Sam olhou para a mansão pelo portão de ferro, com detalhes dourados e se sentiu muito pequeno diante do tamanho da casa.
Seus olhos brilhavam e seu coração estava batendo muito forte, a emoção era tanta que resolveu pular o muro e chegar mais perto. Usou algumas plantas que cobriam quase todo o muro e escalou sem problemas.
Era um menino muito pobre, morava com os pais e a irmã caçula em um casebre de três peças, dividia sua cama no chão com a irmã, mesmo assim era uma criança feliz e se sentia amado por todos, mas nesse dia resolveu tomar uma decisão, que não acabaria bem para ele.
Chegou mais perto e viu que a porta estava apenas encostada e foi entrando, ao chegar ao salão principal ficou espantado com o tamanho do lugar, chegou a rir ao pensar em morar ali, num lugar tão grande, onde sua pequena casa caberia naquele espaço umas três vezes.
Olhava tudo com cuidado e estava curioso para ver o andar de cima, a escada era em mármore toda branca, com flores desenhadas em seus degraus. Enquanto subia observavas os quadros pendurados ao longo da escada, mas o que chamou sua atenção ao chegar ao topo foi um quadro em tamanho natural, bem no meio do andar. Era o retrato de um homem velho e com barba grisalha, que vestia uma roupa antiga para a
época e tinha olhos muito sinistros, pareciam encará-lo aonde fosse.
Entrou numa sala cheia de estátuas e troféus, nunca tinha visto nada tão assustador quanto aquilo, estátuas de animais e homens que pareciam ter vida própria, Ao tocar em uma caixa de música em cima da escrivaninha deixou cair um vidro de perfume, que se partiu e fez um barulho que o assustou. Ele saiu correndo de volta ao corredor, com as mãos nos joelhos e sem fôlego, resolveu descer antes que alguém aparecesse por ali.
Ao descer deu mais uma olhada no quadro assustador e pensou:
- Será que esse homem assustador mora aqui?
Seguiu em direção ao salão principal e começou a procurar pela cozinha, estava com fome e tinha sede, sua última refeição foi um prato de sopa e um copo de água. Finalmente encontrou a cozinha e nela uma mesa com vários tipos de pães, frutas e suco de laranja, sem pensar agarrou um pedaço de pão e comeu sem mastigar tamanha fome que tinha, quando foi pegar uma maçã notou que alguém o observava na porta, levou um susto e tentou correr, mas foi pego pelo homem que o observava.
- Onde pensa que vai menino? Disse ele.
- Desculpe senhor, só estava com fome.
- Você invadiu uma propriedade particular seu ladrãozinho, tem que pagar.
- Por favor, senhor. Eu prometo que vou embora e não volto nunca mais.
- Tarde demais garoto, vou te levar para um lugar onde você vai aprender uma lição.
O homem era bem idoso e vestia um terno preto e chapéu, era magro e sua aparência era bem pálida como se estivesse doente e à beira da morte.
Pegou Sam pelo braço e o levou para o pátio atrás da casa, era um lugar bem bonito, cheio de plantas e bancos cobertos de folhas e tinha mais estátuas em toda sua volta e essas eram bem mais assustadoras, algumas eram em formato de dragões e demônios e outras de animais ferozes. Sam começou a reclamar do seu braço que estava doendo, devido a força do homem em arrastá-lo para fora.
- O senhor está machucando meu braço.
- Isso não é nada garoto, você vai ver o que o aguarda mais à frente.
Chegaram a um velho galpão feito de madeira e com alguns enfeites religiosos, pareciam feitos por escravos africanos, o homem então apontou para uma cemitério que ficava próximo a uma fonte de água, nela tinha uma estátua de mulher segurando um peixe e então disse:
- Está vendo o cemitério? Ele foi feito na época dos escravos e todos que morriam eram enterrados ali, para o bem ou para o mal alguns se recusam a ficar lá e continuam vagando pelo lugar, abriu a porta do galpão e jogou Sam para dentro.
- Fique aí e espere o anoitecer, se você conseguir atravessar essa noite, então pela manhã eu liberto você.
- Não senhor, tenho que ir para casa, tenho uma irmã caçula e cuido dela.
- Seus pais não sabem que você está aqui?
- Não senhor, eu vim escondido e senão voltar eles vão ficar muito preocupados.
- Melhor ainda, nunca irão procurar por você aqui, fique quieto, senão vou voltar e bater em você com um chicote, da mesma forma que o Barão fazia com os escravos que não obedeciam. Fechou a porta e foi embora.
Não tinha como Sam sair do lugar, as janelas eram no alto e estavam todas lacradas e a porta tinha sido fechada com uma corrente e cadeado.
As horas foram passando e Sam cada vez mais assustado, fez várias tentativas de abrir a porta, mas não tinha força, era apenas uma criança de 12 anos, resolveu ficar em um canto encolhido e pegou no sono.
A noite chegou e o lugar ficou totalmente escuro, apenas alguns feixes de luz entravam pelas frestas de madeira do lugar.
Acordou com um barulho vindo do fundo do balcão, não conseguia ver nada e começou a gritar por ajuda, mas ninguém respondeu. O barulho foi aumentando e pareciam correntes sendo arrastadas pelo chão, até que no meio das sombras surgem
três homens negros com correntes em seus pés, eram magros e seus olhos não tinham brilho algum, eram totalmente brancos como se fossem cegos. Sam não conseguia se mexer de pavor e sua voz não saia mais, os três homens continuaram em sua direção, até que um deles abriu a boca e dela saíram várias moscas que voaram em cima de Sam, ele se debatia tentando tirá-las, mas continuavam vindo, o segundo segurou seu braço com sua mão fria e cadavérica, então arregalou seus olhos até ficarem brancos como os
deles, o terceiro colocou correntes em seus tornozelos e o levantou fazendo com que caminhasse com eles em direção a escuridão, depois sumiram sem deixar nenhum rastro para trás.
No dia seguinte o estranho homem foi até o galpão ver se Sam ainda estava lá, mas quando abriu a porta não encontrou nada.
- Bom trabalho rapazes, menos um trombadinha no mundo, eu avisei que você iria pagar por ser metido, seu ladrãozinho.
A mansão continuava quieta a vazia até a chegada de Mary, a sobrinha do atual dono, um dos irmãos do Barão que ainda estava vivo, com quase noventa anos.
Mary morava na cidade vizinha, estava de férias da faculdade e resolveu visitar o tio. Tocou a campainha e quem abriu foi o homem misterioso com seu terno preto.
- Mary é você? Como cresceu!
- Olá Alfred, meu tio está em casa?
- Não minha querida, ele está caçando com os amigos, mas volta hoje no final do dia, mas entre, esteja em casa, você vai ficar para o jantar?
- Na verdade vou ficar o final de semana, se meu tio não se importar.
-Claro que não vai se importar, você é da família querida.
- Nossa a casa não mudou nada desde a última vez que estive aqui.
-Seu tio não gosta de mudar o passado, diz que tudo tem que ficar onde está e que as lembranças tem que ficar sempre presentes no lugar. Tem um apego muito grande a esse lugar, passou a vida inteira aqui e quer passar seus últimos dias nessa casa.
-Acho justo já que ele é o último dos irmão ainda de pé, meu pai gostava desse lugar, mas teve que ir embora devido a uma ótima oportunidade de trabalho fora do país. Bom vou me acomodar e depois vou dar uma volta pelo lugar, matar as saudades.
- Deixe que eu levo suas malas minha querida.
- Não precisa Alfred, só tenho uma mala e não trouxe muita roupa, meu quarto ainda está no mesmo lugar?
- Sim. exatamente como deixou da última vez.
- Então eu vou indo, te vejo daqui a pouco.
- Está bem senhora.
Mary tomou um banho e trocou de roupa, estava quente naquele dia apesar de ser primavera, por isso colocou um vestido curto e calçou chinelos.
Alfred estava esperando na sala com um copo de suco e alguns petiscos para Mary.
- Mary querida você deve estar com sede, fiz um suco de laranja e alguns salgadinhos para você beliscar.
- Não precisava Alfred, não estou com fome, mas vou tomar um copo de suco, obrigada.
- O que precisar me chame Mary.
- Pode deixar que chamo.
Mary tomou seu suco e começou a andar pelo jardim e achou que estava muito mal cuidado, era como se o local estivesse abandonado há anos, nem o velho labirinto de plantas existia mais, agora era apenas galhos secos e caídos no chão.
Então pensou, nossa o que fizeram com esse jardim? Meu tio sempre deu muito valor a esse lugar e agora esta assim. Mary resolveu dar a volta na casa e ver como estava o antigo jardim de estátuas, costumava brincar horas naquele lugar, mas nunca chegava perto do cemitério de escravos, pois tinha muito medo.
Quando chegou ao jardim ficou espantada com o estado do lugar, suas lembranças vieram à tona no momento em que viu as estátuas e seus bancos, muitas das vezes pegava no sono após brincar muito e acordava só quando anoitecia. Andou pelo lugar com olhar de tristeza e espanto, mas quando viu o velho cemitério parou e se arrepiou de medo, a inda tinha trauma daquele lugar e não conseguia chegar perto. Em
frente ao velho galpão avistou a figura de um menino, tinha o olhar triste e ficou encarando ela por alguns segundos, até sair correndo em meio aos túmulos e desaparecer.
- Menino venha aqui, você está perdido? Gritou ela. Nenhuma resposta se ouviu e então resolveu voltar à mansão. Chegando lá resolveu perguntar a Alfred se ele já tinha visto aquele garoto na casa.
- Alfred, agora a pouco eu vi um menino perto do velho galpão, você já tinha visto ele por aqui?
-Não Mary, nunca vi ninguém além de mim e seu tio nessa casa e um menino que diabos ele estaria fazendo aqui.
- Não sei, mas achei muito estranho, eu o chamei, mas ele saiu correndo em meio aos túmulos e sumiu.
-Vai ver é algum desses moleques que gostam de bisbilhotar os lugares onde moram os ricos.
- Pode ser, mas mesmo assim é perigoso, ele pode se machucar brincando naquele lugar e por falar em lugar Alfred, por que o jardim da frente e dos fundos está tão mal cuidado? Meu tio nunca deixaria isso acontecer.
- Minha querida, seu tio está velho e não liga mais para esse tipo de coisa, seu passatempo agora são suas caçadas e às vezes jogamos um pouco de xadrez.
Nesse momento eles escutam barulho de cavalos chegando à mansão.
- Deve ser seu tio chegando Mary, vamos lá ver.
Mary estava apreensiva, pois não via seu tio há um ano. Quando chegou à porta gritou de alegria para seu tio que desmontava do seu cavalo.
-Titio, sou eu Mary. Então correu a seu encontro e lhe deu um forte abraço.
- Mary como você cresceu em um ano, meu Deus! Seu pai ficaria orgulhoso de ver você tão crescida e bela.
- Já sou uma adulta Titio, fiz dezoito anos mês passado e já estou na faculdade.
- Nossa como o tempo passa e estou cada dia mais velho.
- Que nada Titio o senhor está bem apesar da idade, como foi a caçada?
- Nada boa querida, não acertei um animal só algumas árvores. Os dois riram alto e entraram junto com Alfred.
-Titio hoje eu vi lá no jardim dos fundos um menino, ele parecia triste e perdido. Alfred olhou para ele com cara de desconfiança e disse.
- Eu já disse para ela que era um desses moleques que ficam bisbilhotando o lugar, nada com o que se preocupar.
- É verdade Mary, às vezes eles vêm aqui brincar e se esconder de seus amigos, mas me diga você vai ficar esse final de semana?
- Sim Tio, vou ficar, depois vou visitar a Mamãe lá no sul, faz tempo que não a vejo e fico preocupada dela morar sozinha em uma cidade grande.
- Ela sabe se cuidar e além do mais seu pai deixou um bom dinheiro para ela, necessidade ela não está passando.
- Eu sei, só não gosto dela estar sozinha, pensei até em ir morar com ela, mas a faculdade teria que ser trancada e eu teria que arrumar outro curso por lá.
- É verdade, mas fique tranquila ela deve estar bem, vou tomar um banho e depois eu desço para conversarmos mais.
- Está bem Titio, até mais tarde!
Alfred costumava a chamá-lo de barão e não pelo nome, uma vez que todos haviam morrido, ficando ele com o título.
- Barão o senhor vai jogar xadrez mais tarde?
- Se minha sobrinha quiser podemos jogar.
- Por mim, tudo bem.
- Até mais então, disse ele.
Já eram sete horas da noite e nem sinal do Barão, Mary começou a ficar preocupada.
- Alfred não é melhor ir ver se meu tio está bem?
- O barão só desce após sua soneca de descanso, sempre faz isso depois de um dia de caçada.
- Está bem então, vou até a biblioteca e se ele aparecer me chame.
- Está bem senhorita, Mary.
Chegou à biblioteca e notou que a janela estava aberta, Alfred costuma fechar a
casa às seis e é muito metódico nunca esquece nada. Não deu muita bola apenas a fechou e pegou um dos livros que era de seu pai. Era um livro em capa preta
e enrolado em uma fita, o livro dos espíritos disse ela, seu pai gostava muito desse livro e passava horas na biblioteca lendo. Começou a folhear o livro e notou que uma de suas páginas estava faltando, era a continuação de um feitiço que aprisionava almas, ficou surpresa, pois seu pai nunca estragaria um livro, para ele livros eram sagrados. Alfred apareceu na porta avisando que seu tio já tinha descido.
-Já estou indo Alfred, avise meu tio.
Mary pegou o livro e guardou em uma gaveta, estava curiosa para saber onde estava a página que faltava.
- Olá Tio, conseguiu descansar?
- Sim, tirei uma soneca e já estou pronto para outra.
- Me tire uma dúvida Tio, eu estava lendo um dos livros de papai e notei que uma das folhas foi arrancada, o senhor tem alguma ideia, por que Papai iria fazer isso?
- Olha minha querida não tenho ideia do que possa ter acontecido, seu Pai era muito reservado e ficava horas trancado na biblioteca lendo.
- Amanhã vou dar mais uma olhada na biblioteca, quem sabe está perdida em algum lugar.
- Pode ser que sim querida, vamos jogar xadrez?
- Não vamos jantar antes Titio?
- Não vou jantar querida, comi antes da caçada, mas Alfred pode preparar algo para você.
- Não se preocupe, depois eu como um sanduíche antes de dormir, falando em dormir eu prefiro ficar no quarto da ala sul aqui em baixo, tem algum problema para o senhor?
- Não minha querida, mas porque você quer esse quarto?
- Meu pai costumava ficar nele, às vezes tinha insônia lembra? Acordava no meio da noite e ficava lendo na biblioteca até dormir, muitas vezes acordou na poltrona com um livro na mão.
- É verdade, lembrei agora.
- E se eu tiver insônia, farei o mesmo Titio.
- Bom vamos jogar?
- Acho que vou deixar para outro dia Titio, vou comer algo e me deitar, se o senhor não se importar.
- Claro sem problemas, podemos jogar amanhã, tenha uma boa noite.
- Boa noite para o senhor também.
Mary fez um lanche rápido na cozinha, passou na biblioteca e pegou um livro para ler na cama. Ela foi para cama às oito horas e começou a ler o livro, a página faltante a deixou com uma pulga atrás da orelha.
Já passava das dez quando pegou no sono, despertou em seguida com um barulho que vinha de fora da casa, levantou assustada ao ver que a janela estava aberta e alguém a estava observando do lado de fora, parecia um dos escravos que trabalhou na casa há muitos anos atrás. Seu corpo entrou em choque e não conseguia falar, então o homem apontou em direção a ela e soltou um grito que a deixou quase surda, com muito esforço conseguiu se mexer e soltou um grito de socorro fazendo ecoar por toda casa, quando Alfred chegou abrindo a porta rapidamente a figura já havia sumido.
- O que aconteceu querida? Ouvi seu grito e vim o mais depressa possível.
- Tinha um homem na janela, eu não sei como ele abriu, ela estava fechada quando me deitei, depois peguei no sono e quando acordei ele estava ali parada me olhando.
- Ele quem Mary, quem era esse homem?
- Parecia um dos escravos que trabalhava aqui nos tempos do Vovô, ele apontou para mim e soltou um grito de horror que me deixou tonta.
- Pode ter sido um sonho, quem sabe você imaginou tudo isso?
- Não foi imaginação, eu sei o que vi, onde está meu tio?
- Seu tio tem o sono pesado, nada o acorda, a não ser que a casa esteja pegando fogo.
- Feche a janela, por favor, Alfred.
- Você não quer dormir lá em cima, no seu velho quarto?
- Não vou ficar por aqui e ler mais um pouco antes de dormir.
- Vou dar uma olhada nos arredores da casa, pode ficar tranquila se tiver alguém na propriedade vou achar.
- Obrigada Alfred, fico mais aliviada.
A noite seguiu sem nenhum problema e Mary dormiu como uma criança.
Na manhã seguinte acordou cedo e foi correr pela propriedade, gostava de acordar e fazer exercícios antes do café. Quando chegou aos arredores do cemitério avistou o mesmo menino do outro dia, mas desta vez ele estava sentado em um túmulo e parecia bem triste. Arrumou coragem e foi até ele, nunca chegou tão perto daquele cemitério como agora, pensava que o menino estivesse machucado e queria ajudá-lo.
- Olá menino, qual seu nome, você está machucado?
Nada do garoto responder, continuava de cabeça baixa e murmurava algo bem baixinho.
- Você está perdido, onde estão seus pais?
Nesse momento levantou a cabeça e olhou em direção a Mary, seus olhos eram brancos e sem vida. Mary assustada perguntou:
- Quem fez isso com você? Apontou em direção ao velho galpão e saiu correndo novamente até sumir entre os túmulos. Mary resolveu então dar uma olhada no velho galpão. A porta estava bloqueada, fez um esforço e conseguiu abrir, tinha um cheiro estranho como se alguém tivesse morrido ali. O local era muito escuro, mas deu para notar que havia várias correntes no chão, como se o local fosse algum tipo de prisão e as correntes serviam para não deixar que escapassem, sentia que alguém tinha morrido naquele lugar, um frio repentino entrou no lugar fazendo com que Mary tivesse calafrios. Ela se sentiu tão mal que resolveu sair o mais rápido possível daquele
lugar, mas a porta se fechou e ela não conseguia abrir. Começou a ouvir barulhos de correntes vindos do fundo do galpão, estava muito escuro e não conseguiu ver nada somente barulhos. Os barulhos começaram a ficar mais altos e pareciam mais perto, sentiu uma presença no local e alguém a tocou no braço, deu um
grito de susto e se se encostou à porta com os olhos fechados, rezava baixinho para que tudo passasse. Foi então que resolveu abrir os olhos e o que viu gelou até sua alma, vários escravos acorrentados estavam à sua frente, seus olhos eram brancos e a pele parecia apodrecida, começou a gritar pedindo ajuda, mas ninguém a ouviu, resolveu encará-los e perguntou:
- O que vocês querem comigo? Deixem-me em paz.
Os fantasmas dos escravos juntaram as mãos e tocaram Mary que quase desmaiou. Nesse momento uma imagem surgiu em sua cabeça, eram pequenos trechos do que aconteceu com cada um e suas respectivas mortes, entre todos eles estava a figura de seu avô, o homem que construiu a mansão às custas das mortes de seus escravos. Quando tudo passou Mary caiu no chão e todos sumiram, a porta se
abriu e Mary conseguiu sair correndo até a mansão. Alfred vendo o estado de Mary correu ao seu encontro.
- O que aconteceu Mary? Você está pálida, parece que viu um fantasma.
- Eu vi Alfred, estava correndo e quando cheguei perto do cemitério vi o garotinho novamente, ele estava sentado em um túmulo, quando me aproximei e ele me olhou... Alfred ele tinha os olhos brancos parecia cego ou algo assim, então apontou para o galpão e saiu correndo, tive que ir lá olhar e fiquei presa com escravos acorrentados que me fizeram ter visões, foi horrível não quero ir mais lá.
- Mary você está passando por algo novo, devem ser as lembranças do lugar que estão vindo à tona ou algo está errado com você, quer um calmante ou uma bebida?
- Não quero nada, onde está meu tio? Preciso falar com ele.
- Seu tio acordou cedo e saiu, não se que horas volta.
- Está bem, vou tomar um banho e depois vou para a biblioteca.
- Você quer que leve algo para você, um café ou suco e algo para comer?
- Apenas um suco e uma fruta se puder.
- Vou providenciar, levo num minuto.
Mary tomou banho e foi direto para a biblioteca, quando chegou viu que tinha uma bandeja com suco e algumas frutas. Tomou um gole e mordeu uma maçã, então começou uma busca pela página perdida do livro de seu pai. Procurou em todos os lugares possíveis, mas não encontrou nada, apenas anotações de seu pai sobre jogos e algumas velhas pinturas que ele gostava de colecionar. Decidiu dar mais uma olhada
no livro e na página anterior notou algo que chamou sua atenção. Se a página anterior ensinava como aprisionar almas, então a próxima página ensinava como quebrar o feitiço e libertá-las, mas porque alguém faria isso?
Ficou pensando até sair, então decidiu procurar a tal página pela casa, senão está aqui pode estar em qualquer lugar dessa casa, mas ela é enorme e nem sei por onde começar. E se estiver no antigo quarto de Papai, mas dormi lá e não notei nada de diferente, mas se titio estiver mentindo sobre o livro?
Mary então resolveu fazer uma busca no quarto de seu tio, aproveitou que ele estava fora e subiu até lá. O quarto de seu tio tinha apenas a cama e uma escrivaninha velha de madeira, além de seu guarda roupas, mas ali não encontrou nada. Notou que a escrivaninha tinha uma gaveta e só abria com uma chave, pensou em onde estaria a tal
Chave? E se ela estivesse o tempo todo com ele? Procurou embaixo do colchão e em cima do guarda roupas, mas não encontrou nada.
Alfred apareceu de repente na porta e com ar de desconfiança perguntou.
- O que você está procurando no quarto de seu tio, Mary?
- Nada não Alfred, achei ter visto um rato entrando aqui, enquanto passava no corredor, mas se tinha algum já foi embora.
- Vou dar uma caminhada pela casa, faz tempo que não exploro a velha mansão, até mais Alfred.
Alfred ficou observando Mary com uma cara de poucos amigos enquanto ela sumia nos corredores da casa.
Mary parou em frente ao velho retrato de seu avô e ficou pensando:
- Será que você fez todas aquelas coisas, que os fantasmas me mostraram, você foi um homem muito mau Vovô?
Os olhos do barão pareciam olhar fixamente para Mary, em um momento até achou que eles tinham se mexido. Devo estar louca mesmo, agora estou vendo os olhos do quadro se mexer.
Já passava das sete horas, quando Mary terminou de fazer sua busca pela casa, mas não encontrou nada.
Durante todo dia não se encontrou com seu Tio e começou a achar estranho essas saídas repentinas e o mal estar que vinha sentindo.
Sempre sumia e não aparecia para comer, resolveu falar com Alfred novamente sobre seu tio.
- Alfred preciso te perguntar algo.
- O QUE foi Mary? Algum problema com fantasmas? Começou a rir.
- Não brinque com essas coisas Alfred, isso existe mesmo e sei bem o que vi, mas me diga meu tio está bem de saúde?
- Por que pergunta senhorita?
- Acho estranho essas saídas dele e além do mais nunca está aqui na hora das refeições, ele tem saído muito, está fazendo algum tipo de tratamento médico?
- Não Mary ele está muito bem de saúde, às vezes fica indisposto e não come muito também, tem dias que come na cama.
-Muito bem, mas onde ele está agora? Não o vi o dia todo.
- Deve estar chegando, me disse pela manhã que tinha negócios a resolver na cidade e que não viria para o almoço.
Mary ficou pensando e perguntou em tom irônico:
- Você sabe mais do que me diz não é Alfred?
- O que eu poderia saber e porque esconderia algo de você?
- Não sei, mas essa sua história tem umas pontas soltas e vou descobrir, até mais Alfred.
Saiu em direção à rua com um sorriso falso no rosto. Alfred ficou olhando com um semblante de preocupação.
Mary resolveu dar uma olhada no velho labirinto de plantas, ou no que sobrou dele. Mary não acreditava que um lugar tão bonito tivesse se transformado em algo sem vida e mórbido, começou a andar pelos corredores de plantas mortas e notou que uma ainda tinha vida, estava bem verde e tentava se agarrar nas partes velhas e murchas, obre planta tentando sobreviver em meio a esse monte de morte! Quando foi tocar na planta uma mão escura e apodrecida saiu de dentro dos arbustos e agarrou seu braço; Mary começou a gritar, mas a mão não a soltava. Então o menino do cemitério apareceu e a puxou para trás, conseguindo soltá-la, mas em seguida saiu correndo pelos corredores do labirinto.
- Menino volte aqui preciso falar com você, dizia Mary.
Mas ele tinha sumido de novo. Saiu correndo, pois não queria ser surpreendida novamente por algum fantasma que ali podia ter. Mary chegou a casa gritando com Alfred e fazendo gestos meio histéricos.
- Onde está meu Tio Alfred? Preciso falar com ele agora.
- Calma, o que aconteceu?
- Chega de me enrolar, onde ele está?
Seu tio surgiu na porta naquele momento e questionou Mary pela
gritaria.
- O que está acontecendo aqui Mary, porque essa gritaria toda?
- Eu vi o garoto de novo, ele me salvou desta vez, alguém ou algo me agarrou no labirinto de plantas, o que está acontecendo aqui e porque o senhor está sempre ausente?
- Calma Mary só fui até a cidade resolver uns problemas, o que você tem afinal?
- O senhor está doente por acaso e não que me falar, some de repente e nunca está na hora de comer?
- Tenho tido uns problemas de estômago, que me fazem ficar em jejum por alguns dias, mas não é nada demais, prometo que amanhã ficarei com você o dia todo.
- Está bem, mas vou cobrar, mas me diga uma coisa Tio, sobre o meu avô.
- O que quer saber?
-Sobre os escravos que viviam aqui, eles eram bem tratados ou tinha algum tipo de punição para aqueles que não seguiam as regras?
- Olha que eu saiba seu avô era um homem bem justo e nunca tocou em nenhum dos escravos, mas por que essa pergunta agora?
- Nada não, só queria saber um pouco sobre o vovô.
- Está bem querida, não me leve a mal, mas estou muito cansado e preciso me deitar. vejo você pela manhã, durma bem.
- Obrigado Tio, tenha uma boa noite.
- Alfred vou para meu quarto ler um pouco e depois desço para comer algo.
- Sem problemas senhorita, vou deixar algo pronto na cozinha.
- Obrigado Alfred e uma boa noite.
Mary tinha um tom irônico em sua voz, quase um deboche e foi para seu quarto.
Começou a ler um livro, mas não conseguiu aguentar e pegou no sono em seguida, acordou e já passava das onze horas:
- Meu Deus cochilei e nem percebi.
Levantou e foi até a cozinha comer algo, estava com muita fome e tinha sede. Passando pela biblioteca percebeu sua luz acesa e a porta entreaberta, resolveu
dar uma olhada se Alfred estava ali lendo um livro. Não havia ninguém na sala e o livro de feitiços de seu pai estava em cima da mesa e não na gaveta onde tinha deixado.
- Quem andou pegando o livro de Papai e por quê? Perguntou-se Mary.
Escutou uma voz vinda do canto da sala onde tinha um enorme espelho de
madeira com detalhes de ouro, uma figura surgiu dentro do espelho, era o velho barão seu avô, seu rosto passava medo e raiva e seus olhos estavam pretos como a noite,
Mary ficou paralisada enquanto a figura olhava para ela e em seguida disse em tom de raiva:
- Pare de procurar aquilo que não quer encontrar, se você continuar a perturbar meus escravos você vai morrer.
Mary ficou tonta e em seguida desmaiou. Acordou após uns minutos e em sua frente de pé estava o menino do cemitério, agora seus olhos não estavam mais brancos como se fosse cego, mas tinha um ar de tristeza ao olhar para ela, com sua mão estendida em direção a Mary, falou pela primeira vez.
- Você quer saber onde está a página do livro?
Mary ficou espantada ao vê-lo falar.
- Você pode falar e seus olhos estão diferentes.
- Aqui dentro posso ser normal, mas lá fora volto a forma em que morri.
- Como assim aqui dentro...
-Venha que vou mostrar algo a você.
Mary segurou sua mão e saiu em direção ao salão principal, em cada
canto da casa surgiam sombras que pareciam de crianças, Mary começou a ficar assustada.
- O que são essas sombras? Parecem crianças e estou começando a ouvir murmúrios.
- Elas estão tentando se comunicar com você, são espíritos que estão há muito tempo presos a essa casa, eram filhos de escravos que morreram aqui.
- Onde você está me levando?
-Ao cemitério, preciso que você veja algo e entenda o que está acontecendo.
Chegando ao cemitério levou Mary até um túmulo com a lápide em branco, nenhum nome escrito nenhuma data.
- O que isso quer dizer, quem está enterrado nesse lugar?
- Você precisa cavar essa cova para descobrir, mas preste atenção no que vou dizer, não deixe que eles vejam que você está fazendo isso.
- Eles quem?
- Os homens que vivem na casa.
- Meu tio e Alfred, por quê?
- Você vai entender, quando vir o que está enterrado nessa cova.
Os olhos voltaram a ficar brancos e parou de falar, apenas apontou para o túmulo e sumiu novamente. Mary ficou intrigada com o fato de ele mencionar seu tio e Alfred, ficou pensando em como iria fazer isso sem ser descoberta.
Já estava bem tarde, então resolveu voltar a dormir, os vultos de crianças não estavam mais pela casa e não viu mais a figura de seu avô, foi para a cama em seguida e caiu em sono profundo. Acordou lá pelas nove e desceu para tomar café com seu tio; Descendo as escadas o encontrou sentado em uma poltrona lendo um jornal.
- Bom dia Tio, como você está hoje?
- Mary que bom que acordou cedo! Como prometido estou aqui.
- Vamos tomar café Tio?
- Já tomei na cama Mary, mas vou pedir ao Alfred servir para você.
- Não precisa Tio eu mesma me sirvo.
- Como quiser querida.
Tomou seu café na cozinha, mesmo enquanto Alfred a observava com desconfiança.
- Aconteceu algo ontem à noite Mary? Escutei barulhos vindos da biblioteca, era você?
- Sim, não conseguia dormir e fui ler um pouco.
- Mas está... Mary interrompeu Alfred antes de ele terminar a frase.
- Tenho que ir Alfred, mas está tudo bem.
- Onde você está indo Mary? Perguntou seuTio.
- Vou dar uma caminhada pelo pátio, gosto de fazer exercícios pela manhã.
- E o nosso xadrez fica para depois? Perguntou seuTio.
- Talvez Titio, se der tempo, jogamos, até mais.
Seu tio ficou olhando enquanto ela saia com um pouco de desconfiança, chegou a pensar se havia algo errado com ela devido à recusa de jogar com ele, pois no dia anterior o havia xingado pela sua ausência.
Mary foi até o cemitério e ficou olhando para o túmulo sem nome e começou a pensar.
- Será quem tem algo aqui que não eu deva saber, algum segredo, depois que meu avô apareceu dizendo para não mexer com os escravos fiquei preocupada, mas será quem tem algum escravo enterrado aqui?
Mary não conseguia pensar em um jeito de abrir a cova sem ser vista, mas então pensou em vir à noite e quem sabe o garoto podia ajudar. Ficou o restante do dia andando pela propriedade e pensando sobre o que o
garoto havia dito a ela. Não estava mais interessada na companhia de seu tio, queria desvendar esse mistério a todo custo.
Mary voltou para casa, mas seu tio não estava mais na sala e Alfred a surpreendeu quando subia as escadas.
- Onde você está indo Mary? Seu tio não está no quarto.
- Não vou ver meu tio, quero dar uma olhada nesse quadro de meu avô.
- Ele está ai desde que a casa ficou pronta, foi feito um pouco antes de ele morrer, seu avô não ficou muito tempo nessa casa.
- É uma pena ele não ter aproveitado mais, já que foi ele que ajudou a construir, você não acha?
- Sim, com certeza.
- Acho ele com uma cara de maldade nesse retrato.
- Seu avô era um homem muito bravo, deve ser por isso.
- Você tem razão, mas do que ele morreu?
- Foi uma grave pneumonia, era muito forte, mas não resistiu a ela.
- Bom, vou descer e tomar um banho, meu tio vai jantar comigo hoje?
- Ainda não sei Mary, talvez.
- Está bem Alfred, até mais tarde.
Mary estava ansiosa naquela noite, queria resolver o mistério o quanto antes, seu tio não apareceu para jantar, como de costume e a desculpa que Alfred deu foi de que ele tinha saído para jogar pôquer com os amigos na cidade.
Mary esperou que Alfred fosse para seu quarto e saiu em direção ao cemitério, procurou pelo menino, mas ele não apareceu, estava com uma lanterna e uma pá que havia pegado na garagem, começou a cavar, mas não conseguia chegar ao fundo, parecia que algo que estava ali não era para ser desenterrado. Foi quando sentiu uma presença atrás dela, se virou e viu o menino e dois escravos parados com correntes nos pés.
Mary paralisou por um segundo e então perguntou:
-Vocês podem me ajudar a cavar? Estava com muito medo, mas encontrou forças naquela hora para falar. O menino voltou a falar e encarando Mary com seus olhos sem vida disse:
- Não podemos interferir no mundo dos vivos, isso é algo que você tem que fazer sozinha.
Está bem, mas vai demorar mais do que imaginei. Depois de cavar muito Mary tocou em algo com a pá, já tinha tocado o caixão, fez força e conseguiu abrir, o corpo ali enterrado estava coberto por um manto cinza, mas quando Mary retirou-o do cadáver levou um susto, sua boca estava costurada e não tinha as duas mãos, uma pequena caixa estava colocada sobre seu peito, então Mary pegou a caixa e abriu, dentro
dela tinha uma pequena chave dourada, pensou ser a chave que abre a escrivaninha de seu tio, mas porque estaria enterrada com um cadáver de um homem sem mãos e com a boca costurada?
Virou-se para o menino, mas ele e os escravos haviam sumido.
Resolveu ir até o quarto de seu tio, enquanto estava fora e ver se a chave servia na gaveta, Mary entrou apressada e esbarrou em um dos vasos do hall de entrada fazendo um barulho enorme.
- Droga agora vai acordar Alfred! Ficou em silêncio, mas nada aconteceu.
Então resolveu subir até o quarto e tentar abrir a escrivaninha, colocou a chave
e ela serviu abrindo a gaveta de imediato. Nela Mary encontrou a tal página que faltava no livro de seu Pai, em voz baixa disse:
- Titio seu malandro me escondendo a verdade, a página era um feitiço de libertação
de espíritos, mas porque ele guardava tão bem essa página?
Mary decidiu confrontar seu tio quando chegasse, mas ao sair do quarto encontrou Alfred parado perto da porta.
- Vejo que encontrou o que queria Mary.
- Sim e meu tio mentiu para mim, dizendo que não sabia do livro e muito menos dessa página, você sabia que ela estava enterrada junto a um corpo no cemitério?
- Sabia sim e fui eu que enterrei junto ao corpo de seu tio.
- Corpo de meu tio, o que você quer dizer com isso Alfred? Mary estava muito assustada e com medo.
- O livro que seu pai tinha na verdade era de seu avô, ele usou o feitiço para prender os espíritos dos escravos fora da casa, mas também foi vítima da maldição quando morreu, fazendo com que ficasse preso ao quadro na parede, depois disso seu tio se apossou do livro, mas seu avô temendo que ele usasse para libertar os escravos o matou, ficando preso a casa, também, já que não tem um quadro na parede, como não queria mais sair daqui me pediu que arrancasse a página e enterrasse junto a seu corpo para ninguém usar o feitiço, que se usado libertaria os escravos e levaria ele também embora, entendeu agora Mary?
- Mas eu falei com meu tio, ele não pode estar morto só pode ser brincadeira Alfred. Eu preciso libertar os escravos e o menino, sinto muito Alfred, mas tenho que fazer isso.
Você não pode Mary e se fizer terei que matá-la. Mary pensou por um instante e sem Alfred ver pegou um pequeno vaso de uma mesa no corredor, com um golpe na cabeça fez Alfred cair desmaiado no chão.
Correu para a biblioteca e fechou a porta, quando começou a dizer os feitiços
um vento entrou pela sala e a voz de seu tio pode ser ouvida.
- Não faça isso Mary você vai nos condenar ao inferno, sou seu tio pare agora.
- Mary não parou mesmo com seu tio implorando. As janelas começaram a bater e o vento ficou mais forte, algo batia na porta do hall querendo entrar, depois de terminar de ler Mary saiu correndo em direção ao salão principal e viu a casa cheia de espíritos de escravos e junto a eles estava o menino do cemitério.
Alfred surgiu na escada cambaleando em direção a Mary, mas não conseguiu chegar perto, tropeçou em um dos degraus e rolou até embaixo caindo morto, nesse momento os espíritos se juntaram ao seu corpo e o levaram em uma nuvem negra, então seu tio apareceu em sua frente dizendo com muita raiva.
- Sua garota idiota você condenou a todos nós e vai morrer. Abriu sua boca e foi como se sugasse a alma de Mary para dentro de seu corpo, mas em seguida foi seguro por vários escravos que colocando correntes
em seus pés o levaram também.
Mary estava caída no chão e quase sem forças, mas o garoto estendeu sua mão e a levantou dizendo para ela sair da casa, porque seu Avõ ainda estava ali e queria matá-la. De dentro do quadro e com uma voz de trovão surgiu a figura de seu avô, gritando o nome de Mary e descia as escadas em direção a ela.
O menino que agora podia falar disse para Mary botar fogo na casa e fugir.
Mary pegou uma das velas que tinha sobre balcão da sala e jogou nas cortinas que pegaram fogo imediatamente.
Quando foi correr para porta com o menino seu avô assoprou em sua direção fazendo com que a porta se fechasse, o fogo já tomava conta de grande parte da casa, o homem continuava em direção de Mary, quando a sala foi tomada por todos os espíritos dos escravos, inclusive das crianças, eles fizeram um circulo em volta se seu avô e o atacaram colocando correntes em todo seu corpo, ele gritava para saírem de cima dele, chamava de escravos imundos e dizendo ser seu dono, as sombras aumentaram e um
buraco se abriu no chão fazendo com que levassem seu avô. Mary não conseguia abrir a porta então alguns escravos a forçaram e finalmente ela abriu, ela saiu correndo para o pátio de mãos dadas com o menino, os dois ficaram olhando a casa ser destruída pelo fogo sem dizer nada, quando tudo veio abaixo
Mary olhou para ele e disse:
- Agora você está livre, pode ir ao encontro de seus pais na luz.
- Obrigado Mary por me libertar, nunca vou esquecer-me de você.
Soltou a mão de Mary e saiu andando até uma luz branca, que se abriu a sua frente, em seguida sumiu.
Mary começou a chorar e notou que todos os escravos estavam parados a sua frente, um deles se aproximou de Mary e fez um gesto de cabeça como se
dissesse obrigado e sumiu;
Um por um foram sumindo até ela ficar só.
Mary parada em frente à casa, antes de ir embora deu mais olhada para a mansão e disse:
- Que vocês descansem em paz. Então foi embora.
- Fim -
1 Comentários
ADOREI ESSE CONTO!
ResponderExcluirPOEMEM-SE SEMPRE!
SEJAM BEM-VINDOS!