Velho Chico (Marcia Mendes)



VELHO CHICO
Marcia Mendes

Minha vista alcança o rio
Que passa em silêncio,
Sem desassossego,
Segredando nobreza
À pedra recatada.

Em suas retinas,
os remoinhos,
A revoada dos pássaros
E também gritos e medos.

As águas passam incólumes
Pelas esquinas mineiras
Balbuciando o verão
Das despudoradas chuvas.

Velho Chico, de cor esvaída e
pálpebras cansadas,
Terás que continuar rolando
Toda a tua interminável água,
Assobiando efabulações
De esperança e contentamento.

Não sei exatamente quando me reverás,
Contudo, tua voz obstinada,
Continuará a clamar por mim
Pois que procurei-te na minha memória.

Compreendo a tua linguagem,
Ouço teus tumultos,
Desvendo teus enigmas,
Realidades e acontecimentos.
Até que resoluta,
Virei a teu encontro e
Diminuídas serão
as distâncias entre nós.

Por ora,
Restam a cor destas águas,
O tamanho do tempo
E o ritmo de teus caminhos
Que viraram versos.
***


Marcia Mendes é psicóloga, escritora e poeta.

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