Com um pé no estribo; com um toque de ontem.


– Manhã de 20 de abril de 2015 (com o pé na estrada, no estado e no estribo)

Já de praxe: meu maracujá gelado e a impressão de algo largo longo lerdo no ar. Ser leigo nas conclusões não é algo estranho? não, nem tanto! Cobiço sempre os pingos nos “is”, e até levo desaforo para casa (mas sabendo e admitindo que esteja levando). Sou inteiramente parcial e gosto de ter conceitos sobre tudo... Mas sabendo que os mesmos podem mudar, admitindo e procurando acertar (caso esteja errado). “Isso” ou o “aquilo” são coisas corriqueiras; mas nada é corriqueiro quando se vive o momento. Há algo no ar: talvez seja somente ar mesmo; talvez seja poluição; talvez seja um cheiro doce que ficou na memória; talvez cheiro de comunhão, velas acesas... Esses “trens” (jeito Mineiro, saudade de MG). (vou comer um queijo com doce de leite e goiabada, beber uma cachaça e volto). Há algo no ar: não é algo comum, extra comum, é algo turvo, fora de foco que necessita arremate... Mas sem martírio! Fiz juramento de arrumá-lo, deixa-lo tinindo (seja lá o que for). Em dado momento a brisa invade a sala e sinto o odor de flor de lírio (voltei de bucho cheio e com duas talagadas de cachaça na cachola). Joguei a moeda ao alto, escolhi “cara”; e foi assim: bateu no chão, rodou, rodou, rodou... Andou um pouco e caiu no vão da pedra. Peguei a lanterna e fui ver ao menos o que havia dado; e foi assim: bateu a luz nela e nada! Agora é algo comum que me tira a atenção e vai à contramão do desejo; agora é pão sem queijo, sexo sem beijo e desconstrução da ação. Fui pegar um imã, uma corda e acabar com o imbróglio... Resgatei a moeda, mas no ínterim do resgate – viagem – volta –, ela rodopiou na linha... Jamais saberei o que deu. Então, se não sei se perdi ou ganhei: é empate. 

– Tarde de 2 de setembro de 2014 (com um toque de ontem, de hoje e de sempre)
Em um adendo: Acho que o hábito de estacionar nos grandes nomes do passado abafou os escritores atuais, principalmente os poetas e/ou os que têm uma escrita mais moderna, mais arrojada e marginal; não devemos deixar nada ser empecilho para uma produção artística em todos os âmbitos. A arte (assim como o dom) não pode ser sobrepujada por pessimismos ou modismos. Ela é além de qualquer coisa artificial, rasa e de cunho materialista. Escrever é parto, e a cada poesia gerada é um filho no mundo. Incentivar a literatura no seu ventre e a posteriori na sua nascente, tendo ajudado a chocar o “ovo” na concepção, é o tapa de luva de pelica na inatividade dos pincéis e das penas (no modo geral)... É o grande “touché” da arte. A qualidade sempre será mais divergente quando houver quantidade, as contradições, as discussões, as críticas, só fazem bem! A meu ver esse papo de “quantidade não é qualidade” é um pouco furado. Quanto mais se tem tenacidade, experiência e afinco em algo, mais o mesmo evolui. O ato de escrever muito, por si só, já é válido e paga o “ingresso”. Apoiar a literatura, sobretudo em um país com baixíssimo número de leitores, é primordial. Qualquer incentivo à leitura será sempre válido e qualquer manifestação artística, idem; temos que colocar a literatura de um modo muito mais significativo na vida das novas gerações. Comecei a escrever tarde, sempre penso como seria se eu já conhecesse a poesia na época que montava num cavalo e, na maioria das vezes, ia solitário até um açude, me balançava num balanço de corda e sentava num banco de madeira (ambos que fiz) para ponderar sobre a vida; quantas vezes flagrei-me na praia do Arpoador; ficava sentado na pedra, na areia ou na prancha admirando o sol ao longe e pensando poesia. A poesia já existia em mim, mas ainda não se manifestava. Na pré-adolescência, durante e pós, fez inúmeras amizades, percorria o Rio de Janeiro de camelo (bicicleta) para cima e para baixo, ia a diversas turmas de rua (Hilário, Constante, Leme, Figueiredo, Edmundo Lins, Ipanema, Arpex, Catete, Glória, Botafogo...) e turmas de surfistas para trocar ideias, fazendo assim amizade com várias mentes pensantes de histórias e ideologias diferentes.

André Anlub

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