Egito, o ano era 1945. Uma expedição parte em busca da tumba do faraó Ramsés, liderada pelo arqueólogo Dr. Thomas Jones, professor e colecionador de artefatos, admirador e pesquisador da história egípcia.
Ao longo dos anos,
uma de suas maiores descobertas, e até hoje, é um mistério, encontrou uma mão
mumificada perto do deserto do Cairo, em total estado de conservação e o mais
curioso é que, em um dos dedos, há um anel em formato de escaravelho, que parece
ter sido esculpido pelos deuses do Egito, tamanha beleza, é um tesouro muito
apreciado pelo doutor e guardado a sete chaves, em seu museu particular.
Também faz parte
da expedição, a especialista em história antiga e melhor amiga de Thomas, a
doutora Rebeca Simons. Uma mulher detalhista e muito inteligente, mas que sempre
tem certo receio em profanar velhas tumbas e incomodar os mortos, mas nunca
recusou um convite de seu amigo e, apesar do receio, adora realizar uma boa
aventura.
A parte de
segurança e organização da equipe é comandada pelo ex-fuzileiro Edgar Crown, o
“homem sem medo”, como é conhecido, participou de várias guerras e foi
segurança
particular do presidente do Egito, anos
atrás, hoje faz parte de uma organização que presta serviços particulares, sendo
um dos homens de confiança do doutor Thomas.
- Rebeca me empreste o mapa, quero ver
se falta muito para chegar ao local.
- Está aqui doutor, mas pelos meus
cálculos ainda temos uma hora de viagem, se o tempo ajudar, parece que vem uma
tempestade.
- A tempestade não me assusta e sim o
que pode ter nela.
- O que poderia ter em uma tempestade, além
de areia, já que estamos no deserto?
- Você sendo supersticiosa, deveria
saber que estamos no Egito minha cara e aqui tudo pode acontecer, sabe-se lá
que mistérios nos aguardam na chegada. Eu nunca fui neste local e não sei se a
região é inóspita e que perigos se encontram lá.
- Concordo com o senhor, mas os perigos
são de natureza animal e de temperatura, nada, além disso, tirando o fato de
que podemos encontrar uma tumba e isso sim, me deixa desconfortável.
- Não se preocupe, temos proteção do
nosso amigo e ex-militar Edgar, que segundo falam é um homem sem medo... não é
capitão?
- O medo faz parte da vida doutor, sem
ele não somos homens, aquele que nega a verdade dos fatos não pode seguir em
frente, eu não temo o desconhecido e sim o próprio homem, e claro, certos
animais perigosos, que temos por aqui, mais o fato do Egito ser bem traiçoeiro,
em termos de clima. Perdi muitos homens neste deserto.
- Concordo com você, mas não totalmente,
deves sim, temer o desconhecido.
- Vou contar uma pequena história para
vocês.
- Quando fiz minha primeira expedição,
há uns vinte anos atrás no Nepal, encontrei algo
muito estranho naquela montanha. O frio
e o cansaço mataram metade da minha equipe naquele ano, mas o que mais me
assombrou foi ter encontrado uma caverna no meio da montanha e nela havia
muitos ossos humanos e de animais. Parecia não ser habitada há muito tempo e
depois de explorar o local encontrei algo assustador.
- O que era doutor?
- Um esqueleto com dois crânios, parecia
humano, mas a formação dos dentes era diferente, pareciam presas de um tubarão,
eram pontiagudos e se alinhavam de forma diferente além do formato da cabeça ser
mais pontiaguda.
- E onde está esse esqueleto agora
doutor?
- Infelizmente uma avalanche soterrou a
caverna e fez com que tudo se perdesse, voltei lá anos depois, mas não
encontrei o local.
- Que pena doutor, seria uma grande
descoberta!
- Sim seria, por isso capitão não
subestime o desconhecido, apenas o respeite.
- Vou lembrar-me disso doutor. Respondeu
ele.
Um dos carros
parou bruscamente e fez contato pelo rádio.
- Temos um problema à frente doutor.
- O que é rapaz?
- Existe uma ponte de madeira à frente e
parece ser bem velha, acho que não vai aguentar o peso dos carros e do
equipamento.
- Que ponte? No mapa não existe nenhuma
ponte, espere estou indo até aí.
O doutor estava
no terceiro carro e era o bem mais equipado.
- Meu Deus, isso não era para estar aqui!
De onde surgiu essa vala no meio do nada? Parece não ter fim e não tem como dar
a volta, temos que continuar a pé, não vai aguentar mesmo todo esse peso.
- Mas doutor estamos a uma hora do local,
a pé vamos chegar à noite e podemos nos perder pelo caminho.
- Não tem problema acampamos a noite e
seguimos no dia seguinte.
-Vamos pessoal, peguem todo equipamento
teremos que seguir a pé!
- Eu não disse rapaz, esteja preparado
para o desconhecido, acredita agora?
- Tudo tem uma explicação doutor e vamos
achar uma.
A ponte era
feita de madeira e pendurada por cordas, parecia estar ali há muitos anos, algumas
partes não tinham mais madeira, teriam que ter muito cuidado, pois a queda era
bem alta e fatal.
Edgar foi o
primeiro a passar sem muita dificuldade.
- Podem vir está bem firme, só cuidem
onde pisam.
O doutor foi o
próximo a atravessar com um pouco de dificuldade, mais pela sua idade avançada
e os danos no corpo deixado pelos anos de aventuras.
Aos poucos todos
foram passando sem problemas, mas quando chegou a vez de Rebeca algo inusitado aconteceu,
umas das cordas se soltou fazendo com que ela se desequilibrasse, ficando agarrada
a uma das madeira velhas da ponte, gritou por ajuda, pois não iria aguentar por
muito tempo.
- Aguente Rebeca já estou indo, vou
amarrar uma corda na minha cintura e jogar para você aguente mais um pouco.
- Doutor segure minhas pernas, vou me
curvar e jogar a corda.
Debruçou-se na
beirada e jogou a corda em direção a Rebeca que agarrou com toda a força que
tinha.
- Segure firme Rebeca, vou começar a
puxar você.
- Rápido, não vou aguentar muito tempo.
Começou a puxar
rapidamente até chegar perto o suficiente de agarrá-la.
- Rebeca pegue minha mão.
Com um impulso
puxou ela para cima em segurança.
- Graças a Deus, achei que iria morrer.
- Você está bem, não se machucou?
-Não, estou bem, apenas minhas mãos
estão um pouco doídas devido a força.
- Graças a Deus Rebeca, achei que iria
perder minha melhor assistente.
- Sou a única doutor, não tem outra, você
não iria ficar sem a melhor e sim sem nenhuma, mas estou bem, obrigado.
- Vamos em frente pessoal, caminhamos
por uns vinte minutos, depois montamos acampamento perto daquelas pedras à
frente, vai escurecer em alguns minutos e não vamos querer andar por este
deserto à noite.
- Mande montar as tendas em círculo, assim
ficamos protegidos e em volta do fogo.
O doutor Thomas
chamou Rebeca até sua tenda para uma conversa em particular.
- Entre quero conversar com você, sobre
o que aconteceu hoje, sei que foi uma experiência terrível, mas como você se
sente agora?
- Estou bem, já passou o susto e não tem
o que temer doutor, tudo vai ficar bem.
- Que bom ouvir isso de você, queria te
perguntar algo a respeito do local da escavação. Você acha que teremos problema
com os homens? Alguns são supersticiosos e talvez tenham medo de entrar no
local, claro, se acharmos a entrada.
- Eu acho que não, por que temos o Edgar
e ele comanda muito bem esses homens e os conhece bem.
- Tudo bem então! Tenha uma boa noite e descanse,
amanhã saímos cedo.
- Boa noite doutor, nos vemos pela
manhã.
Rebeca foi
direto para sua tenda, mas não conseguiu dormir, muito devido ao ocorrido mais
cedo, estava preocupada com as próximas horas e o que estava por vir.
O acampamento
foi surpreendido no meio da noite por uma forte tempestade de areia, as tendas
pareciam querer voar e não se via nada. O equipamento estava bem preso ao chão
com cordas, mas mesmo assim os homens foram verificar. A tempestade durou uns
15 minutos, mas foi suficiente para deixar todos em alerta.
- Doutor é melhor juntarmos tudo e
seguir viagem, antes que venha outra tempestade e a gente perca o equipamento, não
sei se vai aguentar outra rajada de vento e areia.
- Está bem, juntem tudo e vamos em
frente, daqui a pouco vai amanhecer mesmo.
A equipe do
capitão Edgar era formada por sete homens, cinco escavadores e dois seguranças
de Campo, mas ele notou que estava faltando alguém.
- Alguém viu o James? Não consigo
localizar ele. Ninguém sabia do paradeiro do homem, nem onde procurar, já que
estavam em um lugar aberto.
- Olhe capitão, estou vendo algo ali
adiante.
- Onde? Não vejo nada.
- Parece um pedaço de cano na areia a
uns dez metros. Edgar saiu correndo em direção ao objeto e começou a escavar a
areia, quando encontrou o corpo de James.
- É o James, está morto, acho que um dos
canos da tenda se soltou e atingiu ele em cheio, pobre homem!
- Isso não é bom sinal, disse o doutor.
- Foi um acidente doutor, não tem a ver
com nenhum tipo de maldição, não quero assustar meus homens, o que faremos com
ele?
- Vamos ter que deixá-lo, marque o local,
na volta o levamos para que a família lhe dê um funeral decente.
- Está bem doutor, homens marquem o
local, não queremos perder o caminho de vista.
No decorrer do
caminho já era possível avistar as estátuas e o monumento que se agigantava à
frente.
- Olhe Rebeca, conseguimos. Veja as duas
estátuas conforme mostrava o mapa.
- É lindo doutor, um verdadeiro
monumento da civilização antiga.
- Edgar, peça aos seus homens que
marquem um perímetro seguro em volta do local.
- Certo doutor!
- Homens marquem um perímetro em volta
das estátuas, vamos montar acampamento.
- Doutor, a entrada principal está
lacrada, a areia está bloqueando a entrada, como vamos entrar?
- Deve ter outra entrada, esses locais
foram projetados com várias saídas e algumas podem ser
secretas, temos algum tipo de carga explosiva
com seu pessoal?
- Sim temos um pouco de C4, mas é
perigoso pode danificar a estrutura do local e ocorrer algum tipo de desmoronamento,
ainda mais se alguém estiver lá dentro.
- Temos que arriscar, não tem outra
maneira.
- Procure um local que cause poucos
danos e que montem as cargas para um pequeno impacto.
- Certo doutor vou providenciar, mas é
sua responsabilidade se der errado.
- Não se preocupe, vai dar tudo certo, não
vim até aqui para desistir.
- Encontramos um local na parede sul que
parece ser ideal, já está um pouco danificado, sendo assim posso usar uma carga
menor, sem muitos danos.
- Todo mundo se afaste uns vinte metros
e se abaixem. Agora homens, podem detonar.
A explosão criou
uma nuvem de fumaça e areia junto com pedaços de pedras que voaram em todas direções.
Um dos homens foi atingido na cabeça caindo inconsciente. Edgar correu em sua
direção, mas já era tarde, mais um estava morto.
- Que droga, eu mandei se afastar! O que
ele fazia perto da explosão?
- Foi um acidente, não é sua culpa.
- Maldito lugar, é o segundo homem que
perco em 24 horas!
- Calma Edgar, vamos ter mais cautela, a
partir de agora, não queremos mais mortes, reúna os homens, vamos entrar, mas
deixe dois de guarda aqui fora.
- Você dois cubram o corpo e fiquem de
guarda aqui fora, qualquer problema me avise no rádio, os outros peguem o
equipamento e venham comigo.
- Doutor Thomas vá à frente, já que é o
mais experiente, eu sigo atrás e Rebeca, fique perto de mim.
- Não preciso de babá, já sou bem
grandinha.
- Você quem sabe, só não esqueça quem te
salvou na ponte horas atrás.
- Ah, meu herói, quase me esqueci deste
feito, quando voltar, vou mandar fazer uma placa com seu nome.
- Estou vendo que seu sarcasmo continua
intacto, mesmo neste lugar infernal.
- É sempre bom mantermos a sanidade, mesmo
em ocasiões como essa.
- Malditos mosquitos! Não param de me
picar e que lugar estreito!
- Doutor, tudo bem ai na frente?
- Sim me sigam, estou quase no saguão
principal.
Chegando ao
interior, depois de um caminho escuro e estreito todos ficaram boquiabertos com
tamanha beleza do lugar, apesar das figuras mórbidas esculpidas na parede e
estátuas assustadoras.
- Olhe Rebeca, essas estátuas estão
colocadas em frente a essa entrada, como se fossem dois guardiões e estes
desenhos na parede são diferentes e a escrita eu nunca vi.
- Doutor acho que essa não é a cripta de
Ramsés e sim, um local de sacrifício e talvez os guardiões estejam aqui para
manter algo ou alguém, que não deve ser solto.
- É verdade Rebeca, você está certa, não
é a cripta de Ramsés e sim algo mais sinistro, mas o mapa dizia ser aqui.
- Onde o senhor encontrou este mapa?
- Achei junto ao túmulo de Imotép, há
alguns anos atrás.
- Bom ele foi enterrado junto a ele, por
alguma razão você não acha?
- Pode ser, mas agora que estamos aqui
temos que explorar o local.
- Doutor tem duas alavancas nas estátuas,
devem abrir a porta.
- Certo, peça a dois homens que girem ao
mesmo tempo as duas, quando eu disser.
- Quando disser vocês girem até o final.
- Esperem, o que é aquele sinal acima da
porta? Parece ser escrito em língua egípcia, diferente do resto do local, me
deixa ver diz aqui:
“Aqueles que se atreverem a despertar o mal,
terão uma morte lenta e dolorosa nessa vida
“e ficarão presos pela eternidade em sofrimento.”
- Nossa, isso é muito revelador!
- Quer dizer que o que está ai dentro
deve permanecer onde está, disse Rebeca.
- Isso é só uma frase para assustar saqueadores,
não se preocupe, já vi isso em outros templos.
- Doutor, acho melhor deixar como está e
irmos embora, não tenho bom pressentimento. Disse o capitão.
- Não vim até aqui para nada e além do
mais, dois homens morreram e Rebeca quase se foi, vamos em frente homens, no
três você baixam a alavanca. Agora!
Um barulho forte
foi ouvido vindo da porta, que começou abrir lentamente, os dois homens ainda
de pé sob as estátuas, olhavam distraídos, quando uma das lâminas da mão de um
guardião desceu acertando em cheio a cabeça de um deles, enquanto o outro
saltou para o chão desesperado.
Tentaram correr,
mas a passagem se fechou antes de eles chegarem.
- E agora doutor estamos presos aqui
dentro?
- Calma, vamos entrar na cripta deve
haver uma passagem, como disse antes, estes lugares tem passagens secretas e
vamos achá-las.
Descendo as
escadas chegaram a outro salão rodeado de tochas que se acenderam
automaticamente, muitas estátuas cercavam o local e no meio havia um sarcófago
preto e lacrado
com correntes de aço.
- Meu Deus deve ser ele, o deus da destruição,
agora me lembro de uma história que meu pai contou quando era criança, um
guardião do faraó, que se apaixonou pela princesa e foi descoberto pelo próprio
faraó e condenado à morte, mas ele antes de ser preso jogou uma maldição na
família, que todos os filhos do rei nasceriam mortos e pragas destruiriam, quase
todo seu reino. É ele meu Deus, isso é a descoberta do século.
- Rebeca me passe meu diário, preciso
anotar isso.
- Sim doutor, mas não é melhor procurar
uma saída primeiro, caso aconteça algo.
- Claro que sim!
- Edgar, procure uma saída com seus
homens, por favor.
- Homens? Só me restou dois aqui dentro
e dois lá fora, não quero arriscar a vida de mais ninguém.
- Mas sendo assim vamos ficar presos
aqui e eu e Rebeca precisamos anotar tudo e procurar uma forma de abrir o
sarcófago.
- Você esta louco! Não leu o que dizia
na entrada e ainda quer soltar essa coisa?
- Não vou libertar, apenas coletar
provas e fazer anotações, além do mais teria que saber as palavras certas do
ritual para libertá-lo e não sei, fique tranquilo.
- Certo, mas não faça nada estúpido, vamos
homens se separem e encontrem algo para sairmos daqui.
-Olhe Rebeca, tem uma entrada no meio, talvez
uma chave abra as correntes. Mas onde pode estar?
-Talvez em outro túmulo longe daqui como
o mapa.
-Ou está aqui em algum lugar.
-Achei algo senhor, parece uma entrada, mas
tem um buraco no meio parece ser um tipo de mecanismo de abertura, vou tentar
abrir.
- Não faça isso, gritou Edgar.
Mas já era tarde,
enfiou a mão que automaticamente foi presa por algo de dentro, tentou se soltar,
mas nada podia fazer.
Edgar tentava
puxar o homem e também não conseguiu, enquanto isso o professor
observava de longe com preocupação.
- Minha mão está sendo esmagada, me
ajude gritava ele.
Edgar então fez
força e conseguiu puxar o pobre homem, mas sua mão não estava mais ali, em
choque e sangrando muito, o homem desmaia.
- Doutor, preciso de ajuda.
- Rebeca, faça um torniquete no braço
dele rápido, está perdendo muito sangue.
- Acho que não vai conseguir, não temos
como tratá-lo aqui, ele precisa de um médico, não achamos a saída ainda, sinto
muito.
- Inferno de lugar, eu não vou morrer
aqui! Gritou Edgar.
- E se existir uma passagem embaixo da
cripta onde está o sarcófago? Você disse que esse lugar tem passagens secretas
não é doutor?
- Sim Rebeca, bem colocado, pode ser que
sim, mas para isso teremos que abrir as correntes e não temos a chave.
- Eu ainda tenho C4 na mochila, pode ser
que resolva, mas o local pode vir abaixo.
- É nossa única chance ou morremos aqui,
de um jeito ou de outro morreremos aqui.
-Doutor e Rebeca se protejam nas
estátuas.
- Você vem comigo!
Colocou o C4 e contou
até dez.
O barulho foi
ensurdecedor e fez algumas pedras caírem, quase vindo tudo abaixo.
- Olhe Rebeca, as correntes se soltaram.
-Vamos me ajudem aqui, vamos abrir todos
juntos. Força!
- Vejam é ele, o deus do caos, eu sabia.
A múmia estava envolta em um pano preto com a sua boca exposta e lábios
costurados. Seus olhos foram arrancados e seu corpo era esguio e muito magro, nas
mãos segurava um amuleto preto com um símbolo, que mais parecia o de um olho, com
um X no meio.
- Eles tiraram seus olhos para não ver e
costuraram sua boca, para não conjurar nenhum feitiço e o amuleto é pra não
enxergar o caminho de volta no pós vida, ele devia ser muito mau, para tanta
proteção.
-Vamos Edgar, precisamos removê-lo, deve
haver algo embaixo, mas não toquem no amuleto.
- Nada e agora?
- Espere, nós removemos a tampa e
movemos o corpo, mas não todo o caixão, vamos empurrar todos para o mesmo lado
com força... agora!
- Então uma passagem foi revelada abaixo
da cripta, parecia uma escadaria que dava em um túnel.
- Vamos peguem as lanternas, você vai à
frente, disse Edgar ao único dos guardas, que ali se encontrava.
- Cuidado e não toquem em nada, está
muito escuro e escorregadio.
Rebeca sentiu
algo tocar seu cabelo e começou a gritar e se debater.
- Tem alguma coisa aqui, tocou meu
cabelo, o cheiro é ruim e saiu voando.
Uma nuvem negra
começou a vir em sua direção e se mexia rápido demais.
- O que é aquilo? Não é fumaça, está se
movendo rápido demais, todos para o chão agora!
Milhares de
morcegos começaram a passar sobre eles, o barulho era ensurdecedor e o cheiro
era de morte. Após alguns minutos sumiram.
- Meu Deus, de onde eles vieram? Deve
ter uma saída mais a frente.
Chegaram a um
local aberto com formato oval. mais parecia uma câmara secreta de sacrifícios, pois
no centro tinha um altar com velas e manchas que pareciam sangue há muito
derramado.
- Veja doutor era aqui que faziam os
sacrifícios, imagine quantas almas aqui foram embora.
- Rebeca veja os escritos, são os mesmos
de lá de cima, a língua nunca dita e nunca escrita senão aqui, é uma descoberta
impressionante.
- Vamos doutor, temos que achar a saída,
não podemos perder tempo, não sabemos o que pode ter mais aqui embaixo.
- Vá Edgar, eu preciso anotar isso. Rebeca
você trouxe sua máquina?
- Sim doutor, vou tirar fotos.
- Tire de tudo, não perca nada.
O doutor estava
tão eufórico que não pensava mais em nada, nem nos perigos que ali podiam
existir.
-Tem uma luz vinda de cima Edgar, vou
tentar subir.
Ao tentar
escalar tocou em um mecanismo escondido na parede e lanças saíram da parede
atravessando seu corpo, foi empalado vivo bloqueando o caminho para cima.
Um forte barulho
foi ouvido na sala e a parede se rompeu, a sala foi invadida por muita água, que
jorrava de todos os cantos.
- Rápido vamos voltar ao salão principal,
disse Edgar.
Todos correram
em direção ao túnel de acesso que começava a inundar rapidamente.
- Depressa doutor, me ajude a empurrar o
sarcófago, vamos fechar a entrada.
Finalmente conseguiram
fazer que a água não entrasse, exaustos e sem saber para onde ir.
- Pensei que iria morrer, disse Rebeca.
- Todos pensamos Rebeca, você consegui
tirar as fotos?
- Sim senhor, consegui.
- Não acredito que o senhor está
preocupado com isso agora doutor.
- Isso aqui são provas muito importantes
a serem reveladas, vou ser o primeiro a achar esse lugar, imagina a
repercussão.
- Vai ser o primeiro se conseguirmos
sair daqui com vida, esqueceu que a única saída está debaixo d’água?
- Tente o radio e quem sabe um dos
homens atenda e tenha mais C4.
- Câmbio, Edgar chamando alguém.
- Sem resposta ou temos interferência ou
eles foram embora, ou estão mortos, porque tudo aqui morre.
- Quem sabe em alguma dessas estátuas
tenha uma alavanca ou algo que abra a porta?
Começaram a
procurar sem êxito, até que Rebeca encontrou algo.
- Veja professor aqui tem uma parte
solta que parece algo a ser encaixado, talvez na porta em que o pobre homem
perdeu sua mão.
- Vamos tentar, tire daí e Edgar tente
encaixar na outra porta.
- Passe para mim Rebeca.
Colocou o objeto
na abertura da porta e começou um ruído de engrenagens como
se algo se movesse dentro dela. A porta
começou a abrir e revelou outro caminho mas eram escadas, que levavam para
outro nível na parte superior.
- Depressa vamos antes que algo mais
aconteça.
Subindo as
escadas chegaram a outra câmara mortuária, mas essa não tinha sarcófagos e
todos os corpos estavam deitados em mesas de pedra e cobertos com um lençol
branco.
- Esses devem ser os corpos dos trabalhadores
que morreram aqui ou dos guardiões, veja tem uma abertura logo acima, pegue a
corda Edgar e tente laçar aquele pilar logo acima.
Edgar conseguiu
na terceira tentativa alcançar o pilar.
- Vou primeiro, se for seguro eu aviso, escalou
a parede até chegar à abertura.
- Estou vendo o deserto doutor e não é
muito alto podemos descer pela corda.
- Vá Rebeca, depois eu vou em seguida.
- Tem certeza?
- Sim pode ir, não se preocupe.
Rebeca escalou
com dificuldade, mas alcançou Edgar.
- Venha doutor.
- Onde ele está? Doutor? Chamou e nada.
O professor
Thomas resolveu voltar ao salão para pegar o amuleto, que tanto gostou, mesmo
sabendo da sua importância de estar ali, mas não queria sair com as mãos
abanando, queria sua relíquia. Quando arrancou o amuleto da múmia tudo começou
a ruir e a porta se fechou deixando-o preso lá dentro.
- Professor, gritou Rebeca, sem
resposta.
- Depressa Rebeca, vai tudo vir abaixo,
desça na corda, rápido!
- Mas e o professor? Temos que ajudá-lo.
- É tarde demais para ele, vamos!
Conseguiram
descer a tempo e correr para o acampamento enquanto o monumento vinha abaixo.
Pobre doutor
ficou preso e morreu soterrado com seu precioso artefato em mãos.
- Os homens foram embora como imaginei, graças
a Deus conseguimos sair, vamos Rebeca pegue suas coisas, temos que ir.
- O professor não morreu em vão, vou
levar os registros e fotos para o museu e darei total crédito a ele. Merece
pelo menos isso.
- Com certeza Rebeca, mas vamos sair
desse lugar amaldiçoado.
Seguiram em
frente sem olhar para trás.
- Que o professor descanse em paz junto
as relíquias da morte.
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