Um ano se passou após os assassinatos no expresso 158, o caso teve bastante repercussão na mídia internacional por envolver nomes importantes em seus países.
Uma
das passageiras voltava para casa depois de uma longa pausa fora dos palcos, Mirella
Caruso a famosa cantora de ópera e seu marido estavam retornando à Itália
depois de umas férias na Grécia, país ao qual Mirella era apaixonada e desejava
um dia morar por lá, ainda carregava consigo noites mal dormidas e pesadelos
devido aos acontecimentos traumáticos no expresso 158.
Chegando
a sua casa, em Roma, foi recebida por sua fiel empregada Marie, filha de pai
brasileiro e mãe italiana, uma mulher já idosa, mas que gostava de conversar e
era muito curiosa, Mirella costumava dizer que Marie preenchia uma casa, mesmo
ela estando vazia, tamanha disposição e a sua língua afiada.
Marie
a recebeu com um sorriso no rosto e foi logo abraçando Mirella.
- Senhora Mirella, que
saudades! Conte-me como foi a viagem? Perguntou.
- Bom ver você Marie, foi
boa querida e deu para descansar bastante.
- E onde está o senhor
Enzo?
- Está lá fora
atendendo uma pessoa, mas não sei quem é.
- Mal chegamos e já
estão à nossa procura, parece que sentem nosso cheiro ou ficam nos espionando, como
espiões escondidos nas moitas.
- Eles são como moscas
que se você mata uma aparecem mais dez, começou a rir.
Enzo
entrou correndo na casa e estava eufórico, recebera uma notícia muito boa e
queria contar de imediato para Mirella, na sua ansiedade nem reparou em Marie.
- Mirella você não vai
acreditar com quem eu estava falando agora?
- Quem Enzo? Você
passou reto pela Marie e não a cumprimentou, seja educado.
- Desculpe Marie, é
que fiquei muito contente com a notícia e não percebi você, me perdoe.
Abraçou
Marie e lhe deu um beijo carinhoso no rosto.
- Não tem problema
senhor Enzo, estou feliz que vocês voltaram para casa, disse Marie sorrindo.
- Bom agora preciso
falar, está preparada Mirella?
- Conte de uma vez
homem que mistério é esse? E quem era o homem misterioso lá fora?
- Eu estava falando
com o assistente do diretor da nova ópera musical que estreia daqui a um mês e.
deu uma pausa e voltou a falar:
- Vai incluir uma
sequência do cisne negro na trama e você está escalada para o papel principal, não
é incrível?
Seu
rosto esbanjava uma alegria nunca vista por Mirella, ele sorria como se fosse
uma criança. Mirella soltou um grito de alegria e pulou nos braços de Enzo o
enchendo de beijos. Marie observava os dois e sorria de alegria, agradecia a Deus
com as mãos juntas e ambos se abraçaram. Mirella estava tão feliz que começou
chorar, quando jovem era bailarina e sempre sonhou interpretar o cisne negro.
- Em uma ocasião quase
conseguiu, se não fosse um problema em seu joelho que a tirou do espetáculo e
acabou com seu sonho.
- Eu não estou
acreditando Enzo, é um sonho que vai se realizar depois de anos.
- Você merece minha
querida e tenho certeza que você vai brilhar e ser aplaudida de pé.
- Obrigado querido por
você sempre me apoiar mesmo nos momentos ruins, eu amo você, e Marie, também
amo você, é como se fosse uma segunda mãe e faz parte da família.
- Obrigada senhora
Mirella, eu também amo você como uma filha.
As
duas se abraçaram por um tempo e Marie enxugou as lágrimas de Mirella
carinhosamente.
- A senhora deve estar
cansada da viagem, quer que prepare um banho quente ou algo para comer, talvez
um suco ou uma fruta? Perguntou Marie.
- Nossa você leu meus
pensamentos Marie, preciso de um banho quente em minha banheira e uma taça de
champanhe para comemorar, você me acompanha Enzo?
- Mais tarde quem
sabe, preciso ligar para Lorenzo e dizer que você aceitou o papel, não se
preocupe comigo, tome seu banho quente e relaxe um pouco, pois teremos uma
semana corrida de ensaios e quero você linda e disposta.
Deu
um beijo no rosto de Mirella e foi para a biblioteca fazer a ligação. Mirella
estava relaxada em sua banheira, tomando uma taça de champanhe, quando Marie
bateu na porta e pediu licença para entrar.
- Pode entrar Marie, você
é de casa.
- Desculpe interromper
seu banho, eu gostaria de saber se a senhora quer algo especial para o jantar
esse noite?
- Eu não sei ainda se
vamos comer em casa Marie, talvez a gente saia para comemorar em algum
restaurante chique, que Enzo tanto gosta, talvez no Bambines, que servem uma
lasanha maravilhosa, se bem que tenho que evitar massas, pois preciso estar
dentro do peso até a estreia, não se preocupe com isso minha querida.
- Como queira senhora,
mas se mudar de ideia estou à disposição.
Enzo
estava sentado em uma poltrona lendo o jornal diário, pois queria saber das notícias,
tinha ficado um mês fora e estava desatualizado, escutou alguém chamando seu
nome no corredor era Mirella.
- Estou aqui na
biblioteca, querida.
- Você esta ai Enzo, falou
com o diretor Lorenzo?
- Sim falei, está tudo
certo com o sua participação, os ensaios começam na segunda pela manhã e ele
está muito feliz que você aceitou, você sabia que o ministro Luigi foi excluído
do cargo por corrupção, onde vai parar esse país com esses políticos corruptos?
- É uma pena mesmo, eu
achava que ele era um homem do bem, mas me enganei, você acha que estou preparada
para algo tão grande assim Enzo? Fale com honestidade.
Enzo
colocou o jornal de lado e se levantou colocando os braços nos ombros de
Mirella.
- Mas é claro minha
querida, você já nasceu pronta e ninguém melhor do que você para esse tipo de
espetáculo, você vai brilhar mais que as luzes do teatro.
- Obrigado meu
querido, você sempre tem uma palavra de conforto e é por isso que amo tanto
você, o que você acha de irmos jantar fora hoje? Talvez no Bambines, o que
acha?
- Seria ótimo querida,
vou tomar um banho e saímos às sete em ponto.
- Mas não reservamos
uma mesa.
- Não precisa de
reserva, você esqueceu quem você é, eles fazem questão de sua presença por lá e
além do mais, seu nome atrai clientela para eles. Mirella janta no Bambines e
come uma salada com peixe ao molho de ervas, essa será a notícia de capa no
jornal matinal, o que você acha?
- Não seja bobo, não
sou tudo isso que você diz, vou me arrumar enquanto você toma um banho.
Quando
chegaram ao Bambines foram recepcionados como celebridades e encaminhados
imediatamente para uma mesa, onde foram atendidos diretamente pelo chef Pietro,
um dos mais reconhecidos cozinheiros da Itália.
- Minha querida
Mirella quanto tempo! Está maravilhosa como sempre.
- Obrigado Pietro, vindo
de você a noite fica mais emocionante.
- E você Enzo, como
consegue ficar casado com uma mulher tão linda e não se preocupar com os lobos
que andam por ai a solta?
- Eu estou sempre por
perto Chef, não deixo ninguém chegar perto o suficiente de minha amada.
- Vocês querem algo
especial para essa noite, podem pedir o que quiserem que farei eu mesmo para
vocês, com toque especial do chef.
-Na verdade estamos
comemorando a nova fase na vida de Mirella, ela vai ser a estrela principal da
nova ópera escrita pelo renomado diretor Lorenzo Milão, ela fará o cisne negro
adaptado para esse espetáculo.
-Mas que maravilha
Mirella, fico muito feliz em saber e certamente estarei lá na sua estreia, mas
isso pede champanhe, e que tal um belo salmão ao molho de ervas, um purê de aipim
e uma salada sortida, o que vocês acham? Perguntou o chef Pietro.
- Excelente escolha
chef, disse Enzo.
Pietro
pediu licença e foi direto para a cozinha preparar o jantar especial para o
casal.
- Nossa Mirella, às
vezes eu acho que ele tem uma queda por você, ele se derrete todo quando fala
com você.
-Não seja infantil
Enzo, ele é um homem simpático e educado e no mais é muito velho para mim.
-Hum, quer dizer que
se fosse mais novo... foi interrompido por Mirella.
- Chega de bobagem, não
viemos aqui falar de relacionamento e sim comemorar, além do mais, estou um
pouco nervosa com esse papel, cisne negro é algo que nunca imaginei fazer e não
sei se vou conseguir…
- Não diga isso Mirella,
você é capaz e sabe disso melhor do que ninguém, tire isso de sua cabeça e dê
seu melhor, nada pode parar você agora e esse vai ser o auge de sua carreira, tenha
fé.
- Eu sei disso só não
me sinto confortável, ainda tenho pesadelos com o que aconteceu naquela viagem
para Londres e todas aquelas mortes.
- Esqueça isso de vez,
é passado e não foi sua culpa se um louco resolveu fazer vingança com as
próprias mãos.
- Eu sei disso, mas
não me conformo com o fato de eu estar lá com você, imagina se algo acontecesse
com um de nós.
-Esqueça isso, nada
aconteceu e estamos bem e me prometa que não vai mais tocar nesse assunto, prometa
Mirella, por favor.
- Está bem eu prometo.
-O que você acha de
convidar aquela detetive que estava no trem, como é o nome dela mesmo?
- Louise Bonnet, detetive
francesa e uma ótima pessoa, e se não fosse por ela, quem sabe ainda quantos
morreriam naquele dia.
- É verdade, Louise
Bonnet, mulher incrível de se conhecer, disse Enzo.
- Eu vou mandar um
convite para ela vir na minha estreia, acho que ela virá sem problemas.
- Com certeza minha
querida, quem vai querer perder um espetáculo desses com você como estrela
principal?
O
restante da noite foi tranquila e de muitas risadas, mas no fundo a preocupação
de Mirella e o trauma ainda estavam vivos em sua memória e talvez viessem a
influenciar negativamente em seu futuro promissor, suas noites de sono mal
dormidas e pesadelos constantes a estavam deixando muito abalada emocionalmente
a ponto de pensar em tomar remédios para poder conter sua ansiedade e dormir a
noite, algo que até o momento escondia de seu marido Enzo.
Naquela
manhã Mirella acordou indisposta e seu humor estava péssimo, sua vontade era de
ficar na cama, mas em seu primeiro dia de ensaios não poderia faltar, pegou
duas aspirinas em sua cômoda e tomou sem Enzo perceber, não queria que seus
traumas viessem a público, por isso estava sendo o mais discreta possível e se
fosse possível nem Enzo ficaria sabendo.
Já
eram 8 horas quando Marie entrou no quarto com uma bandeja com o café da manhã,
estava bem disposta, mas notou que Mirella não estava com uma aparência muito
boa e foi logo perguntando:
- O que aconteceu
senhora? Sua aparência não está das melhores essa manhã.
- Não é nada não
Marie, uma pequena dor de cabeça por causa da bebida de ontem, uma leve ressaca,
mas já vai passar.
- Quem sabe um suco de
laranja resolva senhora? E, é claro, uma aspirina.
- Já tomei duas hoje
logo que acordei, não se preocupe vou ficar bem.
- O senhor Enzo
acordou cedo e está na biblioteca, já tomou café e pediu para eu trazer o seu
até o quarto, hoje começam os ensaios no teatro senhora e você precisa de
forças para enfrentar o dia, então tome seu café e logo vai estar bem de novo.
- Obrigada Marie, o
que seria de mim sem você.
- Estou aqui para lhe
servir e o que precisar de mim é só chamar.
- Obrigada minha
querida amiga, já disse você é da família.
O primeiro dia de ensaio
Mirella
chegou ao teatro às 9h30min em ponto, ficou encantada com o palco e sua
estrutura em tons escuros que mudavam de cor conforme a luz refletia, Lorenzo
quando a viu correu em sua direção de braços abertos.
- Mirella minha
querida que satisfação ter você conosco, está mais linda ainda, o que tem feito?
Banhos de sais? Sorriu para Enzo.
- Bondade sua, mas sou
a mesma, não me sinto diferente, apenas um pouco mais velha e experiente.
- Não seja modesta, você
está linda, não concorda Enzo?
- Com certeza, é a
mais bela mulher da Itália.
- O que achou do
teatro e o cenário do palco?
- Está muito lindo
Lorenzo, um trabalho fabuloso.
- Venha até ao camarim,
quero te mostrar a roupa do cisne negro, vai ficar fabulosa em você, veja este
é o pessoal que vai trabalhar com você, gente essa é nossa estrela Mirella
Caruso.
Todos
cumprimentaram Mirella com um sorriso no rosto, menos Tatiana uma bailarina
russa que a pouco se tornou cantora lírica, o papel principal seria dela se não
fosse por Mirella.
- Veja Mirella que
linda sua roupa, o que achou? Perguntou Lorenzo.
- Nossa é maravilhosa Lorenzo!
E essas asas lindas com esse brilho quase um azul...
-Sim, conforme a luz
bater em você vai parecer que é em azul anil, quando você vestir vai ficar mais
linda ainda.
- Não sei como
agradecer a você por essa oportunidade.
- Não agradeça, apenas
brilhe no palco como você sempre faz.
O
primeiro ensaio ocorreu sem maiores problemas, até o momento em que Mirella
colocou a roupa de cisne negro, ela não havia sido informada que no último ato
seria suspensa por um cabo a mais de cinco metros do chão.
- Acho que não consigo
fazer isso Lorenzo, tenho medo de altura.
- Mas é o ponto alto
de sua performance, o público irá ao delírio vendo você voar com suas lindas
asas.
Enzo
acalmou Mirella e pediu que ela tentasse pelo menos sair um pouco do chão.
- O que acha Mirella?
Faça apenas um teste, saia um pouco do chão se sentir algum incômodo você para.
- Está bem, eu vou
tentar, sou uma profissional, eu consigo.
Um
cabo foi colocado por debaixo da roupa na parte das costas de Mirella e aos
poucos ela foi subindo, quando chegou a quase três metros pediu ao diretor que
parasse, tentou bater as asas, mas se sentiu desconfortável e pediu que a
levassem de volta ao chão.
- O que foi Mirella? Perguntou
Lorenzo.
- Está muito pesada a
roupa, não consigo me mexer direito e muito menos abrir as asas, tenho medo de
cair.
- Isso não vai
acontecer, você está presa a um cabo feito de aço e quanto à roupa vou ver o
que pode ser feito para amenizar o peso, vamos parar por hoje e amanhã à tarde
continuamos.
Mirella
voltou para casa muito chateada com o que aconteceu, não queria perder a chance
de atuar nessa obra, mas não se conformava com o fato de ter que encenar um voo,
coisa que não estava em seus planos.
- Eu acho que não vou
conseguir Enzo, não estou me sentindo confortável com essa situação.
- Você vai sim minha
querida, você nunca desistiu de nada nessa vida e não vai ser agora que vai
desanimar.
- Você tem razão, amanhã
vou dar tudo de mim e vou conseguir, você reparou em Tatiana, aquela russa e o
jeito que ela me olhava, mulher invejosa.
- Não se preocupe com
isso, ela não é ninguém comparada a você.
- Você enviou o
convite para Louise Bonnet, Enzo?
- Ainda não querida, mas
farei isso até amanhã, vou mandar direto para a delegacia onde ela trabalha, pois
não sei seu endereço.
Quando
Mirella chegou ao teatro no dia seguinte sua roupa estava no palco em um
manequim exatamente com suas medidas, ficou espantada de ver como ela brilhava
daquela distância do palco, o público iria ficar extasiado com tamanha beleza.
- Mirella minha
querida, ajustei sua roupa, acho que agora você não vai ter problema algum com
o peso, o material é mais leve e com os ajustes ficou perfeito.
- Espero que sim
Lorenzo, pois não quero te decepcionar.
-Você não vai querida,
vai brilhar como um anjo, só que em forma de cisne, começou a rir de si mesmo.
Tudo
ocorreu bem no ensaio e Mirella finalmente conseguiu fazer sua performance sem
nenhum imprevisto, ao poucos tudo foi se encaixando e faltava menos de uma
semana para a estreia.
Mirella
continuava a base de remédios para dormir e contava com a discrição de Marie
para que Enzo não descobrisse.
Um
pequeno coquetel ocorreria um dia antes da grande estreia, Mirella teria que se
controlar com a bebida, devido aos remédios para insônia que estava tomando, não
queria dar vexame e nem que Enzo suspeitasse de algo. O evento seria apenas
para o pessoal do teatro e alguns familiares, sem imprensa e figurões locais. Lorenzo
estava muito empolgado e fez um pequeno discurso de boas vindas a todos os
presentes.
- Boa noite a todos e
obrigado pela presença nessa noite agradável, amanhã é nossa grande estreia e
desejo a todos uma boa sorte e que tudo ocorra bem, quero dizer também que
teremos casa lotada pessoal, todos os ingressos foram vendidos, em menos de uma
semana, isso só aumenta a nossa responsabilidade de entregar algo perfeito e
nunca visto antes, agradeço a todos e também a nossa estrela Mirella por
aceitar meu convite e apesar de alguns pequenos incidentes vai estar
maravilhosa no palco, agradeço novamente o empenho de todos e se divirtam essa
noite, mas com moderação, pois amanhã é o grande dia, saúde a todos e obrigado.
Todos
brindaram e aplaudiram o discurso de Lorenzo. Mirella era uma das mais
assediadas por todos e ficou muito surpresa ao ver Tatiana indo em sua direção
com um sorriso no rosto.
- Boa noite Mirella, sei
que não nos falamos muito nos ensaios, mas gostaria de te desejar toda sorte do
mundo na estreia de amanhã.
- Obrigada Tatiana
para você também, tenho certeza que todos nós faremos um bom espetáculo.
- Nos vemos amanhã, então
boa noite para vocês, disse Tatiana que estava mais amigável do que de costume.
- Nossa Enzo, até
fiquei constrangida, nunca imaginei que ela viesse falar comigo e ainda mais me
desejar sorte, estou chocada.
- Não se iluda
Mirella, ela não é sua amiga, apenas está sendo gentil de um jeito falso e no
fundo morre de ciúmes de você.
- Não seja maldoso com
a menina, você pode estar enganado a respeito dela.
- Eu conheço de longe
esse tipo.
- Conhece e que tipo
eu sou para você?
- Você é o tipo de
mulher para se casar e amar, você é uma estrela.
- Obrigado querido, mas
vamos nos divertir um pouco que amanhã o dia promete.
A ópera e o cisne negro
O
grande dia chegou e o teatro estava lotado, figuras importantes e bem vestidas
chegavam a todo o momento, entre elas uma velha conhecida de Mirella,
mademoiselle Louise Bonnet e estava radiante em um vestido azul claro, com um
lenço branco em seu pescoço, seu lugar era entre as três primeiras fileiras, bem
próximo ao palco, uma cortesia de sua amiga Mirella.
Um
senhor ao lado tentou puxar assunto com Louise, mas ela não falava italiano e
ficou sem entender o que ele dizia.
- Perdão senhor, mas
não falo italiano, un peu d’anglais, disse
Bonnet, em francês, “um pouco de inglês”.
As
luzes se apagaram e entra em cena um homem gordo vestido de preto, ele começa a
cantar com uma voz que encanta Louise, ela nunca havia assistido uma ópera
antes, logo em seguida entra Mirella deslumbrante em um vestido floreado, a
cena era entre pai e filha e Mirella cantava como se estivesse sentindo tudo
que o personagem queria, sua voz era angelical. Louise estava encantada com o
tamanho de todo espetáculo, nunca imaginou que uma ópera fosse algo tão
grandioso e belo.
Vários
bailarinos entraram em cena e cercaram Mirella colocando um pano preto sobre
ela, quando tiraram ela havia sumido, todos ficaram encantados com a cena e
aplaudiram com entusiasmo, Louise estava em estado de êxtase e sorria feito
criança.
As
luzes se apagaram e o palco ficou em silêncio, então algo grandioso surgiu e
quando as luzes iluminaram o palco lá estava ela deslumbrante em seu traje de
cisne negro, novamente aplausos eufóricos ecoam no teatro.
Mirella
se move graciosamente pelo palco e canta como um anjo, ela bate suas asas, mas
não pode voar e em um momento de desespero pede aos céus que lhe deem o dom de
voar, em um ato lindo e cheio de emoção ela se ajoelha e canta como se
estivesse rezando.
Tatiana
entra em cena vestida de anjo cantando uma canção angelical, sua voz é linda e
faz algumas lágrimas caírem na plateia. Louise esta emocionada com tamanha
beleza, mas um barulho ecoa no palco e um ser vestido de preto e usando capuz
rouba a cena, fazendo com que Mirella caia em um buraco negro desaparecendo no
palco, outro momento de muitos aplausos.
Tudo
fica em silêncio e o que se ouve é a voz do homem misterioso, ele canta com
emoção e às vezes sua voz silencia, ouvindo-se apenas tambores rugindo e anunciando
que algo está por vir.
As
luzes voltam a acender e então novamente surge Mirella com sua roupa
deslumbrante, ela está parada no meio do palco olhando direto para a plateia, começa
a cantar com sua voz angelical e abre suas asas em movimentos graciosos, quando
de repente começa a subir como se estivesse voando para os céus, o público vai
mais uma vez ao delírio, ela sobe cada vez mais e enquanto canta bate
graciosamente suas asas, de repente ela para de cantar e seu corpo se projeta
para frente como se estivesse desmaiado, o público aplaude, mas algo está
errado e esse movimento não fazia parte do espetáculo, preocupado Lorenzo faz
sinal para que tragam Mirella de volta ao chão, a cortina se fecha e o público
aplaude de pé. Enzo corre em direção à Mirella e a chama pelo seu nome, mas ela
não responde. Ele pede para Lorenzo chamar por um médico o mais rápido possível.
Lorenzo
aparece no palco e pergunta ao público se alguém na plateia é médico, um senhor
se levanta e anuncia ser médico geral, então Lorenzo pede que o acompanhe.
Louise
está intrigada e quase se levanta de sua poltrona.
O
homem ao chegar examina Mirella e afirma que ele está morta, todos entram em
choque e Enzo começa a chorar não acreditando no que está acontecendo.
-Como pode estar morta?
Verifique de novo isso é impossível.
- Sinto muito senhor, mas
não há nada que eu possa fazer.
- Ela é uma pessoa
jovem e saudável, como poderia morrer assim de repente?
- Só posso afirmar a
causa com uma autópsia senhor, disse o médico.
-Lorenzo tem uma
policial na plateia, chamada Louise Bonnet, peça que venha até aqui, por favor.
- Como vou explicar
isso ao público que está lá fora? O que digo a eles? Meu Deus isso é uma
desgraça e logo no dia da estreia!
- Não é hora de
lamentações Lorenzo, minha mulher está morta tenha um pouco de respeito, disse
Enzo em tom de reprovação.
- Me perdoe Enzo, eu
não queria dizer isso, mas não sei o que fazer agora.
- Faça o que lhe pedi
e chame a senhora Louise Bonnet.
Lorenzo
voltou ao palco e pediu desculpas ao público, informando que ocorreu um pequeno
acidente durante o espetáculo e que no próximo todos voltariam sem custo algum,
pediu que todos se retirassem e procurou por Louise Bonnet, que logo após o
anúncio se apresentou a Lorenzo.
- Sou Louise Bonnet, detetive
francesa, o que está acontecendo senhor, minha amiga está bem? Perguntou.
- Me acompanhe
senhora, algo terrível aconteceu e o senhor Enzo pediu que eu a chamasse.
Ao
ver Mirella no chão, Louise imediatamente se aproximou do corpo e começou a
examiná-lo.
-O que aconteceu Enzo?
Ela estava tão bem e de repente acontece isso.
- Infelizmente ela
está morta Louise, nosso amigo aqui que é médico já confirmou a morte, só não
sabemos a causa.
- Talvez um mal súbito
ou algo parecido, ela estava tomando algum tipo de medicação Enzo?
- Que eu saiba não Louise,
ela estava bem de saúde, tinha apenas alguns pesadelos por causa dos eventos
ocorridos há um ano no expresso 158, além disso, nada demais.
- Algo não está certo
meu amigo, ela não tem nenhum sinal de rigidez no corpo, principalmente nos
braços e mãos, quando se tem um ataque cardíaco em muitos casos o braço
adormece e as mãos se contraem por causa da dor, o doutor aqui pode me
confirmar se estou certa.
- Sim senhora, está
correto, boa observação.
- E neste caso, ela
está bem relaxada para alguém que possivelmente teve um ataque do coração, alguém
moveu o corpo?
- Sim, ela estava de
bruços e quando me aproximei eu a virei e a chamei pelo nome, mas não me
respondeu.
- Bom, ela estava
suspensa, quando provavelmente desmaiou, veja Enzo as veias do braço estão bem
salientes e escuras e também notei um pouco de sangue no chão ao lado da
cabeça, é provável que seu nariz tenha sangrado um pouco, isso só é causado por
uma substância nessa vida e ele se chama veneno, meu caro.
- Veneno? Você quer
dizer que ela foi assassinada? Exclamou Enzo em tom de pergunta.
- É o que tudo indica
meu amigo, me ajude aqui Enzo, quero virar um pouco sua cabeça e olhar atrás do
pescoço.
Louise
gentilmente virou Mirella com a ajuda de Enzo, a fim de verificar se havia
algum ferimento na parte de trás de seu pescoço.
- Eu sabia, veja Enzo,
um dardo e provavelmente envenenado direto em sua nuca, está ai a causa da
morte doutor, dardo envenenado e eu nunca me engano, provavelmente o assassino
estava no alto parado em um andaime, só esperando quando Mirella fosse erguida
em seu ato final, depois foi só lançar o dardo e esperar, aposto que ele ficou
por uns minutos observando enquanto ela morria, existem pessoas nessa vida que
tem certo fascínio pela morte e gostam de ficar observando, enquanto suas
vítimas morrem, é o prazer da morte para alguns, isso dá certo poder para eles,
um tipo de fetiche se é que me entendem.
- Sinto muito pela sua
perda Enzo, ela era uma grande mulher e nem imagino como você está se sentindo,
sinto muito mesmo.
- Obrigado Louise, ela
gostava muito de você apesar de conviver muito pouco conosco, ela fez questão de
convidar você para a estreia.
- É lamentável que ela
tenha tido esse fim, mas fique tranquilo, que vou pegar esse assassino custe o
que custar, vou pedir à embaixada da França uma autorização para intervir nessa
investigação. Farei de tudo para pegar o culpado.
Louise
conseguiu a autorização com o consulado da França e agora precisava analisar a
cena do crime e encontrar pistas e suspeitos desse evento macabro, mas antes
teria que passar pela dolorosa despedida à Mirella.
O funeral sem suspeitos
Eram
9 horas da manhã de uma terça-feira fria, quando Louise chegou ao cemitério
Verano, a neve começava a cair e formava uma atmosfera ainda mais triste e
melancólica ao local.
O
local estava cheio de pessoas importantes e ao mesmo tempo rostos estranhos
para Louise. Enzo estava próximo ao caixão e não continha suas lágrimas, Louise
ficou um pouco afastada, pois queria observar os presentes, era muito
observadora e sempre dizia que em momentos como esses, muitas coisas são
reveladas e rostos ocultos se mostram sem querer.
Notou
a presença de Tatiana e, apesar de não conhecê-la a achou muito relaxada e
sorridente, conversava com um homem magro e de chapéu, como se estive tomando
um café em uma tarde de sol, se aproximou de um senhor muito bem vestido e
perguntou sobre a tal mulher sorridente.
- Com licença senhor, poderia
me dizer o nome daquela senhorita sorridente ao lado daquele homem magro.
- Acho que o nome dela
é Tatiana, mas não a conheço muito bem, e parece que fazia parte do elenco, onde
ocorreu esse trágico acidente.
- Muito obrigado
senhor.
Afastou-se
um pouco e voltou a observar todos os presentes, Lorenzo se aproximou de
Tatiana e disse algo em seu ouvido que a fez sorrir novamente, Louise ficou
intrigada com a cena, tirou um bloco do bolso e anotou algo.
Apesar
de alguns fatos isolados Louise não conseguia ver nada além do normal e ninguém
com ar de suspeito, todos estavam agindo normalmente, como se deve em um
funeral, mas as aparências enganam e Louise sabe muito bem disso.
A
imprensa estava em peso no funeral e até um começo de tumulto começou perto dos
pais de Mirella, mas logo foi contido pelos seguranças do local, seus pais já
eram idosos e estavam desolados e a toda hora eram consolados pelos presentes.
O
local onde Mirella seria enterrada era muito bonito e chamou a atenção de
Louise, havia dois anjos ao lado de um mausoléu esculpido em arte vitoriana, com
lindas pedras em azul, muitas flores em volta e uma estátua de bailarina
enfeitava a entrada.
Louise
ficou muito emocionada ao ver a pequena bailarina que quase veio às lágrimas, mas
se recompôs e lembrou que apesar de estar ali para dar o último adeus a Mirella,
ainda estava a trabalho, não podia deixar que suas emoções interferissem em seu
julgamento pessoal.
Um
jovem se aproximou de Enzo e os dois se afastaram por alguns minutos, ele fazia
gestos com as mãos e Enzo parecia preocupado como se quisesse acalmá-lo, Louise
achou a cena bem estranha em se tratando de um funeral de sua esposa.
Apesar
de algumas especulações nada de diferente aconteceu para que Louise suspeitasse
de alguém.
A
cerimônia tinha chego ao final e Enzo foi o último a ir embora, ficou uns
minutos em frente ao mausoléu pensativo e depois se retirou, Louise aproveitou
o momento e foi ao seu encontro, com um abraço apertado e palavras de consolo.
- Tenha força meu
amigo, é um período difícil que você está passando, mas vai amenizar sua dor
com o tempo, tudo a seu tempo e ele não vai curar sua ferida, mas vai acalmar
um pouco seu coração.
- Obrigado Louise, agradeço
sua atenção e sua presença neste momento difícil para mim.
- Eu sei que não é uma
boa hora, mas gostaria de saber quem era o rapaz bonito que chamou você para
uma conversa.
- Rapaz bonito? Começou
a rir... .era meu irmão Luca, ele é um jovem rebelde e está sempre me pedindo
dinheiro, não costuma ficar muito tempo em nenhum emprego, fiquei aborrecido
com ele por vir me pedir favor, logo em um dia como hoje.
- Entendo sua posição,
também ficaria chateada com essa situação, mas me diga aquela moça Tatiana que
estava conversando com Lorenzo, ela era próxima de Mirella?
- Na verdade não, as
duas se conheceram no teatro, mas não eram amigas e, para falar a verdade, existia
um pouco de ciúmes da parte dela, em relação ao papel principal ser dado a
Mirella.
- Bom, mas isso não
seria um motivo para matar alguém, a não ser que ela tenha uma mente muito
doentia, nesses últimos dias de Mirella você notou algo de diferente em seu
comportamento?
-Na verdade não, tirando
sua insônia e pesadelos nada de diferente, ela estava bem feliz, com seu novo
desafio e, claro, o cisne negro, era um desejo desde criança.
-Entendo meu querido, vou
precisar fazer um dossiê de algumas pessoas do teatro e gostaria de sua ajuda, se
eu precisar.
- Pode contar comigo
Louise, se precisar estarei a sua disposição.
A
neve começava a aumentar e o frio era quase insuportável, os dois se despediram
e seguiram caminhos diferentes.
Um tipo de veneno incomum
Louise
tinha acordado cedo naquela manhã e após tomar um café em seu quarto de hotel, se
dirigiu até o departamento de polícia para conversar com o legista, que fez a
autópsia no corpo de Mirella, estava curiosa para saber se sua teoria estava
correta, se realmente foi usado veneno no dardo e qual o tipo.
- Bom dia cavalheiro,
sou Louise Bonnet, detetive da policia francesa e estou investigando um
assassinato, preciso conversar com o legista encarregado da autópsia de Mirella
Caruso.
Louise
era fluente em inglês além de sua língua natal, de italiano entendia muito
pouco.
- Madame Bonnet pode
se dirigir ao final do corredor e descer uma escada, quando chegar ao final é a
segunda porta à direita, ele está esperando pela senhora.
- Obrigado monsieur.
Quando
Louise entrou no necrotério sentiu um forte cheiro de formol, que a fez quase
tontear a ponto de ter ânsia de vômito.
- Bom dia cavalheiro, estou
aqui para saber o resultado da autópsia de Mirella Caruso, sou da polícia
francesa e estou encarregada do caso.
- Muito prazer madame,
eu estava a sua espera mesmo.
- O que o senhor
descobriu de importante para mim?
-Bom, vou começar pela
causa da morte, envenenamento e parada cardíaca.
- Eu sabia que era
veneno, eu nunca me engano senhor, mas continue.
- Como você já deve
saber ele foi injetado por um dardo atirado por algum tipo de zarabatana ou um
cano bem longo, pela distância do alvo, o que me deixou intrigado foi o tipo de
veneno, que é muito raro e não se encontra por aqui. É uma Substância
tóxica extraída de plantas do género Strychnos e Chondodentron da América do
Sul, utilizada, pelos índios sul-americanos como veneno das flechas, matando
por paralisia dos músculos respiratórios, mais o fato de ela ter em seu sangue
uma grande quantidade de aspirina, o que fez com muita rapidez o seu coração
parar.
- Então o nosso
assassino é uma pessoa de muitos recursos e bem informada, um bom conhecedor de
culturas estrangeiras e bem viajado, interessante isso.
- Para ter acesso a
esse tipo de veneno ou ele viajou para o Brasil ou alguém trouxe para ele.
- Bom, isso é algo a
ser descoberto, obrigada pelo seu tempo.
Louise
ficou muito intrigada com o fato de o veneno ter vindo de tão longe, algo a ser
verificado o mais rápido possível e uma pista muito importante para achar o
verdadeiro assassino. Teria que fazer uma busca completa nos possíveis
suspeitos, que até então ela não tinha, mas como investigar algo que até o
momento está fora de seu alcance?
Mas
ela é uma mulher inteligente e não desiste fácil, iria até o fim para pegar o
culpado por matar sua amiga Mirella.
Dossiê de possíveis suspeitos
Louise
resolveu conversar com Marie a fiel empregada de Mirella, ficou sabendo por
Enzo que as duas tinham um relacionamento muito íntimo e quase materno.
- Muito prazer em
conhecer você Marie, sinto muito pela sua perda e sei que vocês eram muito próximas,
eu me chamo Louise Bonnet, sou detetive da polícia francesa e estou
investigando o assassinato de Mirella, não sei se você está sabendo que foi um
crime?
- Eu fiquei sabendo
sim, pelo senhor Enzo, fiquei chocada com tudo isso e não imagino quem poderia
querer o mal de uma pessoa tão adorável quanto a senhora Mirella.
-É por isso que estou
aqui, vou pegar esse criminoso nem que seja a última coisa que eu faça nessa
vida.
- Me tire uma dúvida
minha senhora, Mirella estava tomando algum medicamento nos últimos dias, talvez
aspirina ou algo parecido?
- Eu vou lhe contar, mas
o senhor Enzo não pode saber que eu sei disso, peço sua discrição quanto ao
assunto.
- Conte comigo, serei
o mais discreta possível.
- Após voltar de viagem,
a senhora Mirella começou a reclamar de muitas dores de cabeça e à noite não
conseguia dormir e quando pegava no sono tinha pesadelos com o ocorrido naquele
trem, onde morreram algumas pessoas, foi então que ele me pediu que comprasse
aspirinas para ela, às vezes tomava duas por noite ou mais, mas sem o senhor
Enzo saber.
- Entendo e isso fazia
com que ela dormisse bem à noite?
- Creio que sim, pois
não me reclamou mais…
- Me diga uma coisa a
senhora é daqui mesmo, nasceu na Itália?
- Sim senhora, nasci
aqui em Roma, mas meu pai é do Brasil, conheceu minha mãe em uma viagem e
alguns meses depois se casaram vindo a morar aqui em Roma.
- Então a senhora tem
parentes no Brasil?
-Tenho sim, mas não
tenho contato com eles, não tenho dinheiro para viajar, mas já me comuniquei
por carta com um primo que mora na Amazônia.
-Hum, interessante
isso, me diga o senhor Enzo nunca viajou para o Brasil?
-Não senhora, que eu
saiba nunca.
-Muito bem Marie, se
eu precisar entrar em contato com seu primo no Brasil você teria o endereço
dele?
-Sem problemas
senhora, mas qual a relação disso com o crime?
-Nada por enquanto, mas
pode vir a ter algo, eu entro em contato com você se precisar e não comente com
ninguém o que conversamos, passar bem.
O
próximo dossiê seria de Lorenzo, o diretor do teatro e responsável por Mirella
estrelar na ópera.
Louise
chegou ao teatro às 10 horas da manhã, estava visivelmente irritada com o frio
que fazia lá fora.
- Nossa, mon dieu, quase
caí no chão de tanta neve, bom dia diretor como vai?
- Muito bem senhora, apesar
dessa tragédia que se abateu sobre nós.
- Eu vou ser bem
direta com você e gostaria que o senhor fosse o mais verdadeiro possível nas
suas respostas.
- Com certeza, vou ser
detetive.
- Me diga como era o
relacionamento do elenco com Mirella?
-Ela era querida por
todos até onde eu sei e em pouco tempo de ensaios conquistou todo mundo.
-E Tatiana a menina
russa? Eu fiquei sabendo que ela tinha ciúmes de Mirella.
- Não a ponto de fazer
algo para prejudicá-la, é uma jovem ambiciosa e quer ser reconhecida, mas nada,
além disso.
- No momento que ocorreu
o crime havia alguém na plataforma superior do teatro? Indagou Louise.
- Não senhora, quem
controlava o cabo que suspendia Mirella ficava atrás do palco, todos os
movimentos de palco são feitos aqui embaixo.
- Então qualquer
pessoa poderia subir até lá, sem ser visto e sair rapidamente.
- Com certeza sim, até
porque todos estavam distraídos no momento do crime e a luz às vezes ficava bem
fraca, devido às trocas de cenas.
- Eu posso falar com
esse homem, que controla os movimentos de palco.
- Sim claro, ele se
chama Antônio, é de Portugal, vou chamá-lo.
Louise
ficou observando a estrutura acima do palco e imaginando de onde o assassino
lançou o dardo e por quanto tempo ficou parado observando, antes de sumir do
teatro.
- Esse é Antônio, o
nosso encarregado do palco.
Era
um homem tímido e de meia idade, acenou com a cabeça cumprimentando Louise.
- Vou fazer umas
perguntas ao senhor e gostaria que você fosse o mais verdadeiro possível.
- Sim senhora, pode
perguntar.
- Apesar de toda a
correria daquela noite, alguma coisa incomum ou alguém diferente foi notado
pelo senhor?
- Eu estava bem
ocupado para perceber algo fora do comum, a luz toda hora mudava e muita gente
circulava pelo teatro, que eu lembre nada de diferente aconteceu naquela noite.
-O senhor por algum
momento saiu do seu lugar, talvez para ir ao banheiro ou beber algo?
-Sim teve um intervalo
entre um ato e outro, que fui ao banheiro, lembrei-me de algo que vi nessa
hora.
- O que foi que você
viu? Indagou Louise.
- Quando estava indo
em direção ao banheiro, notei um homem saindo pelos fundos, ele me olhou
rapidamente, mas não consegui identificar quem era, pois estava usando um
chapéu escuro e um lenço tapando seu rosto, achei que era um dos figurantes e
não dei atenção, foi isso.
-O senhor identificaria
esse homem, se o visse de novo?
-Provavelmente não
senhora, foi rápido e não vi seu rosto, mas posso dizer que era de estatura
mediana, em torno de 1,75 de altura.
- Agradeço pelo seu tempo,
o senhor foi de grande ajuda hoje.
Louise
anotava tudo em seu bloco de notas e uma das frases dizia: “provável assassino,
1,75 de chapéu e lenço no rosto”.
- Preciso que o senhor
me informe o endereço de Tatiana, quero conversar com ela.
- Ela mora na Rua
Pasadena número 35, apartamento 12.
Louise
demorou um pouco para achar o endereço, pois não conhecia a cidade, mas
perguntou a um vendedor de rua e o mesmo fez um pequeno mapa em um papel para
ela. Depois de caminhar um pouco, finalmente encontrou o endereço, era um local
meio escondido e para chegar ao prédio teria que passar por um pequeno beco, o
local era bem mal cuidado e havia ratos por toda parte.
Louise
entrou no prédio e teve que subir quatro andares de escada, estava exausta, quando
bateu na porta de Tatiana.
- Bom dia, você é
Tatiana que trabalha com Lorenzo no teatro.
- Sim, quem é você?
- Sou Louise Bonnet, investigo
o assassinato de Mirella Caruso, posso entrar estou cansada e com sede.
- Claro pode entrar, fique
à vontade, só não repare na bagunça, não tive tempo de arrumar ainda, me mudei
a pouco para cá, vou pegar um copo de água para você. Não prefere outro tipo de
bebida ou um café detetive? Perguntou Tatiana.
- Não obrigada, a água
já esta bom.
- Em que posso ajudar
detetive, imagino que seja algo relacionado ao assassinato de Mirella estou
certa?
- Assassinato? Eu
disse que era um crime de onde você tirou isso?
- Dos jornais minha
cara, está em todos os jornais de Roma.
- Imagino que sim, mas
me diga como era seu relacionamento com Mirella?
- Não éramos as
melhores amigas, mas dentro do teatro somos profissionais e nos tratamos com
respeito, independente da sua posição dentro do espetáculo.
- Eu fiquei sabendo
que antes de Mirella ser escolhida para ser o cisne negro, era você que faria o
papel é verdade?
- Sim, é verdade, mas
Lorenzo me achou muito nova e inexperiente para um papel tão dramático e
complicado como esse, ele me prometeu futuros papeis principais.
- Hum, entendo, e você
notou algo de diferente naquela noite, algo incomum em uma ópera ou alguém
estranho andando pelos bastidores?
-Devido a correria que
há num espetáculo desse porte não temos tempo de nem ir ao banheiro e muito
menos de prestar atenção em nada que não seja relacionado ao próximo ato.
- Entendo
perfeitamente o que você quer dizer. Aquele homem que estava com você no
funeral de Mirella, quem era ele? Vocês pareciam bem próximos e sorridentes
para um funeral.
- Ele faz parte do
elenco da ópera, seu nome é James ele é inglês e gosta de contar piadas, eu
falei para ele parar, pois não era o local para esse tipo de coisa, sabe como
são os ingleses sempre fazendo piada com tudo.
- Eu sei como é esse
tipo de gente, já tive um relacionamento com um homem inglês e não foi dos
melhores, mas faz muito tempo e como posso falar com ele?
-Ele é um homem difícil
de encontrar, não sei seu endereço, mas ele está sempre no teatro, até parece
que mora por lá.
-Obrigado pelo seu
tempo, se precisar volto a procurar você.
Agora
Louise precisava localizar o tal homem inglês e confirmar a história de
Tatiana.
De volta ao teatro
O
teatro Ópera de Roma era conhecido por sua estrutura belíssima, mais parecia um
templo romano, na entrada vasos de flores e algumas estátuas de homens e
mulheres belíssimas, o chão era coberto por um tapete vermelho que cobria até a
parte das escadas que dava acesso ao palco, no teto uma pintura simulava uma ópera
em tons de arco íris, e sua estrutura era sustentada por belos pilares de
mármores, em branco marfim.
Quando
Louise voltou ao teatro parou no saguão e começou a observar os detalhes do
lugar, não tinha percebido o quanto era bonito e imponente, a pintura no teto
parecia ter vida própria tamanha perfeição dos detalhes, os italianos sempre
foram bons em retratar pessoas e objetos, pensou ela.
E
esse tapete dá até vontade de deitar e tirar uma soneca sobre ele, os panfletos
do espetáculo ainda estavam expostos, Louise pegou um e começou a olhar a foto
de Mirella, imaginando seus últimos momentos, que foram da glória até sua morte.
Guardou o panfleto e seguiu em direção ao palco, Lorenzo estava sentado em uma
poltrona, na primeira fila, lendo uma manchete do jornal que dizia: “A queda de uma estrela, do estrelato ao fim
trágico”.
- Como vai monsieur
Lorenzo?
- Louise, que bom que
você voltou! Preciso lhe contar algo que deixei passar na nossa última
conversa.
- O que seria
monsieur?
- No dia da estreia, fui
até aos fundos do teatro fumar um cigarro e vi um homem perto das lixeiras, não
era alguém do elenco e nem dos empregados, não consegui ver seu rosto, pois
vestia chapéu e seu rosto estava coberto por algum tipo de lenço escuro, quando
ele me viu saiu em direção ao beco e sumiu.
- Hum, o tal homem
misterioso com o rosto coberto, Antônio já havia me falado desse tal homem, ele
o viu saindo do teatro na noite do crime.
- Então ele teve
acesso ao teatro pelos fundos, mas é impossível a porta fica o tempo todo
fechada por dentro.
- A não ser que alguém
tenha aberto para ele monsieur, alguém que conhecia esse homem um cúmplice, senhor
Lorenzo preciso falar com um homem chamado James, Tatiana me disse que ele
costuma vir aqui com frequência.
-Sim de fato, ele
sempre está por aqui, é como se fosse sua segunda casa, é um homem bom e de uma
voz poderosa, ele faz o papel do homem misterioso com roupa preta, você lembra-se
desse ato?
- Sim lembro e foi bem
assustador, posso falar com ele agora?
-Claro que sim, vou
chamá-lo.
James
foi ao encontro de Louise e seu rosto tinha ares de preocupação.
- Sente-se monsieur, sou
Louise Bonnet, você já deve me conhecer do dia da estreia?
-Sim madame, eu já a
conheço.
- O que o senhor pode
me dizer a respeito do relacionamento de Mirella com o restante dos artistas?
- Apenas profissional
pelo que sei, nos conhecemos muito pouco e não tivemos tempo para uma conversa
amigável se é que me entende, no inicio foi difícil para ela, mas aos poucos
tudo foi se resolvendo e sua relação com todos era de trabalho diário e
dedicação.
- E Tatiana, a menina
russa tinha um bom relacionamento com Mirella?
- Apenas profissional,
como todos os outros.
- Eu notei no funeral
que você estava bem íntimo de Tatiana e até estavam sorrindo, algo inapropriado
para a ocasião.
- Não era nada demais
madame, eu contava uma piada para ela, a fim de distrair e tirar um pouco
daquele ar pesado, que estava por lá, eu ainda brinquei e disse para ela que
seu caminho agora estava livre, mas me mandou ficar quieto.
- O que o senhor
queria dizer com caminho estar livre? Indagou Louise.
- Com a morte de
Mirella a vaga de cisne negro ficou em aberto, Tatiana seria o cisne negro
antes de Mirella voltar de viagem, um fato que deixou ela um pouco chateada,
mas depois aceitou sem problemas, ela é jovem e tem uma carreira pela frente.
- A paciência é uma
virtude, um dia ela chega lá com trabalho e dedicação, mas tem algo mais que
poderia me dizer sobre a noite de estreia?
- Nada além do já foi dito,
foi uma noite agitada e de muito trabalho, mas infelizmente acabou
tragicamente.
- Uma última pergunta
que preciso lhe fazer, o senhor notou se algum estranho circulava pelo teatro
naquela noite, alguém que não fazia parte do elenco ou um funcionário desconhecido.
- Não que eu lembre
não senhora, não tive tempo para observar nada além do normal.
- Agradeço pelo seu
tempo James, se lembrar de algo peça para Lorenzo entrar em contato comigo.
Juntando as peças
Louise
voltou para o hotel visivelmente cansada, tudo que queria era um banho quente e
algumas taças de vinho, não suportava o frio que fazia em Roma e apesar de
quase não nevar na cidade, esse inverno estava diferente, neve, frio e vento
deixavam tudo pior, parecia que tudo estava conspirando contra ela.
Louise
pegou todas suas anotações e espalhou sobre sua cama, cada dossiê estava marcada
com o nome e a função de cada um, Marie, a empregada fiel de Mirella que
escondia um segredo de Enzo, uma relação quase de mãe e filha sem suspeitas e
sem julgamentos; Lorenzo, o diretor da ópera, que mais é um egomaníaco, que só
pensa em si e no sucesso, que jamais faria algo que comprometesse sua obra de
arte mais desejada; Tatiana, a jovem ambiciosa, dona de uma bela voz, seu ciúme
era tão grande a ponto de cometer tal ato de covardia? Enzo, o marido jovem e
agora viúvo, ele amava sua esposa e a protegia com a própria vida, as
aparências enganam Louise e você não pode descartar ninguém; Antônio, um homem
que não seria capaz de matar nem uma mosca, mas muitos assassinos tem
bipolaridade e, neste caso, não seria surpresa alguma se nosso amigo fingisse
ser alguém que não é; E James, o inglês contador de piadas, alguém que não
seria notado facilmente se não abrisse sua boca para falar besteiras. E por fim
o jovem irmão de Enzo, Luca, que é um mistério e não posso colocá-lo na cena do
crime e nem pude falar com ele, mas não o descarte Louise, como diz o ditado “todos
são suspeitos até que se prove o contrário”.
- Não consigo ver
ligação entre eles a não ser profissional, pense Louise você está deixando
escapar algo.
Entre
um gole de vinho e outro, Louise coçava a cabeça e revirava suas anotações sem
chegar a um consenso. Esse quebra-cabeça está incompleto e a peça que falta
pode estar por aí, andando livremente, mas quem?
- Pense... pense
mulher, o que você deixou passar?
Louise
quase pulou da cama ao lembrar-se de algo, que deixou passar.
- Ó, mon dieu... onde
eu estava com a cabeça? É isso, preciso chegar até ao tal primo de Marie, que
mora no Brasil, se ligar ele a algum dos suspeitos, bingo, acabo pegando o
assassino, se este veneno chegou até aqui, foi por intermédio do primo de
Marie.
Louise
pela manhã foi até a casa de Enzo a procura de Marie, mas não a encontrou, Enzo
disse a ela que Marie tirou uns dias de folga, estava muito triste com a morte
de Mirella e não conseguia ficar na casa.
O
fato estranho é que Enzo não sabia para onde ela foi e nem tinha como entrar em
contato com ela.
- Seria uma
coincidência ou algo planejado essa ausência repentina de Marie, quando fui
vê-la parecia muito bem emocionalmente, até o fato de mencionar seu primo, que
mora no Brasil, há algo errado e preciso encontrar Marie o mais rápido
possível.
Muito
pouco se sabia sobre a vida de Marie e que lugares costumava frequentar, então
Louise resolveu investigar todos os passageiros que viajaram nos dois últimos
dias e descobriu que Marie fora para Milão, mas por que Milão e qual real
motivo dessa viagem inesperada?
Perguntas
sem resposta até o momento.
- Mas como achar Marie
em Milão se não tenho nenhuma referência, a não ser que Enzo saiba de algo e a está
escondendo? Não seria prudente da parte dele atrapalhar uma investigação, ainda
mais sendo de sua esposa. E se o tal primo não estiver no Brasil e sim em Milão
com ela? Será que Marie sabe mais do que me contou?
Louise
ficou sabendo que Lorenzo iria encenar novamente o cisne negro e para sua
surpresa Tatiana seria a estrela principal, o que a deixou um pouco aborrecida,
devido ao fato de que a morte de Mirella era muito recente, mas se tratando de
alguém egoísta como ele, nada de bom poderia esperar.
Alguns
dias se passaram e Louise não tinha notícias de Marie, estava começando a ficar
impaciente e o tempo passava sem nada ser resolvido, queria voltar para casa, mas
não desistiria sem concluir o caso.
Resolveu
fazer uma visita para Enzo, quem sabe Marie já tivesse retornado e, finalmente,
ela poderia entrar em contato com o tal primo distante?
Para
a surpresa de Louise foi Marie que atendeu a porta.
- Mademoiselle Marie
que surpresa encontrá-la em casa, posso entrar?
- Mas é claro que sim,
entre e fique à vontade, mas o senhor Enzo não está.
- Não é com ele que
quero falar e sim com você.
- Comigo senhora, o
que eu teria de interessante para lhe contar?
- Eu fiquei sabendo
que a senhora tirou uns dias de folga e foi para Milão, algum parente por lá ou
só umas férias para descansar?
-Na verdade tenho uma
tia que mora por lá, irmã de minha mãe e está muito velha e vive em um asilo, tem
98 anos, é a única parenta viva da parte de minha mãe.
- Nossa, mas ela tem
vitalidade mesmo, espero que eu viva bastante também, mas na minha profissão o
estresse é muito alto e não sei se chego lá. Preciso do contato de seu primo
que vive no Brasil, por isso vim falar com a senhora.
Louise
ouviu uma voz masculina chamar por Marie.
- Achei que o senhor
Enzo não estava em casa Marie.
- E não está senhora, esse
é seu irmão Luca, que veio fazer uma visita. Dê-me um minuto e já volto.
Marie
voltou em seguida com uma aparência diferente da normal, parecia ter se incomodado
com Luca.
- Tudo bem com a
senhora? Está com o semblante diferente.
- Não é nada não, ele
é um rapaz muito difícil de lidar e bem diferente do irmão, que é dócil e
educado.
- Entendo sua posição,
mas preciso que entre em contato com seu primo e pergunte se alguém esteve no
Brasil e o procurou a respeito de um tipo de planta venenosa, preciso saber se
essa pessoa trouxe algo para a Itália e, se possível, que ele o identifique.
- É difícil senhora há
muito tempo não falo com ele, não sei se ainda mora por lá, mas posso tentar e
se souber algo eu lhe informo.
- Obrigada por
enquanto Marie e mande lembranças ao senhor Enzo.
De
volta ao hotel Louise começou a analisar suas anotações novamente, ficou muito
desconfiada quando soube que o irmão de Enzo estava em sua casa e a história da
tia, que mora em Milão não a convenceu, se o tal veneno entrou pelo país deve
ter algum registro da chegada, nenhum tipo de substância ilegal entra em um
país sem ser autorizada.
- Posso conversar com
o pessoal da alfândega e ver se tem algum registro e talvez descobrir o nome de
quem a trouxe.
Uma pista venenosa
Louise
chegou à Alfândega logo cedo e foi direto falar com o encarregado de despachos
e autorizações, era um homem gordo e chegou bem na hora de seu
lanche matinal, enquanto devorava um sanduíche, com uma xícara de
café, Louise parou em sua frente, mas o homem não deu atenção e continuou
comendo, como se ele fosse invisível, com ar de reprovação bateu na mesa e fez
com que o homem quase derrubasse café em sua roupa.
-Bom dia senhora,
desculpe eu não reparei em você, em que posso ajuda-la?
- Deu para notar o
sanduíche, estava tapando sua visão, disse em tom sarcástico.
- Sou Louise Bonnet, investigadora
da polícia francesa e estou investigando um caso de assassinato, preciso de
acesso aos itens que chegaram ao último mês, em particular vindos do Brasil.
- A senhora tem
autorização para investigar nesse país?
- Tenho sim senhor, estou
encarregada do caso, junto à polícia italiana.
- Muitos objetos
chegam e ficam retidos por aqui, algum em particular que a senhora procure?
- Procuro por algum
tipo de planta exótica em particular.
- Eu me lembro de algo
desse tipo ter chegado por aqui, eu tenho o registro em algum lugar deixe-me
ver, está aqui é algum tipo de erva medicinal, vinda do Brasil, achei, pode dar
uma olhada.
- Mas aqui não
especifica o que é e nem quem trouxe.
- Sim, não aparece,
pois é classificada como uma planta normal, um tipo de remédio natural, mas os
registros finais e assinaturas ficam em outra pasta, deixe-me ver pela data se
encontro, está aqui foi retirado por um tal de Luca Caruso.
- Luca Caruso? Você
tem certeza? Deixe-me ver. Você saberia me dizer se alguém em particular
entende desse tipo de planta por aqui?
- Tem um lugar chamado
Savage Kingsdom, no centro da cidade, eles trabalham só com plantas medicinais
e talvez possam ajudar.
- Obrigado pela
informação e aproveite seu café.
Louise
saiu às pressas da Alfândega, em direção ao centro, estava certa de que agora
sua busca chegaria ao fim.
Savage
Kingsdom era uma pequena loja cheia de plantas e ervas medicinais, mais parecia
uma pequena floresta em meio à cidade.
- Bom dia senhor, me
chamo Louise Bonnet, sou da policia francesa e gostaria de informações
sobre certo tipo de planta exótica, mais precisamente vinda do Brasil.
- A senhora sabe o
nome dessa planta? Perguntou o atendente.
-Sei sim, me dê um
minuto, está anotado por aqui, achei o nome é Strychnos e Chondodentron.
- Esse é o nome dado
ao veneno que dela é extraído, é muito raro por aqui, mas lembro de um rapaz me
procurar pedindo informações sobre esse tal veneno e de como usá-lo.
-O senhor lembra o
nome dele ou de como era sua aparência.
-O nome eu não recordo,
mas lembro de bem dele sim, era jovem estava bem vestido e usava um
chapéu preto.
- Muito obrigado pela
sua ajuda, me ajudou muito com certeza, tenha um bom dia.
Louise
voltou ao hotel e começou a colocar suas ideias em prática, já tinha descoberto
como o veneno chegou ao país e quem estava em posse dele, mas seria ele o
assassino ou somente um mensageiro? E qual ligação de Luca com os outros
suspeitos se é que existe alguma?
Louise
conseguiu um mandato de busca e apreensão domiciliar para a casa de Luca, já
sabia onde ele morava, à Rua Rover Street, 153.
Estava
acompanhada de dois policiais quando chegou ao endereço, Luca abriu a
porta e ficou surpreso ao ver a polícia.
- Em que posso ajudar
policiais?
- Sou Louise Bonnet,
investigadora e temos um mandato assinado pelo juiz Robert para entrar em sua
casa e se resistir irá preso, você é suspeito de matar Mirella Caruso e deve
nos acompanhar até à delegacia.
- Mas estou sendo
preso?
- Ainda não, é apenas
um interrogatório.
Nada
foi encontrado na residência de Luca, mas Louise sabia que ele estava
escondendo algo.
Uma
grande reviravolta estava para acontecer no caso e um ponto de interrogação
começava a se formar na mente de Louise Bonnet.
Louise
sentou de frente para Luca e começou a revisar suas anotações, enquanto batia
com os dedos na mesa fazendo um barulho de trote, então perguntou:
- O navio está
afundando Luca, basta saber se você irá afundar com ele ou embarcar no último
bote salva-vidas?
- O que a senhora quer
dizer com isso detetive?
- Que seu tempo está
acabando e se não me der as respostas certas você vai afundar junto com o navio,
se irá sozinho, depende de você, me diga como conseguiu a tal planta rara vinda
do Brasil e por que foi se informar sobre seu veneno, para quem você trabalha?
Indagou Louise.
- Você deveria
perguntar ao meu irmão, ele é um colecionador de plantas raras e exóticas, ele
não lhe disse?
- Então a tal planta
foi encomendada pelo seu irmão e qual finalidade de extrair veneno da mesma?
- Ele está com uma
infestação de ratos em sua casa, por isso queria a planta e seu veneno para dar
cabo de todos os ratos, Mirella tinha pavor desses bichos e vivia pedindo a
Enzo que desse um jeito de se livrar deles.
- Acho que você não
está me contando toda verdade e está omitindo a verdade ou protegendo alguém.
- Pergunte a ele se
estou mentindo, vá até sua casa e veja por si mesma, sua estufa cheia de
plantas exóticas, você vai encontrar as respostas a essas perguntas, mais uma
coisa detetive, Enzo tinha uma amante é só que vou lhe dizer, pergunte a ele e
quem sabe ache suas respostas.
-Uma amante, mas que
surpresa intrigante, pobre Mirella morreu achando que o marido a amava.
- Não quer dizer que
ele não a amava, certos homens precisam de algo mais em seus casamentos, como
uma válvula de escape, algo para fugir da rotina, se é que me entende.
- Não concordo com
você, fique aqui até eu confirmar sua história com seu irmão e se o que você
disse for verdade, você está liberado para ir, se precisar de algo peça os
guardas.
Uma
onda de sentimentos invadia a mente de Louise ao ouvir as últimas palavras
ditas por Luca, uma amante ou seria algo inventado para tirar o foco de sua
pessoa. Perguntas sem respostas até o momento, mas que Louise iria descobrir a
verdade a todo custo.
Louise
foi até a casa de Enzo atrás de respostas e foi recebida por Marie, estava
cansada de mentiras e queria de uma vez terminar com todo esse mistério.
- Olá detetive, está à
procura do senhor Enzo? Ele está na estufa nos fundos da casa, cuidando de suas
preciosas plantas, deixe que levo você até lá.
- Obrigada Marie, mas
me diga por que eu não fui informada desses detalhes antes?
- Que detalhes são esses
que a senhora se refere?
- A estufa de plantas
e o fato do senhor Enzo gostar de plantas exóticas, a ponto de trazer do Brasil.
- Sim senhora, me
perdoe por omitir essa informação, mas achei que não era relevante para a
investigação e não sei se ainda é.
- Mas foi seu primo
que a enviou correto? Perguntou Louise.
- Sim de fato, foi
mesmo, mas isso não o torna um suspeito imagino.
- Não senhora, mas
abre alguns pontos de interrogação em minha mente.
- Ele está logo ali
senhora. na estufa de vidro, com licença.
- Com licença senhor
Enzo, tem um minuto?
- Mas é claro detetive,
fique à vontade, estou cuidado de minhas plantas raras, é um passatempo que
tenho, me distrai um pouco nesse período difícil de minha vida.
- Entendo sua situação,
mas vou ser bem direta com o senhor, seu irmão Luca está detido na delegacia
para interrogatório e eu conversei um pouco com ele e me foi revelado coisas a
seu respeito, que me deixaram preocupada.
-O que aquele
irresponsável fez dessa vez? Aposto que andou difamando meu nome.
- Ele me revelou algo
sobre uma planta vinda do Brasil encomendada pelo senhor, uma planta exótica e
de um veneno mortal, me disse que era por causa de uma infestação de ratos, isso
é verdade?
- Sim é verdade e deixe
eu lhe mostrar como ela é eficiente, veja nesse saco preto a quantidade de
ratos que já exterminei com seu veneno.
Enzo
abriu o saco e o cheiro era insuportável, nele havia vários ratos mortos de
todos os tamanhos.
- Mon dieu, que coisa
horrorosa! Disse Louise.
- Acredita em mim
agora? Ele não mentiu sobre isso e até acho nobre de sua pessoa, uma vez que
nada de bom posso esperar de meu irmão.
- Tem outra coisa que
ele me contou e que talvez o senhor se ofenda um pouco.
- O que seria madame?
-Ele me disse que o
senhor tem uma amante e que eu encontraria as respostas para minhas perguntas
com o senhor.
- Maldito seja você
Luca, desculpe minhas palavras detetive, mas meu irmão costuma me tirar do
sério.
- Eu já estou acostumada
com esse tipo de linguagem e já escutei muita coisa pior em minha carreira, me
diga senhor Enzo isso é verdade?
-Infelizmente sim
senhora, me sinto muito mal com essa situação e em memória de Mirella eu dei
fim a esse relacionamento.
- Entendo, mas você
poderia me dizer quem era sua suposta amante?
- Já que tudo acabou
eu posso dizer, era Tatiana a jovem russa do teatro.
- Eu já suspeitava que
o ciúme que tinha de Mirella não se limitava somente ao palco, o senhor acha
que ela pode ter algo a ver com o assassinato?
- De forma alguma não,
ela é uma moça muito dócil e não faria mal a ninguém, eu saberia se ela
tramasse algo com certeza, mas você deve ficar de olho no diretor Lorenzo, pois
o vi conversando com meu irmão no teatro em várias situações e certa vez ele
comentou que sua obra ficaria marcada para sempre, pelo bem ou pelo mal.
- Interessante linha
de pensamento, algo a se verificar mais de perto.
Mais
dúvidas estavam se formando na mente de Louise.
- Seria um jogo de
xadrez em que as peças se movem por conta própria ou alguém estava jogando dos
dois lados?
- Mas onde estaria a
arma do crime e qual ligação de Luca com Lorenzo?
Mais
perguntas sem respostas, o que levou Louise a lembrar de um caso complicado de alguns
anos atrás, um assassinato ocorrido no Cairo, no Egito, que envolvia quatro
suspeitos sem ligação direta no crime, mas que no final se provou o contrário.
Estava
seguindo essa linha de pensamento, mas teria que ligar os fatos e provas a um
provável assassino e quatro cúmplices, algo difícil de dizer sem a prova principal
e sem ninguém confessar tal crime.
- Está parecendo um
jogo de intrigas, onde cada um aponta um suspeito sutilmente. Mas quem é
realmente Lorenzo? Seria apenas um homem ambicioso e sem escrúpulos a pondo de
fazer de tudo em busca da fama e sucesso, ou uma mente criminosa e
manipuladora?
Louise
novamente teria que buscar respostas com Luca, as insinuações de Enzo a
deixaram bem intrigada naquele momento, queria juntar as peças que faltavam
antes que alguém escapasse sem deixar rastros.
Louise
estava de volta à delegacia e disposta a tirar as respostas que precisava de
Luca, estava cansada desse jogo de palavras sem sentido.
Louise
entrou na sala e encarou Luca diretamente e sem dizer nada se sentou e tirou
novamente suas anotações, colocando-as sob a mesa.
- Vamos ser diretos e
deixar esse seu joguinho de lado, confirmei sua história com seu irmão, até ai
está tudo certo, mas surgiu algo que me deixou um pouco intrigada, qual sua
relação com o diretor do teatro, o Lorenzo? Perguntou Louise com o semblante
sério.
- Achei que você fosse
mais esperta detetive, mas vejo que sua investigação está cheia de pontas
soltas.
- O que você quer
dizer com isso? Chega de joguinhos e me diga a verdade, antes que mande prender
você de uma vez, não queira testar minha paciência, pois ela tem um limite e
você está cruzando uma linha muito perigosa, nesse momento, me diga a verdade.
Louise
se irritou e bateu com força na mesa fazendo Luca se jogar para trás, quase
caindo da cadeira.
- Calma detetive, já
vamos chegar lá, tenha paciência e desfrute do prêmio no final, você já tem o
coringa, agora só falta colocar as cartas na mesa.
- Cansei do seu
joguinho, aproveite sua noite em uma cela fria e solitária.
Louise
chamou um dos guardas para escoltar Luca até uma das celas.
- Você não pode fazer
isso, não tem provas contra mim.
- Posso e estou
fazendo, você é suspeito de um crime e está omitindo informações e até que se
prove o contrário vai ficar preso.
Agora
Louise precisava encontrar uma maneira de descobrir a ligação de Luca com
Lorenzo, já que nada de concreto conseguiu tirar de seu depoimento, estava
cansada de charadas e sua paciência tinha chego ao limite.
Louise
então resolveu virar o jogo e mandou que alguns policiais fossem até o teatro
buscar Lorenzo para um interrogatório, ao mesmo tempo pediu que fizessem uma
busca em seus objetos pessoais, queria encontrar algo que o ligasse a Luca e
por fim ao crime.
Lorenzo
estava agitado, quando chegou à delegacia, não sabia o que esperar e nem o porquê
de estar ali.
- Sente-se e fique à
vontade, senhor Lorenzo.
- Por que estou aqui
detetive? Perguntou.
- O senhor está aqui
para um interrogatório, não está à vontade presumo eu, está com uma aparência
cansada ou é apenas preocupação?
- Estou cansado sim
senhora, tem sido uma semana difícil e como já deve saber meu espetáculo vai
novamente estrear em alguns dias, temos uma nova estrela no papel de cisne
negro.
- Eu já estou sabendo
que é Tatiana, bem conveniente para ela imagino, já que era seu sonho estrelar
como atriz principal, só acho que sua voz não se compara com a da falecida
Mirella, bom, mas é o que temos no momento, o senhor não acha?
- Mirella jamais vai
ser esquecida e não tem como comparar uma estrela com uma jovem iniciante ao
estrelato.
- Concordo com seu
ponto de vista, mas não é onde quero chegar com esse interrogatório e sim na
sua ligação com Luca irmão de Enzo.
- Mal conheço esse
rapaz, ele foi algumas vezes no teatro me pedir emprego, nada, além disso.
Louise
pensou por um segundo, quando um policial entrou na sala e a chamou.
- Encontramos algo
estranho nos pertences do senhor Lorenzo, parece um cano feito de madeira com
enfeites indígenas.
- Mon dieu a
zarabatana usada no crime, bom trabalho rapazes.
Louise
entrou na sala e trazia com ela a arma usada no crime, sentou-se em sua cadeira
e colocou sobre a mesa para espanto de Lorenzo.
- Você reconhece esse
objeto senhor Lorenzo?
- Nunca vi esse tipo
de coisa madame, o que é isso? Perguntou
- É chamada de
zarabatana no Brasil e é usada pelos índios locais para caçar animais, essa é a
arma que foi usada para matar Mirella e foi encontrada no teatro junto a seus
pertences.
- Isso não é meu, alguém
está tentando me incriminar.
- Deixe desse seu
joguinho bobo e diga a verdade, seu amigo está em uma cela aqui ao lado e já me
contou tudo.
- Eu estou dizendo a
verdade detetive, não conheço esse objeto e não sei como foi parar em minhas
coisas.
- Até que se prove o
contrário, você é suspeito de assassinato e ficará detido até o final dessa
investigação e cuide com o que diz agora, pois pode ser usado contra você no
futuro.
Louise
chamou os guardas para escoltarem Lorenzo até a uma das celas. Precisava
interrogar Luca novamente. Sua intuição dizia que mais pessoas estavam
envolvidas no crime e que todos estavam encobrindo algo, o círculo começava a
se fechar para Louise e revelações seriam feitas nas próximas horas.
Dois coelhos na mesma armadilha
Louise estava com sua
armadilha pronta para pegar Luca, só não sabia se ele cairia em sua conversa.
- Eu espero que agora
você seja mais direto e verdadeiro em suas respostas Luca, seu amigo Lorenzo
também está em uma cela neste momento e ele nos disse tudo e sua situação só
está complicando neste momento.
- Você acha que me
engana detetive com seu jogo duplo, já disse para você investigar melhor meu
irmão, ele sim tem algo a esconder e somente ele teria algo a ganhar com a
morte de Mirella.
- Ele já me contou
tudo que eu precisava saber, basta você me dizer tudo que sabe e talvez eu
consiga que sua pena não seja de morte.
- Você me faz rir
detetive, o que tem contra mim de concreto, uma planta que fui buscar para meu
irmão, isso me torna um assassino? Acho que não.
- Você se acha muito
esperto não é Luca? Mas não passa de um garoto mimado e que vive à sombra do
irmão.
- Meu irmão não faz
nada sozinho, eu faço tudo para ele, porque na verdade ele é um covarde. Começou
a se irritar e falar em tom alto.
- Quem você acha que
ele pediria para se livrar da esposa se não eu? Ficou mudo.
- O que você disse, então
foi ele que pediu para você matá-la?
- Você e sua boca
grande Luca, você conseguiu me tirar do sério detetive e quando isso acontece
as verdades saem de minha cabeça feito ratos fugindo do fogo.
Louise
conseguiu tirar o máximo da verdade de Luca e agora tudo se encaixava, só
faltavam as peças principais em seu tabuleiro de xadrez.
Louise
mandou chamar todos que ela achava serem suspeitos ou que tivessem algum
envolvimento com Mirella e os colocou em uma sala para finalmente esclarecer
todo mistério, que envolvia o caso.
Lá
estavam o marido Enzo, a jovem Tatiana, a empregada Rose, Luca e Lorenzo, o
clima era tenso e ninguém sabia o que esperar naquele momento.
Louise
entrou na sala acompanhada de dois policiais e com ela a zarabatana, o dardo e
a planta exótica vinda do Brasil.
- Eu sei que vocês
devem estar se perguntando o que significa esses objetos em cima da mesa? Bom, deixe-me
explicar o porquê de cada um deles, começando pela planta exótica vinda do
Brasil, foi dela que extraíram o veneno que matou Mirella, veneno esse que foi
colocado nesse pequeno dardo e disparado por esse cano chamado zarabatana, ele
é muito utilizado pelas tribos indígenas na Amazônia para atordoar e matar
animais, foi o caso de nossa querida Mirella, que além de ser envenenada, ainda
tinha uma grande quantidade de aspirina em seu corpo, isso fez com que o veneno
tivesse uma reação mais rápida e letal.
Começou
a falar, de um lado a outro na sala:
- Essa planta chegou
até à Itália por intermédio de Marie e seu primo que mora no Brasil e foi
retirada na Alfândega por Luca, irmão de Enzo, com a finalidade de extrair o
veneno para matar uma infestação de ratos em sua casa, uma vez que Enzo é um
grande admirador de plantas raras e exóticas, até o momento está tudo certo, mas
quando alguém se apropria do veneno e usa para fins criminosos começa um jogo
de xadrez, onde as peças se movem por conta própria meus amigos e vocês são
essas peças.
E
continuou:
- Uma grande
conspiração foi formada a partir da chegada dessa planta, em solo italiano, a
jovem Tatiana que há muito queria ser estrela principal de uma ópera, o nosso viúvo
e fiel marido, agora nem tanto já que sabemos que ele nutria uma paixão por
Tatiana e um caso secreto que só terminou após a morte de Mirella, o nosso
aclamado diretor do teatro, que não mede esforços para alcançar fama e sucesso,
a qualquer preço, Luca o irmão problemático e nosso mensageiro e por fim Marie,
a fiel empregada de Mirella e nossa ponte entre o Brasil e a Itália.
Gesticulava
com precisão diante dos olhos atônitos dos espectadores assustados:
- Agora vamos aos
fatos reais de toda essa trama, foi feita uma busca no teatro e entre os
pertences de Lorenzo foi encontrado a nossa arma do crime a tal zarabatana, a
planta estava como todos sabem em posse de nosso amigo e viúvo Enzo, mas quem
teria vantagem na morte de Mirella e por que matá-la foi a melhor solução? Em
primeiro lugar o maior beneficiado seria Enzo, o marido infiel, uma vez que viúvo
ele poderia seguir adiante com seu romance com Tatiana e em segundo lugar, por que
Mirella tinha um seguro de vida milionário, em que o beneficiário seria Enzo, não
muito atrás vem o nosso amigo Lorenzo, que com a morte de Mirella ganhou mais
fama e publicidade em seu espetáculo do cisne negro, a ponto de uma reestreia
com casa lotada e divulgação em todos os jornais locais, Tatiana por tirar uma
adversária poderosa de seu caminho, tornando-se ela a mais nova estrela a
representar o cisne negro na ópera e nosso amigo Luca, que foi a peça principal
de toda essa trama e o nosso assassino. De toda essa trama somente uma pessoa é
inocente e foi usada sem saber de nada, nossa querida Marie.
-Você não tem provas
nem uma confissão assinada de ninguém, disse Enzo.
- Tenho sim e do seu
próprio irmão, que após uma discussão deixou sair algo que não queria contar, por
isso eu fiz um acordo com ele em troca da verdade e dos nomes dos envolvidos, portanto
Enzo, Tatiana e Lorenzo vocês estão presos por conspiração e por mandar
matar Mirella Caruso e, é claro, Luca por ter assassinado nossa vítima. Podem
levá-los policiais e Marie você está livre para ir.
- Obrigado por
esclarecer a morte da nossa queria Mirella, eu nunca imaginei que o senhor Enzo
faria uma coisa dessas em todo minha vida.
- Por dinheiro e amor
minha querida têm pessoas que fazem de tudo para se dar bem.
Louise
saiu na primeira página do jornal mais importante da Itália, onde dizia a
seguinte manchete:
Detetive francesa desvenda conspiração e
morte de Mirella Caruso.
Finalmente estava de
volta em casa e foi recebida com honras pelo diretor geral da polícia francesa,
ganhou uma medalha e foi promovida a chefe geral de investigação criminal, não
podia estar mais feliz, com mais um caso resolvido e seu nome seria para sempre
lembrado como uma das maiores investigadoras da policia francesa. - Louise você
é demais! Pensou ela após ler seu nome em uma placa em sua nova sala.
Fim
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