Conto de suspense de Marcelo Gomes - "Diário de bordo do navio Starfly"

 

Sesshomaru


Saímos do Egito no dia 12 de maio com destino a Nova York, com uma tripulação de 150 homens.

Tudo ocorria bem até pegarmos uma tempestade no mar Negro, as ondas pareciam maiores do que o normal e o vento cortava o ar. Os homens estavam agitados e com medo, procurei meu primeiro imediato, mas não o encontrei, ninguém mais o viu e talvez ele estivesse no porão ajudando com a água que não parava de subir por causa das ondas enormes.

Notei que um dos homens estava parado perto da proa olhando fixamente para o horizonte, mesmo com o navio quase virando e as ondas batendo com força ele não se movia, resolvi me aproximar e com dificuldade consegui chegar até ele, perguntei se ele estava bem e ele se virou assustado.

- Como você pode ficar ai parado com o navio quase afundando você está maluco?

Ele disse ter visto algo ou alguém espreitando no escuro. Eu disse que ninguém mais embarcou no navio, além da tripulação atual. Mas ele insistiu que tinha visto algo, mandei ele se mexer e ajudar os outros antes que fosse tarde demais.

Nas próximas horas mais homens sumiam sem explicação, como estava tudo caótico e a tempestade não passava comecei a achar que alguns teriam caído ao mar.

Encontrei rastros de sangue em frente ao compartimento de carga, mas não dei importância por achar que alguém podia ter se machucado em algo. Mas quando o chefe de máquinas me procurou dizendo que seu auxiliar estava morto comecei a me preocupar, fui verificar se era verdade e encontrei o pobre homem totalmente mutilado, imediatamente pedi um alerta aos homens:

- Acho que temos um assassino a bordo, todos em alerta!

Tudo estava saindo do controle à medida que o tempo passava.

Quando a tempestade acalmou resolvi reunir os homens para uma conversa bem séria. E fizemos uma contagem, mas dos 150 homens só restavam 20 incluindo eu.

Ninguém sabia o que estava acontecendo e nem quem estava fazendo aquilo.

Lembrei-me do auxiliar de máquina assassinado e do meu assistente que diz ter visto algo mais cedo, mas ele também sumiu e sendo assim não podia ter seu depoimento.

Pedi que os homens ficassem alerta e usassem armas para sua proteção.

Fui descansar um pouco em minha cabine por volta das 3h da madrugada, pois a noite tinha sido cansativa e com muitos problemas. Não consegui dormir muito por causa do mar agitado e os barulhos que vinham de cima eram muito altos.

Por volta das 4 horas acordei e notei certo silêncio e resolvi subir ao convés. Para minha surpresa todos tinham sumido e o barco estava um caos, procurei por alguma pista em todo o navio e nada encontrei, a tempestade ainda estava presente, só um pouco mais fraca.

Foi quando um forte relâmpago me fez ver o que realmente tinha feito tudo aquilo e matado os homens, era algo terrível de se ver, uma criatura com pele branca e olhos vermelhos e parecia ter escamas pelo corpo todo, ela me observava agarrada a um dos mastros, não tive tempo de pegar minha arma nem de correr, ela pulou no chão e com um golpe me jogou em cima dos tonéis de óleo, fiquei inconsciente por alguns segundos, mas juntei forças para levantar, ele continuava de pé me encarando e fazendo um som estridente.

Como essa coisa veio para aqui? Pensei, será que veio com a tempestade, minhas chances de sair dali com vida eram mínimas. Então resolvi sacrificar tudo para não deixar aquela criatura chegar à civilização, tinha parado de fumar, mas ainda tinha uma caixa de fósforos no meu bolso, então peguei uma tocha e acendi, comecei a enfrentar a criatura que demonstrou medo do fogo. A cada avanço meu ela recuava mais.

Pensei, mas como vou queimar esse maldito se não consigo chegar perto? Olhei para os tonéis de óleo e tive uma idéia, vou queimar esse maldito junto com o navio.

Aproveitei a distância e joguei um barril no chão que começou a escorrer o óleo em direção à criatura. Gritei para ele com toda minha força:

- Não vou sair daqui com vida e nem você maldito, joguei a tocha no óleo que queimou imediatamente até à criatura que começou a se debater e gritar com raiva.

Eu só tinha uma chance, então pulei no mar antes que o navio explodisse em mil pedaços, e logo ele explodiu e junto à criatura demoníaca, fiquei olhando ele queimar por horas até afundar totalmente.

Fiquei vagando por dias em cima de um pedaço de madeira do navio com fome e muita sede, me conformei;

- Acho que não vou aguentar mais uma noite. Essas são minhas últimas palavras, estou muito fraco não vou aguentar mais, sou o Capitão Jones do navio Starfly rumo à Nova York... o que me conforta é que dei fim à criatura, quem achar esse diário passe adiante porque pode existir mais deles e que deu nos ajude!

 

- Fim -


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