O Coletor de Almas, conto de suspense de Marcelo Gomes

 

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Mergulhada em uma escuridão sara desperta no meio da noite, não sabia se era sonho ou pesadelo então esfregou os olhos e beliscou o braço a fim de saber se estava realmente acordada, para sua surpresa estava bem acordada e lúcida.

- Que lugar é esse? Como vim parar aqui? Pensou...

Estava no chão frio de um cemitério rodeada de túmulos, sentia dores no corpo e principalmente no pescoço, olhou em direção a uma luz que vinha de um canto escuro de um mausoléu e avistou a figura de um homem em pé fumando e olhando para ela, parecia vestir terno e usava um chapéu como nos filmes de gângsteres.

Sara, então, resolveu acenar tentando chamar atenção do homem, já que sua voz estava falha.

O homem lentamente foi em sua direção.

- Boa noite moça, você esta com algum problema... perdida?

- Não sei senhor eu acordei nesse lugar sem saber como cheguei. - Não lembra onde estava horas antes?

- Sim, recordo que fui a um bar após o trabalho e tomei alguns drinks.

- Nada de estranho ou incomum neste lugar que tenha chamado sua atenção?

 - Sim, tinha um homem no canto do bar que ficou me encarando a noite toda. Estou com uma dor no pescoço e uma leve dor na cabeça, mas deve ser dos drinks que tomei.

- Acho que essa dor no pescoço e a tontura pode ser algo mais, certeza que não se lembra de nada?

- O que o senhor esta insinuando?

- Veja bem, algumas horas atrás encontrei outra jovem na mesma situação que você, mas o problema dela já foi resolvido.

- O que isso tem a ver comigo?

- Bom, existe certos tipos de pessoas ou almas que tendem a fazer o mal e você foi vitima desse mal.

Sara sorriu achando que o homem estava brincando com ela.

- Não é brincadeira minha jovem, essa dor que você esta no pescoço é consequência de um estrangulamento, você foi vítima do homem que te observava no bar, ele drogou você e a levou para um beco onde a matou e estuprou... de fato você está morta e perdida nesse lugar...na verdade sua alma foi atraída por minha presença até aqui.

- Não pode ser estou viva eu sinto tudo, isso é uma pegadinha senhor?

- Não jovem e você tem duas opções, vir comigo e fazer a passagem para outro lado ou ficar aqui perdida com os outros, desculpa eu não me apresentei sou o coletor de almas, mas me chamam de o "guia".

- Se você não acredita dê uma olhada a sua direita em meio aos túmulos.

Sara olhou para a estranha criatura que espreitava em um canto escuro, o vulto em preto e com olhos brilhantes olhava fixamente para ela, Sara foi tomada de medo e pavor quase entrando em choque.

- O que é aquela coisa?

- É esse tipo de alma que você vai encontrar por aqui se não vier comigo, são seres que resistem em evoluir e cada vez mais ficam atormentados e este é apenas uma amostra do que existe por aqui e tem piores que ele.

- Vamos Sara o tempo está passando se decida.

- Como sabe meu nome?

- Eu sei o nome de todos, sou o coletor e esse é meu trabalho.

- Está bem, eu vou com você, o que tenho a perder, estou morta mesmo.

O homem sorriu e tragou seu charuto estendendo a mão para Sara.

Em um breve momento de silêncio Sara começou a ouvir passos vindos de várias direções, a criatura não estava mais no mesmo lugar e sim a poucos passos dela, um corpo disforme se arrastava em sua direção, Sara se abraçou ao homem e pediu que fossem embora, sem demonstrar nenhum medo ele sorriu, e caminhou com ela em direção à escuridão, sumindo em seguida, ficando apenas a fumaça de seu charuto no ar. O silêncio do cemitério foi tomado por passos e gemidos de dor que vinham de todas as partes, almas perdidas em meio ao caos e regidas pela criatura que ali governava.

 

Fim

 

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