O estranho, conto de suspense de Marcelo Gomes

 

                                                   Vampiro Toreador Google

Um estranho chegou à cidade no meio de uma tarde de inverno, o frio consumia até com os ossos.

Entrou no único bar que ali existia, todos os olhares foram em sua direção. Poucos aventureiros passavam por ali e aquele era bem peculiar, vestia chapéu e capa preta com botas de couro, com pequenas pontas em metal. Foi direto ao balcão e pediu um uísque puro.

- De onde você é senhor? Perguntou o barman.

-Venho de muito longe... na verdade sou de todos os lugares.

- Mas especificamente de que cidade?

- As cidades de onde venho não tem nome apenas histórias.

- Tudo bem, aproveite seu uísque, mas não se espante com os curiosos por aqui o pessoal não está acostumado a estranhos.

- Não tem problema onde passo é sempre assim e sei como lidar com isso, não se preocupe.

Ficou de olho em dois homens que conversavam no balcão à sua direita e percebeu que um deles reclamava do lugar e do seu trabalho, mantendo um desejo oculto de ir embora e mudar de vida.

Quando um deles se retirou, resolveu se aproximar do homem insatisfeito com a vida.

- Boa noite senhor, não pude evitar ouvir sua conversa com o seu amigo e gostaria de ajudá-lo.

- E quem é você? Por acaso, notei que é um forasteiro e não gostamos de estranhos em nossa cidade.

- Desculpe-me senhor, estou de passagem não vou ficar em sua bela cidade, me chamo Jack The Hat, o homem dos desejos.

- Que tipo de nome é esse e quem disse que pode me ajudar?

- Na verdade eu posso e vou, mas exige um preço e certo sacrifício de sua parte.

- Preço? Eu não tenho dinheiro e não vou sacrificar nada para você.

- Calma é coisa simples, você sabe que tudo que vai volta e nada é de graça, posso garantir a você uma passagem no trem que sai da cidade às 11horas com destino a metrópole mais próxima e você só tem que fazer uma pequena coisa para mim.

- Nesse trem sentado na poltrona 23 estará um homem que me deve muito e ele carrega uma mala com ele, com muito dinheiro, você pode ficar com a mala e o dinheiro só preciso que você faça amizade com ele e de um gole dessa garrafa para ele beber.

- Só isso e mais nada?

- Sim apenas isso e está feito o nosso trato.

Apertaram as mãos e selaram o trato ali mesmo.

O estranho foi embora e não foi mais visto.

Às onze horas em ponto o homem embarcou no trem e foi direto para sua poltrona onde encontrou a pessoa mencionada.

- Boa noite senhor, sou Edgar e estou indo para a cidade grande e você?

- Vou mais além do que isso na verdade, não tenho destino, vou aonde minha vontade desejar.

- Que bom um aventureiro! O que acha de comemorarmos nossa viagem e espantar um pouco o frio com um licor de verdade?

- Claro, seria ótimo!

- Primeiro os convidados, à vontade senhor.

- Nossa isso é muito bom, é feito em casa ou você comprou?

- Um amigo me presenteou com um favor que fiz a ele.

-Isso que é amigo, posso tomar mais?

- Claro à vontade, na verdade estou meio enjoado vou ao banheiro.

- Sem problemas estarei aqui na volta.

- Voltou depois de quinze minutos e notou que o homem estava dormindo e com a mala embaixo do braço, como se fosse fugir.

- Passou meia hora e nada do homem acordar, então resolveu cutucar seu braço, mas nada, sacudiu mais uma vez e ele continuava dormindo.

Resolveu tirar um cochilo também, já que estava perto do túnel, que se estende por muitos quilômetros e é quando o trem fica todo escuro.

Após um longo e escuro percurso despertou, já com as luzes da cidade à vista.

Resolveu ver se o homem tinha acordado, mas quando olhou para ele quase teve um ataque do coração, o homem não estava mais ali e sim o forasteiro a quem tinha feito um acordo.

- Meu Deus como você veio parar aqui? Você estava no trem?

- Na verdade não, mas após você dar a bebida para seu amigo eu pude vir.

- Como assim pode vir e onde está ele?

- Ele não esta mais aqui, ele me devia um favor e não cumpriu, então, eu busquei sua alma em troca.

- Alma, você está bêbado ou é louco?

- Lembra quando me apresentei para você no bar? Eu disse que era conhecido como o homem dos desejos, concedo o que as pessoas querem em troca de um favor, e nada vem de graça certo? Mas esse homem achou que iria me enganar e ninguém me engana porque sei de tudo e no momento que você aperta minha mão seu destino está ligado a mim até que você cumpra o trato.

- Então quer dizer que você vai me matar?

- Mas quem é você realmente?

- Você não vai querer saber e muito menos ver minha verdadeira face certo?

- Gostaria de saber a verdade?

O trem naquele momento passou em outro túnel e apenas uma luz entrava na cabine, um pequeno feixe vinha da lua cheia que lá fora brilhava e foi nesse momento que o estranho se revelou ao homem.

A criatura tinha um rosto comprido, cabelos pretos e nos olhos duas pintas pretas de total escuridão, sorrindo com dentes pontiagudos e sujos e apontava para o pobre homem que ali estava imóvel e sem voz, as suas unhas eram pretas e no momento que apontava disse com voz cortante e rouca.

- Olhe para fora e você verá a lua cheia que hoje brilha como dia.

O homem consegue olha quando o trem já saia do túnel e pode ver a claridade lá fora, mas ao se virar para o estranho ele não estava mais lá, petrificado de pavor e chorando como criança, ficou o resto da viagem em total terror, não sabia se tinha sonhado ou se aquilo tinha acontecido de verdade.

Então resolveu abrir a mala e nela tinha o dinheiro que o estranho havia falado, sorriu quase sem querer e olhou para os lados com desconfiança enquanto abraçava o precioso presente dado pelo estranho, sua vida iria mudar cm certeza e em uma coisa o estranho tinha razão, quando se faz um trato, cumpra ele até o final, senão as consequências podem ser mortais.

 Fim.




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