Os Loucos da Minha Rua


Os Loucos da Minha Rua

Domingo, 09:00h.
Saio animada para um encontro festivo.
Atravesso a rua com passos decididos: olho ao redor, estou sozinha na calçada aguardando o ônibus.
Os carros trafegam lentamente, a cidade parece adormecida.
Sinto medo, ocupo a mente, os ponteiros avançam:  09:30h.
Da porta de uma loja entreaberta projeta-se um vulto: percebo em sua mão o talão de contravenção.
Seus passos procuram manter-se em linha reta, não consegue. Ali, parado, foi solicitado por uma mulher surgida do nada. Traços fortes delineados pelos maltratos da vida, ares de alinenada, um tanto deprimida, quase clamando para ser ouvida.
Pronuncia palavras desconexas mas entendo que o abandono da filha é motivo da conversa.
Descontraio-me olhando de soslaio:-
 - mais uma louca da praça de maio?

Minha rua já foi nua e singela; rendeu-se, sem pudores, à modernidade; crescem espigões sem estrutura; dormem cães nas calçadas sujas e reveste seus loucos de alguma verdade.

©rosangelaSgoldoni
04 12 2011
RL T  3 373 936

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2 Comentários



  1. A Sabedoria


    Refinancie a vida
    incompreendida
    ó Senhora Sabedoria
    recém-nascida:
    Pois o impossível
    é descortinado
    ao que crer...


    Francis Perot

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  2. Grande verdade!...Belo e reflexivo texto...Bjs!

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