Mesmo assim Agora mesmo a alegria passou por uma rua, Ela estava nua, estava fula, estava atormentada e vadia. Olhou em todas as portas, portões, porteiras; Olhou por cima dos muros e em murmúrios Resmungou algumas asneiras... eram loucuras, coisas cruas... Ela abriu janelas e meteu a mão nos cestos de frutas E nas caixas dos correios... (pegou algumas contas, cartas de amor, maças, peras). A alegria soprou uma brisa, apagou algumas velas, Espalhou a fumaça dos charutos e incêndios; Atrapalhou as preces, os cantos nos terreiros; Atrapalhou enterros e desacelerou as pressas. Agora mesmo senti seu cheiro de mato lavado, Senti seu ar gélido, fresco, encanado; E como um refresco me afagou por dentro... Acalentando meu mundo e meus imundos pulmões. Vi alegria em multidões, senti suas fragrâncias... Mas novamente vi a dor; Senti o odor do suor dilapidado Pelo horror de intolerância. Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”, Concomitante que media o tamanho do estrago, Tragada e hipnotizada pela hipocrisia Da constante desarmonia dos cínicos embargos Nos livres-arbítrios de nossas/fossas vidas. Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”. André Anlub (19/1/15)
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