Mergulhada em uma escuridão sara desperta no meio da noite, não sabia se era sonho ou pesadelo então esfregou os olhos e beliscou o braço a fim de saber se estava realmente acordada, para sua surpresa estava bem acordada e lúcida.
- Que lugar é esse? Como vim parar aqui? Pensou...
Estava no chão frio de um cemitério rodeada de
túmulos, sentia dores no corpo e principalmente no pescoço, olhou em direção a
uma luz que vinha de um canto escuro de um mausoléu e avistou a figura de um homem
em pé fumando e olhando para ela, parecia vestir terno e usava um chapéu como
nos filmes de gângsteres.
Sara, então, resolveu acenar tentando chamar atenção
do homem, já que sua voz estava falha.
O homem lentamente foi em sua direção.
- Boa noite moça, você esta com algum problema... perdida?
- Não sei senhor eu acordei nesse lugar sem saber
como cheguei. - Não lembra onde estava horas antes?
- Sim, recordo que fui a um bar após o trabalho e
tomei alguns drinks.
- Nada de estranho ou incomum neste lugar que tenha
chamado sua atenção?
- Sim, tinha
um homem no canto do bar que ficou me encarando a noite toda. Estou com uma dor
no pescoço e uma leve dor na cabeça, mas deve ser dos drinks que tomei.
- Acho que essa dor no pescoço e a tontura pode ser
algo mais, certeza que não se lembra de nada?
- O que o senhor esta insinuando?
- Veja bem, algumas horas atrás encontrei outra
jovem na mesma situação que você, mas o problema dela já foi resolvido.
- O que isso tem a ver comigo?
- Bom, existe certos tipos de pessoas ou almas que
tendem a fazer o mal e você foi vitima desse mal.
Sara sorriu achando que o homem estava brincando com
ela.
- Não é brincadeira minha jovem, essa dor que você
esta no pescoço é consequência de um estrangulamento, você foi vítima do homem
que te observava no bar, ele drogou você e a levou para um beco onde a matou e
estuprou... de fato você está morta e perdida nesse lugar...na verdade sua alma
foi atraída por minha presença até aqui.
- Não pode ser estou viva eu sinto tudo, isso é uma
pegadinha senhor?
- Não jovem e você tem duas opções, vir comigo e
fazer a passagem para outro lado ou ficar aqui perdida com os outros, desculpa
eu não me apresentei sou o coletor de almas, mas me chamam de o
"guia".
- Se você não acredita dê uma olhada a sua direita
em meio aos túmulos.
Sara olhou para a estranha criatura que espreitava
em um canto escuro, o vulto em preto e com olhos brilhantes olhava fixamente
para ela, Sara foi tomada de medo e pavor quase entrando em choque.
- O que é aquela coisa?
- É esse tipo de alma que você vai encontrar por
aqui se não vier comigo, são seres que resistem em evoluir e cada vez mais
ficam atormentados e este é apenas uma amostra do que existe por aqui e tem
piores que ele.
- Vamos Sara o tempo está passando se decida.
- Como sabe meu nome?
- Eu sei o nome de todos, sou o coletor e esse é meu
trabalho.
- Está bem, eu vou com você, o que tenho a perder, estou
morta mesmo.
O homem sorriu e tragou seu charuto estendendo a mão
para Sara.
Em um breve momento de silêncio Sara começou a ouvir
passos vindos de várias direções, a criatura não estava mais no mesmo lugar e
sim a poucos passos dela, um corpo disforme se arrastava em sua direção, Sara
se abraçou ao homem e pediu que fossem embora, sem demonstrar nenhum medo ele
sorriu, e caminhou com ela em direção à escuridão, sumindo em seguida, ficando
apenas a fumaça de seu charuto no ar. O silêncio do cemitério foi tomado por
passos e gemidos de dor que vinham de todas as partes, almas perdidas em meio
ao caos e regidas pela criatura que ali governava.
Fim
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