Dariely de Barros Gonçalves
Diz-se que ao nascer um filho, nasce também um pai e uma
mãe. Isso significa que os pais vão se constituindo simultaneamente a gestação
dos filhos. A única diferença destes pais e destas famílias, daquelas
constituídas de forma diversa é que no segundo caso, os pais nascem primeiro.
Posteriormente encontram os seus filhos, que não nascem deles, mas, para eles.
A família é o primeiro contato do
indivíduo com o mundo como ser social que é. Família irradia vida, cultura,
valores, experiências. É mais que uma árvore genealógica, um retrato na
estante, os mesmos genes, os mesmos sobrenomes, o mesmo habitar. Família
compartilha afetos, responsabilidades, sonhos, objetivos, histórias, legados. Igualmente,
conflitos, contradições e feridas que perpassam gerações.
No tocante a sua função, natureza,
composição e concepção, as famílias, assim como os membros que as compõem vêm sofrendo
transformações sistemáticas. As famílias sempre tiveram fundamental importância
e papéis variados ao longo da história. Até bem pouco tempo possuíam uma
formação patriarcal que legitimava a prevalência do poder masculino sobre a
mulher e os filhos. A Constituição de 1988 emancipou-a e trouxe-lhe autonomia.
Isso culminou em uma família menos rígida e mais democrática, em relações mais equânimes,
baseadas no respeito mútuo, alicerçadas na afetividade.
Fora do contexto legal,
infelizmente, a realidade, muitas vezes, é diferente. Ainda verifica-se o
império do patriarcado e do machismo se sobrepondo à lei e ao novo papel de
homens, mulheres e famílias. O que se traduz, inclusive, em diversas modalidades
de violência. Ou, ainda, nas mais variadas formas de negligencia, ausência,
abandono e omissão.
A família atual, contudo, vem
buscando sua identificação na solidariedade como um dos fundamentos da
afetividade. Amparada pela lei, deixou de ser encarada apenas como uma entidade
jurídica ou econômica e passou a ser reconhecida como um espaço de afeto e
ajuda recíproca. Suas novas configurações,
representadas por “famílias tradicionais, monoparentais, recasamentos, uniões
homoafetivas, filiações socioafetivas”, reafirmam o desejo de amor, sentido e
completude almejado pelos casais e pelos indivíduos na contemporaneidade. Longe
das conveniências, aparências, hierarquia, interesses e hipocrisias, resta apenas
o desejo de ser feliz. De amar e ser amado.
1 Comentários
Muito legal! Solidariedade é o que mais precisamos nestes
ResponderExcluirmomentos, para que afetos construam laços fortes de humanidade.
POEMEM-SE SEMPRE!
SEJAM BEM-VINDOS!