horas da tarde quando
Eddie chegou à escola, a visita estava marcada para as 2h15 min, dessa vez
Eddie fez questão de ir direto ao ponto sem fazer rodeios, Peter estava com seu
bloco em mãos, um homem já de idade os conduziu até uma sala de espera e pediu
que os dois aguardassem até que fossem chamados por ele, na porta a sua frente estava
escrito em letras pretas o nome de Elisabeth Palmer, e em baixo dizia diretoria,
só entre se for convidado, Eddie achou aquilo um pouco arrogante e comentou com
Peter.
- Algumas pessoas tendem a se perder
com o sucesso, o poder às vezes corrói nossa mente meu caro e nos deixa cegos e
ambiciosos.
- O que o Senhor quer dizer com isso?
- Nada meu amigo, apenas uma observação.
Após meia hora de espera o homem
retornou e gentilmente conduziu Eddie e Peter até a sala da diretora, ao bater,
ouviu uma voz rouca e firme.
- Podem entrar cavalheiros.
- Com licença... Disse Eddie ao
abrir a porta
- Boa tarde senhora, sou Eddie Mase e
esse é Peter meu assistente, nos falamos por telefone essa manhã.
- Sim Sr. Mase, podem sentar e fiquem à
vontade, querem alguma coisa, um café ou um chá? Perguntou ela gentilmente.
- Não obrigado, estamos bem.
-Mas do que se trata sua visita afinal?
O senhor me explicou por telefone que tinha a ver com Charlote, nossa ex-aluna,
eu fiquei sabendo de sua morte e lamentei muito, nós tivemos uma história no
passado muito conturbada, de amigas a rivais infelizmente.
- Por que rivais? Se é que pode me
responder.
- Coisas de adolescentes, ela me
roubou um namorado e como eu era a garota mais popular da escola fiz de sua
passagem por aqui um inferno, claro que me arrependo de tudo, mas são águas
passadas.
- E você nunca mais viu Charlote
depois que ela saiu da escola?
- Não senhor, fazia anos que não a via
até saber de sua morte pelos jornais.
- E a Senhora nunca foi à biblioteca
onde ele trabalhava? Acredito que sua escola tenha feito algum tipo de excursão
até o local.
- Sim fizemos vários passeios à
biblioteca, mas eu nunca fui até lá, não posso me ausentar de meus afazeres
aqui. Tenho uma escola de muito prestígio para gerenciar, não posso me dar ao
luxo de sair no meio do dia, eu entro às 7 horas da manhã e só saio daqui ás 18
horas.
- Entendo Senhora, mas me diga, existe
algum tipo de livro com os dados dos alunos que passaram por aqui? Gostaria de
dar uma olhada.
- O que o Sr, procura exatamente?
-Estou atrás de pistas que me levem
até o assassino de Charlote, e a última me trouxe até aqui.
- Vou pedir a minha assistente que me
traga o livro de registros. Elisabeth fez uma ligação e em alguns minutos uma
jovem entrou na sala com um livro em capa preta que dizia, registro de alunos
de St. Paul's.
- Aqui esta Sr. Mase, fique à vontade
para olhar, vai encontrar a foto de Charlote e alguns dados pessoais, mas acho
que o que o senhor procura não deve estar ai.
- Por que a Senhora acha isso?
- Se é uma pista que o Senhor procura
é melhor procurar no lugar onde Charlote mais gostava de ir.
- E onde seria esse lugar?
- Nos fundos da escola existe um
jardim com bancos e muito verde, é quase um santuário e é lá que Charlote
costumava se encontrar com seu namorado, aquele que ela tirou de mim... quem
sabe as respostas que procura estejam lá.
- Eu sinto certa mágoa em suas
palavras quando menciona esse ocorrido.
- Águas passadas como eu já disse Sr.
Mase, e ela me fez um favor se é que me entende, hoje ele é um fracassado e alcoólatra.
- Posso ir até o jardim dar uma olhada?
E se me permite gostaria de ver a sala onde Charlote estudava.
- Claro que sim, vou pedir para Susan
levar vocês até lá.
Susan era uma moça atraente e bem
simpática, usava óculos e parecia não ter mais do que 25 anos, recebeu Eddie
com um sorriso de boas vindas ao entrar na sala.
- Susan, leve esse dois cavalheiros
até a sala 23, e depois mostre onde fica o jardim externo, por favor.
-Sim senhora, vamos cavalheiros.
- Sou Eddie e esse é Peter, prazer em
conhecê-la senhorita, somos da policia e estamos investigando um caso de
assassinato.
- Fico feliz em poder ajudar.
-Você trabalha aqui há muito tempo? Perguntou
Eddie.
- Faz uns três anos apenas...
- Então você conhece pouco a diretora
Elisabeth.
-Na verdade muito pouco, apenas faço o
meu trabalho e procuro não saber da vida particular de ninguém.
- Entendo, você é uma pessoa
reservada.
- Creio que sim, apenas fico no meu
canto e não me meto em problemas.
Susan parou em frente à sala 23 e
bateu na porta, uma senhora de cabelos grisalhos abriu a porta e com um sorriso
cumprimentou Susan, a sala estava cheia e todos os alunos olharam direto para
eles.
- A que devo a honra Susan, e quem são
esses cavalheiros?
- Olá Sra. Nancy, esse é Eddie e
Peter, eles são da polícia de Londres.
-Polícia... aconteceu algo na escola,
alguém morreu? Perguntou a senhora com espanto.
- Não é isso, eles precisam olhar o
local apenas, não sei os detalhes nem do que se trata Sra. Nancy, tem como eles
olharem a sala por uns minutos?
- Claro que sim, vou pedir aos alunos
que fiquem em silêncio.
Eddie entrou e como de costume se
apresentou a todos, agradeceu a Nancy pela gentileza e pediu aos alunos que
ficassem quietos enquanto analisava o interior da sala.
- Não vamos demorar pessoal, são
apenas alguns minutos.
Eddie e Peter vasculharam toda a sala,
mas não encontraram nada, sem pistas ou algo que os levassem a outro lugar, ele
agradeceu a Sra, Nancy e educadamente se retirou. Susan os conduziu até o final
do corredor onde havia uma enorme porta de ferro, estava trancada com corrente
e um cadeado, Mase perguntou o porquê de a porta estar trancada uma vez que o
jardim parecia ser um lugar muito bonito de se visitar.
- Ordens da direção, os alunos não
podem ter nenhum tipo de distração segundo a Sra. Elisabeth, apenas os
professores e o jardineiro tem acesso a esse lugar.
- Então se alguém resolvesse entrar
aqui teria que pedir permissão?
- Com certeza, mas ninguém de fora vem
a esse lugar.
- Hum... isso me leva a acreditar que
nosso amigo jogador pode ser membro dessa escola Peter.
- Pode ser que sim, Sr. Mase.
Ao abrir o portão os dois ficaram
encantados com o local.
- Sem palavras, disse Eddie para Peter.
Era um belo jardim rodeado de árvores
e flores de todos os tipos, estátuas muito bem distribuídas em perfeita
harmonia no local, e no fundo um pequeno lago com peixes de diversas cores e
tamanhos, e bem no meio uma estátua de um peixe com a boca aberta por onde saia
a água que abastecia o lago, alguns bancos em tom cinza e o teto com vidro que
podia ser recolhido ao girar uma manivela.
- Agora entendo porque o acesso aqui é
restrito, um lugar magnífico Susan.
- Com certeza é mesmo, temos que
agradecer a nossa diretora, pois esse projeto foi ideia dela.
- Vamos ao que interessa Peter, a tal
pista que vai nos levar ao próximo nível desse jogo. Susan esse pequeno lago
está aqui há muito tempo ou faz parte do projeto atual?
- Ele já existia, mas foi restaurado,
estava muito desgastado com o tempo e nada mais era do que cimento envolto em
musgos verdes e pegajosos.
- Estou tentando achar alguma conexão
desse lugar com a última pista que encontramos Peter, dois adolescentes em um
banco, um jardim como pano de fundo, promessas de amor eterno, mas o que tem de
especial nisso?
- Acho que tem algo a ver com a
infância da Senhora Charlote, o lugar, as memórias.
- Talvez você tenha razão Peter,
apenas memórias... mas onde vamos encontrar essa memórias de infância? Ela
dizia na frase riscada que teria que enterrar o passado e corrigir os erros
Peter.
- O erro que se refere talvez seja do
namorado que roubou da amiga, mas como enterraria o passado se voltasse à
escola, seria pedindo perdão para Elisabeth?-Perguntou Peter.
- Você está certo Peter, a resposta
está em Elisabeth meu amigo, lembra que ela disse que eram amigas e depois se
tornaram rivais, está claro a resposta Peter, e se Charlote esteve aqui e pediu
perdão a Elisabeth, e se ela não aceitou e acabou matando Charlote por
vingança.
- Seria muito obvio Sr. Mase, e por
que nos trazer aqui se ela é o assassina, seria como confessar um crime
premeditado.
- Por que ela gosta de jogar meu
amigo, ela quer ver nosso sofrimento e rir de nós pelas costas.
- Não concordo com o Senhor, acho que
tem alguma coisa nesse lugar que não notamos, algo que não está na frase, algo
sutil, mas revelador.
- Mas o que Peter? Não consigo
encontrar ligação alguma com o bilhete.
- Lembra-se da estátua do anjo?
-Sim eu lembro, o que tem ela?
- E se alguma dessas estátuas for uma
chave para outra coisa, e se ao mover algo, a pista vai se revelar, veja bem
Eddie temos um homem segurando um livro, uma menina com uma bolsa de escola,
logo ali temos um lobo e no outro lado o que parece ser uma mulher adulta com
uma varinha em suas mãos, que no caso lembra uma professora, correto?
- É verdade Peter, talvez tenha algo
oculto em uma dessas estátuas... algo que deixamos passar, o nos remete ao
passado de Charlote, a menina e a professora, correto? Peter veja se encontra
algo na menina, vou olhar a estátua da professora.
Peter olhou cada detalhe na estátua da
menina, mas não encontrou nada, mas Eddie ao mexer na suposta varinha que a
estátua de professora tinha em mãos a mesma recolheu seu braço, e em seguida um
barulho de engrenagens pode ser ouvido, a água que saia da boca do peixe parou
de jorrar, então algo surgiu de sua boca, parecia um tubo pequeno envolto em
plástico e dentro um papel enrolado de cor branca, Mase colocou a mão na boca
do peixe e retirou o pequeno tubo, ao abrir retirou o papel e nele dizia:
“O que está no passado fica no
passado...L,S,35/5”
Eddie olhou para Peter e disse:
- Lonely Street, nº 35/Ap. 5, é o endereço
de Charlote Peter, é lá que vai estar a resposta que tanto procuramos, estamos
perto de vencer esse jogo meu amigo, estamos perto de sair das sombras.
- Mas por que ir até a casa de Charlote
Eddie, o que poderia ter lá que seja relevante?
- Talvez um livro ou mais uma pista,
quem sabe a razão de tudo isso não esteja no apartamento de Charlote, lembra-se
da frase que dizia enterrar o passado, voltar à juventude... tudo isso já foi
revelado quando voltamos a escola, mas agora não se trata mais do que aconteceu
aqui e sim do que o futuro pode nos revelar, é isso que ele quer. Ele nos fez
dar voltas e revisitar o passado de Charlote e quem sabe entender o porquê de
tudo isso, mas a resposta final está naquele apartamento.
- Se ele quer nos levar até a luz que
seja através das sombras meu amigo... disse Eddie em tom de entusiasmo.
Capítulo 11 - A revelação de todo o mistério (Uma luz nas sombras)
Eddie Mase chegou ao endereço indicado
na última mensagem e ficou surpreso ao saber que naquele lugar morava a senhora
Charlote Johnson, não sabia se estava certo quando decifrou as letras e números,
mas agora tinha certeza, o endereço era de Charlote Johnson, olhou para Peter e
coçou a cabeça, e com um sorriso torto disse:
- Não é estranho Peter nossa última
pista nos levar ao local que residia a nossa vítima? É pouco provável que o
assassino tenha estado aqui, a não ser que ele conhecia Charlote.
- Sim senhor, concordo, ele pode ser um velho conhecido da Senhora
Charlote.
- Bom Peter vamos falar com o zelador,
precisamos entrar no apartamento.
- Bom dia senhor, sou Eddie Mase
detetive da Scotland Yard, e esse é Peter meu assistente, estou investigando o
assassinato da Senhora Charlote Johnson. Temos uma pista que leva a seu
apartamento, se o senhor não se importar precisamos entrar e verificar o local.
- Claro senhor Mase, eu o reconheci
logo que chegou ao local, o senhor é muito famoso e era muito estimado
pela pobre senhora Charlote, ela sempre falava bem do senhor, vivia lendo as
matérias que saíam sobre seus casos, que Deus a tenha.
Ao entrar Eddie foi direto procurar a
última pista mencionada no bilhete, além do endereço tinha uma frase que dizia:
"Às
vezes a verdade está diante de nossos olhos, mas só vemos aquilo que nos
interessa... a maior riqueza de um homem é sua honra, não se iluda com o brilho
de uma joia, pois ela não é nada se a pessoa não tem um bom coração...".
- Peter estou perdido com essa frase,
o que tem a ver joia com honra, o que ele quer dizer com isso?
- Não sei senhor, mas pode ser uma
caixa, ou algo que lembre uma figura humana, um quadro ou até uma porta retratos.
- Claro Peter um porta joias, pense
bem, se você olhar apenas a beleza das
joias não vai perceber o que realmente seus olhos querem ver, você daria um bom
detetive Peter e acho que já disse isso a você.
- Sim o senhor já me disse, fico feliz
em ouvir.
- Peter procure por uma caixa ou algo
que possa guardar joias, qualquer coisa desse tipo.
- Aqui Peter achei algo, não, é apenas
uma caixa que guarda documentos.
- Senhor Mase não seria melhor
procurar no quarto, pois acho que se é algo pessoal deve estar em um lugar mais
íntimo, em uma gaveta ou cabeceira.
- Sim claro, continue procurando aqui,
vou até o quarto da Senhora Charlote.
Ao entra no quarto Eddie viu uma um
porta-retratos em um bidê ao lado da cama, era um homem com roupas de militar
com varias medalhas e embaixo dizia a seguinte frase:
"Homenagem
a um grande homem, que serviu com honra seu país, com um coração puro feito um
diamante não lapidado.”
Mase se lembrou da frase e percebeu
que estava próximo da última pista que resolveria o caso. Abriu a gaveta, mas
não encontrou nada, então lembrou que a frase dizia algo sobre ver somente
aquilo que seus olhos querem ver, estava óbvio demais, foi quando percebeu que
o espelho na parede tinha formato de coração. Chegou perto e examinou o objeto,
até que percebeu que o mesmo não tinha a parte de trás, era apenas vidro fixado
na parede.
Mas como pode ser possível, a foto do
homem com honra, o espelho em formato de coração, faltava algo mais que ele não
percebeu. Voltou a olhar o porta retratos e teve uma ideia brilhante, colocou a
foto de frente para o espelho e percebeu a silhueta de algo atrás da foto que
não podia ser visto a olho nu, com o reflexo do espelho a pista foi revelada.
Ele então tirou a foto e lá estava ela, a última pista em formato de carta. Ao
abrir Mase sorriu e começou a ler o que seria o fechamento de um crime
arquitetado por uma mente brilhante.
O
bilhete revelador
Caro senhor Mase, se o senhor está
lendo esse bilhete é porque desvendou todo mistério, e por isso devo admitir
que o senhor é mais inteligente do que eu pensei, a essa altura dos fatos já
devo estar morta. É estranho estar lendo algo de uma pessoa que não está mais
aqui, fico imaginando a sua reação ao ler, quero que saiba que sempre o admirei
e acompanhei todos os seus casos, aos quais o senhor desvendou com maestria.
Sempre tive vontade de fazer parte de
algo assim, por isso fiz todo esse jogo com o senhor, uma espécie de jogo das
sombras onde nada é o que parece e tudo fica obscuro a cada movimento. Além de
querer testar suas habilidades eu tive um motivo maior para fazer isso, sou uma
doente terminal, tenho câncer e os médicos me deram apenas um mês de vida. Mas
por que deixar a doença me consumir se posso ir embora enquanto ainda tenho
minha sanidade, além do mais queria me despedir em alto estilo, ser lembrada
como a mulher que jogou com o famoso Eddie Mase e quase o venceu, acredito que
seria possível se o senhor não fosse tão brilhante em suas ações.
O senhor deve estar curioso com o fato
de eu ser uma idosa, mas os anos de experiência e muitos livros sobre crimes e
assassinatos me abriram a mente, eu descobri como montar uma cena de crime,
qual remédio usar em caso de envenenamento, a propósito eu usei uma cápsula de
cianureto ingerida na manhã quando cheguei em minha mesa na biblioteca,
preparei tudo antes de ingerir, o bilhete a posição do corpo e em como o senhor
iria analisar a cena do crime.
Devido a efeito devastador que o
veneno iria causar eu tomei antes alguns comprimidos para dormir, então não se
preocupe quando o cianureto fez efeito eu já estava bem sedada e não senti
nada. E você deve estar pensando em como deixei as pistas, como tive acesso a
todos esse lugares, foi fácil já que os frequentava há muito tempo, ser uma
pessoa querida entre todos faz com que a gente tenha alguns privilégios, acho
que fiz bem o meu papel, foi um jogo interessante de se jogar. Gostei muito de
conhecer o senhor na festa de lançamento do livro de Thomas Hard, por
sinal era uma das pistas que deixei no belo livro "Entre o céu e o inferno", posso dizer que foi uma noite
adorável e o senhor é uma boa companhia, não sei como não se casou ainda, pois
é um bom partido, palavras de uma velha moribunda, mas que o tem como muito
carinho em seu coração. Espero que o senhor sempre se lembre de mim, não como
uma criminosa e sim como uma adversária a altura de todo o seu talento.
Vou sentir falta de meus livros e de
toda a atmosfera daquele lugar, que considero como minha segunda casa e onde
fui feliz por muitos anos de minha vida. Diga a Alfred o porteiro que vou
sentir sua falta, e pra ele não ficar triste, pois vou tê-lo sempre em meu
coração e diga que ele foi um grande amigo, e quem sabe um dia a gente se
encontre e coloque a conversa em dia. Bem senhor Mase vou me despedindo, foi um
prazer enorme jogar como o senhor mesmo que a distância, espero que o senhor
continue a brilhar em tudo o que faz, continue a ser esse homem exemplar e se
case com uma bela mulher, o senhor merece alguém especial em sua vida, afinal
nem só de crimes vive um homem. Tenha uma boa vida Sr. Mase é o que desejo de
coração.
PS: Para uma velha até que me sai bem
o senhor não acha? ...com amor Charlote Johnson.
Eddie sorriu ao ler a última frase e
disse:
- Com certeza senhora Charlote, você
foi brilhante como ninguém, e vai ter sempre a minha admiração.
Na manhã seguinte Eddie estava na sala
do Comissário quando Peter bateu a porta, estava nervoso e muito bem arrumado
como se fosse a uma festa de gala, Eddie sorriu ao ver seu amigo.
- Entre Peter, disse o comissário.
- Pode se sentar e fique à vontade,
está muito elegante hoje.
- Obrigado senhor.
-Eu chamei você aqui hoje, porque
Eddie falou muito bem do seu desempenho nesse último caso, em como você agiu
como um verdadeiro detetive, mostrou que é inteligente e muito observador por isso
quero te dar os parabéns, e dizer que a partir de hoje você foi promovido a
detetive assistente, você vai trabalhar com Eddie em mais um caso e depois vai
ser efetivado como detetive classe 1, sendo assim terá seus próprios casos para
resolver, seja bem-vindo à família. Peter sorria como uma criança, agradeceu ao
Comissário e também a Eddie seu fiel amigo e tutor, ao sair da sala Eddie olhou
para o Comissário e disse:
- Com certeza esse garoto vai nos dar
muito orgulho no futuro.
- Concordo com você meu amigo, e que
venham novos casos.
Fim
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