Era inverno e a neve caía levemente na cidade. Chegava
ao aeroporto New Town City, em sua Mercedes de luxo, o magnata de imóveis
Richard Crane, um sujeito arrogante e de poucas palavras, sua vida girava em
torno de dinheiro e festas, regadas a muito champanhe com prostitutas caras.
Em seguida que o carro encostava, já começa a xingar
seu motorista:
-
Vamos seu inútil, se for para esperar por você vou pegar o voo só no natal, pegue
minhas malas estou com pressa!
-
Sim senhor Crane, disse o pobre homem.
Um mendigo que ali passava pediu um trocado por estar
com fome e a resposta foi bem rústica:
-
Vá trabalhar seu vagabundo! Acha que dinheiro dá em árvore? Não vou alimentar
seu vício, sei que é para drogas.
-
Se meu motorista quiser pode te dar algo, pois de mim não receberá nada e saia
do caminho, senão chamo a segurança.
O homem ficou olhando com lágrimas nos olhos e
continuou seu caminho.
Chegando ao balcão de embarque começou a reclamar mais
ainda.
-
James deixe as malas e vá embora, antes que eu leve uma multa e vou descontar
do seu salário.
-
Sim senhor, estou indo.
-
E não esqueça, me pegue aqui na segunda, às nove horas e nem um minuto a mais...
-
Se a reunião não demorar e der tudo certo, talvez volte antes, mas eu aviso se
acontecer, fique com o celular ligado sempre...
-
E se esse negócio fechar, talvez eu te dê um bônus, claro, nada caro, já que
você não tem bom gosto mesmo, agora vá... Já!
Na fila começou a implicar com a atendente.
-
Mocinha pode ir um pouco mais rápido com o atendimento, senão perco o voo e
você vai ser culpada por isso. E vai pagar minha passagem, deixa de ser tonta!
Que tipo de gente empregam aqui, bando de palermas!
-
Desculpa senhor, mas tenho que verificar todos os dados antes de liberar para o
embarque e, por sinal, todos aqui são competentes.
Ou o senhor acha que caímos aqui de paraquedas?
-
Você sabe com quem está falando menina? Baixe seu tom ou vou chamar o gerente
-
Garota abusada.
Depois de muita reclamação foi liberado para a sala de
embarque.
-
Chamando voo 352 destino Londres, portão 6, podem se dirigir ao embarque por
gentileza.
-
Finalmente, já estava pensando de ir nadando até LA.
-
Bom dia senhor, pode se dirigir à classe executiva, por favor.
-
Eu sei meu lugar, não precisa me dizer, conheço o caminho.
-
Claro senhor, boa viagem!
-
Que seja, da próxima vez alugo um jatinho e vou ser mais bem atendido.
Chegando ao local notou que uma senhora estava em sua
poltrona, quase teve um surto. Pobre senhora!
-
A senhora é cega por acaso? Está sentada na minha poltrona, eu paguei por ela, então
pode ir saindo.
-
Nossa que rude da sua parte! Eu sou uma idosa tenha respeito!
-
O que está acontecendo? Perguntou a comissária.
-
Nada que você possa fazer, eu mesmo já resolvi.
-
Esse senhor foi muito rude comigo, mas agora está tudo bem. Você pode me trazer
um travesseiro por gentileza?
-
Com certeza, eu já volto.
A porta se fecha e o piloto anuncia o começo do voo.
-
Por favor, senhoras e senhores, coloquem o cinto e desliguem os celulares e uma
boa viagem. Mas o senhor Crane começou a mexer em seu Notebook, neste mesmo
instante, a comissária pediu para ele desligar, até a decolagem.
-
Tenho que mandar um e-mail muito importante agora.
-O
senhor tem que esperar a decolagem, aí então pode usar à vontade.
-
Por isso não vou mais voar com essa companhia e vou fazer uma reclamação por
escrito, quando chegar a Londres.
Nos próximos minutos tudo ocorreu com tranquilidade, até
o senhor Crane pedir um copo de whisky.
-
Menina me traga um whisky, do melhor que você tiver,
-
Só um minuto senhor.
Quando voltava com whisky em sua mão, escorregou por
causa de uma turbulência, derrubando um pouco em cima do Sr. Crane, que foi à
loucura.
-
Meu Deus sua incompetente! Olha o que fez me traga um pano e outro whisky agora!
-
Desculpa senhor foi uma turbulência, não tive culpa.
-
Não me interessa, quando pousarmos você vai ser demitida.
Sentindo muita vergonha e com medo pediu que outra
colega atendesse o Sr. Crane.
-
Sua toalha senhor e seu whisky.
-
Onde está aquela incompetente que derramou em mim um precioso wisky?
-
Ela foi chamada pelo piloto senhor, eu vou lhe atender a partir de agora.
-
Espero que você seja mais competente que ela.
-
Sim senhor vou ser, mais alguma coisa?
-
Sim, desapareça da minha frente, se precisar toco o sino... riu, com muito
deboche.
As próximas horas foram de muita turbulência, o piloto
comunicou que o avião passaria por uma pequena tempestade e que todos
colocassem o cinto, mas seria algo rápido e passageiro.
O senhor Crane começou a esbravejar e xingar as
comissárias a todo momento.
-
Que droga de companhia aérea é essa que nem podem prever uma tempestade? Menina
me traga uns comprimidos para dormir, antes que eu coloque meu whisky para
fora, pode trazer o que tiver aí, eu aguento.
-
Está aqui senhor, mas não seria uma boa ideia ingerir com álcool.
-
Quem é você para me dizer o que posso fazer ou não? Cuide de sua vida e faça
seu trabalho sem questionar, só o que faltava agora.
-
Desculpa senhor só quero ajudar.
-
Você pode me ajudar sim, sumindo da minha frente e me deixando dormir.
-
Sim senhor como quiser.
Pegou no sono logo em seguida, para alívio da
tripulação. Os comissários conversavam baixinho para o passageiro indesejado
não acordar e não criar mais confusão.
-
Graças a Deus esse homem dormiu, minha nossa que sujeito insuportável e
arrogante!
-
Você sabe quem ele é Jeniffer?
-
Não, quem é?
-
Ele é o senhor Crane, o magnata dos imóveis de Nova York, o próprio diabo em
pessoa, mais arrogante impossível... espero que durma e não acorde.
-
Meu deus Natalie não é para tanto...
Jeniffer não conseguiu completar a frase porque o
avião começou a balançar demais e caiu numa enorme turbulência, todos começaram
a gritar.
O piloto avisou que era apenas mais uma turbulência e
que iria passar.
Jeniffer
começou a rezar e lembrou-se do seu gato, que estava sozinho em casa, aos
cuidados da vizinha.
-
Será que vou ver meu gatinho de novo? Será que ele está bem?
-
Deixe de ser boba Jeniffer, pensar em gato em uma hora dessas.
-
Se eu morrer quero ter certeza de que ele vai ficar bem.
-Não
seja boba não vamos morrer...
Foram as últimas palavras de Natalie... o avião
começou a despencar e girar sem controle....as luzes piscavam enquanto as
pessoas eram jogadas como se fossem bonecos...
Gritos e sons de desespero foi o que se ouvia. Algumas
horas depois tudo se acalmou.
O
senhor Crane, após despertar, teve uma surpresa, estava em sua poltrona, mas
totalmente sozinho no avião.
Olhou pela janela e percebeu que o avião estava parado
na pista, mas não havia ninguém por perto. Então resolveu se levantar e fazer
uma busca pela aeronave a fim de encontrar respostas.
-
Olá tem alguém a bordo? Vocês me esqueceram aqui? Que palhaçada é essa?
-
Vou processar vocês e sua companhia amadora.
Nem o piloto e seu copiloto estavam mais ali, então
resolveu sair já que a porta estava aberta, notou que estava em um lugar
diferente e não parecia Londres, apesar do céu cinzento e de uma chuva fininha
que caía...
Avistou o terminal do aeroporto, mas ninguém parecia
estar nele. (parecia estar vazio)
-
Que droga de lugar é este? Como vim parar aqui?
Tentou
o celular, mas estava sem sinal...
Gritou alto, mas ninguém respondeu.
Então, resolveu entrar na área principal do suposto
aeroporto, que também estava vazia.
-Olá
tem alguém ai?
-
Que tipo de pegadinha é essa? Preciso falar com o gerente agora, seu bando de incompetentes!
Vou comprar esse lugar e demitir todo vocês!
Um
homem de aparência bem velha e doentia apareceu do nada no balcão de
informações.
-
Como posso ajudá-lo senhor?
-
Que palhaçada é essa que está acontecendo aqui? Esse lugar não é Londres e onde
está todo mundo?
-
Pois bem senhor, essa é uma filial de Londres, por assim dizer...
-
Filial? Que porcaria é essa? Não existe filial de Londres, chame o Gerente
agora!
-
Não temos gerente senhor, eu sou o responsável pelo local e o senhor está um
pouco atrasado para o check in.
-
O que, cheque in? Poupe-me seu idiota... Acordei no avião sozinho e aqueles
bando de incompetentes não foram capaz de me chamar e você acha que estou
atrasado?
Tenho uma reunião de negócios e devo estar atrasado
mesmo, agora me chame um taxi ou vou ter que ir andando?
-
Aqui não existe táxi senhor e quando falei atrasado foi para a despedida e
embarque para seu destino.
-
Que destino? Meu destino é Londres seu idiota!
-
Olhe a sua volta senhor...
Quando se virou viu que todos os passageiros e
tripulantes do avião estavam ali, observando-o com atenção.
-
De onde vocês saíram? Isso é um programa de TV? Se for, vou processar.
-
Não senhor, me deixe explicar melhor, quando pegou no sono no avião, aconteceu
uma forte turbulência por causa de uma tempestade, fazendo com que o avião
perdesse o controle e caísse no mar... Você não chegou a Londres, todos
morreram na queda, inclusive o senhor.
-
Mentira! Eu estou vivo e falando com você e eles estão aqui! Olha, a menina que
me serviu a bordo, por sinal, muito mal, ela está com o uniforme e viva, a
senhora que roubou meu assento, está ali também... então não me venha com essa
de estar morto, por favor conte essa
para outro.
-
Tem duas pessoas que querem lhe dizer algo, antes de ir.
-
Quem e o que pode ser dito que eu não saiba?
-
Eu quero falar algo... são tipos de pessoas como você que fazem do mundo um
lugar ruim de se viver, sua arrogância vai além do aceitável e espero que você
pague por isso. (quem?)
-
Hum, grande coisa, todos pagamos por algo uma hora ou outra, eu pago, tenho
muito dinheiro.
-
Seu dinheiro não vale nada aqui, mas você vai pagar de outra forma, isso eu
sei.
A senhora também se pronunciou no momento certo:
-
Eu passei minha vida toda lidando com pessoas como o senhor, fui juíza de
muitos casos e atacada por muitas vezes em um tribunal, mandei muitos para a
cadeia e eles mereciam e até para morte e que Deus os tenha, mas seu julgamento
já está feito e o veredito é culpado.
Todos começaram a se retirar indo em direção ao
terminal, sem falar nada, apenas deram as costas ao homem que ali se
encontrava.
-
Aonde eles irão agora e por que não vou junto?
-
Eles seguem o caminho da luz e você o das trevas... Sua punição será viver este
momento por toda eternidade, você vai cair levantar e cair de novo, vai ser
julgado e condenado sempre, vai viver entre aqueles que não merecem a luz.
-
Não, eu não posso fica aqui, não é justo, sou um homem bom, eu lhe dou muito
dinheiro me tire daqui, por favor!
-
Agora o lobo está na pele do cordeiro, doce ironia! Já disse que seu dinheiro
não vale nada aqui, você paga com a alma e a sua já é minha, seu veredito é
culpado eternamente!
Começou a rir demoniacamente e mostrou sua verdadeira
face do mal.
Pobre senhor Crane, de magnata, a escravo da escuridão!
Um silêncio, seguido
de gritos de agonia saíam da boca de Crane, enquanto era marcado a ferro quente,
com a palavra “Culpado”.
- Fim -
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