Um estranho
chegou à cidade no meio de uma tarde de inverno, o frio consumia até com os ossos.
Entrou no único
bar que ali existia, todos os olhares foram em sua direção. Poucos aventureiros
passavam por ali e aquele era bem peculiar, vestia chapéu e capa preta com
botas de couro, com pequenas pontas em metal. Foi direto ao balcão e pediu um uísque
puro.
- De onde você é senhor? Perguntou o
barman.
-Venho de muito longe... na verdade sou
de todos os lugares.
- Mas especificamente de que cidade?
- As cidades de onde venho não tem nome
apenas histórias.
- Tudo bem, aproveite seu uísque, mas
não se espante com os curiosos por aqui o pessoal não está acostumado a
estranhos.
- Não tem problema onde passo é sempre
assim e sei como lidar com isso, não se preocupe.
Ficou de olho em
dois homens que conversavam no balcão à sua direita e percebeu que um deles
reclamava do lugar e do seu trabalho, mantendo um desejo oculto de ir embora e
mudar de vida.
Quando um deles
se retirou, resolveu se aproximar do homem insatisfeito com a vida.
- Boa noite senhor, não pude evitar
ouvir sua conversa com o seu amigo e gostaria de ajudá-lo.
- E quem é você? Por acaso, notei que é um
forasteiro e não gostamos de estranhos em nossa cidade.
- Desculpe-me senhor, estou de passagem
não vou ficar em sua bela cidade, me chamo Jack The Hat, o homem dos desejos.
- Que tipo de nome é esse e quem disse
que pode me ajudar?
- Na verdade eu posso e vou, mas exige
um preço e certo sacrifício de sua parte.
- Preço? Eu não tenho dinheiro e não vou
sacrificar nada para você.
- Calma é coisa simples, você sabe que
tudo que vai volta e nada é de graça, posso garantir a você uma passagem no
trem que sai da cidade às 11horas com destino a metrópole mais próxima e você
só tem que fazer uma pequena coisa para mim.
- Nesse trem sentado na poltrona 23
estará um homem que me deve muito e ele carrega uma mala com ele, com muito
dinheiro, você pode ficar com a mala e o dinheiro só preciso que você faça
amizade com ele e de um gole dessa garrafa para ele beber.
- Só isso e mais nada?
- Sim apenas isso e está feito o nosso
trato.
Apertaram as
mãos e selaram o trato ali mesmo.
O estranho foi
embora e não foi mais visto.
Às onze horas em
ponto o homem embarcou no trem e foi direto para sua poltrona onde encontrou a
pessoa mencionada.
- Boa noite senhor, sou Edgar e estou
indo para a cidade grande e você?
- Vou mais além do que isso na verdade, não
tenho destino, vou aonde minha vontade desejar.
- Que bom um aventureiro! O que acha de
comemorarmos nossa viagem e espantar um pouco o frio com um licor de verdade?
- Claro, seria ótimo!
- Primeiro os convidados, à vontade
senhor.
- Nossa isso é muito bom, é feito em
casa ou você comprou?
- Um amigo me presenteou com um favor
que fiz a ele.
-Isso que é amigo, posso tomar mais?
- Claro à vontade, na verdade estou meio
enjoado vou ao banheiro.
- Sem problemas estarei aqui na volta.
- Voltou depois de quinze minutos e
notou que o homem estava dormindo e com a mala embaixo do braço, como se fosse
fugir.
- Passou meia hora e nada do homem acordar,
então resolveu cutucar seu braço, mas nada, sacudiu mais uma vez e ele
continuava dormindo.
Resolveu tirar
um cochilo também, já que estava perto do túnel, que se estende por muitos
quilômetros e é quando o trem fica todo escuro.
Após um longo e
escuro percurso despertou, já com as luzes da cidade à vista.
Resolveu ver se
o homem tinha acordado, mas quando olhou para ele quase teve um ataque do coração,
o homem não estava mais ali e sim o forasteiro a quem tinha feito um acordo.
- Meu Deus como você veio parar aqui?
Você estava no trem?
- Na verdade não, mas após você dar a
bebida para seu amigo eu pude vir.
- Como assim pode vir e onde está ele?
- Ele não esta mais aqui, ele me devia
um favor e não cumpriu, então, eu busquei sua alma em troca.
- Alma, você está bêbado ou é louco?
- Lembra quando me apresentei para você
no bar? Eu disse que era conhecido como o homem dos desejos, concedo o que as
pessoas querem em troca de um favor, e nada vem de graça certo? Mas esse homem
achou que iria me enganar e ninguém me engana porque sei de tudo e no momento
que você aperta minha mão seu destino está ligado a mim até que você cumpra o
trato.
- Então quer dizer que você vai me
matar?
- Mas quem é você realmente?
- Você não vai querer saber e muito
menos ver minha verdadeira face certo?
- Gostaria de saber a verdade?
O trem naquele
momento passou em outro túnel e apenas uma luz entrava na cabine, um pequeno
feixe vinha da lua cheia que lá fora brilhava e foi nesse momento que o
estranho se revelou ao homem.
A criatura tinha
um rosto comprido, cabelos pretos e nos olhos duas pintas pretas de total escuridão,
sorrindo com dentes pontiagudos e sujos e apontava para o pobre homem que ali
estava imóvel e sem voz, as suas unhas eram pretas e no momento que apontava
disse com voz cortante e rouca.
- Olhe para fora e você verá a lua cheia
que hoje brilha como dia.
O homem consegue
olha quando o trem já saia do túnel e pode ver a claridade lá fora, mas ao se
virar para o estranho ele não estava mais lá, petrificado de pavor e chorando
como criança, ficou o resto da viagem em total terror, não sabia se tinha
sonhado ou se aquilo tinha acontecido de verdade.
Então resolveu
abrir a mala e nela tinha o dinheiro que o estranho havia falado, sorriu quase
sem querer e olhou para os lados com desconfiança enquanto abraçava o precioso
presente dado pelo estranho, sua vida iria mudar cm certeza e em uma coisa o
estranho tinha razão, quando se faz um trato, cumpra ele até o final, senão as
consequências podem ser mortais.
Fim.
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