O JULGAMENTO


O JULGAMENTO


Submetido ao látego do julgamento 

aquele homem prestava depoimento 

sobre tudo o que sabia sobre a vida.

Falou de fé e esperança e caridade,

falou de fraternidade e de felicidade 

e dos ideais de solidariedade humana.

E não havendo mais do que falar,

calou-se como ave que cai do céu...


E recebeu então a cruel indiferença 

como sentença irrecorrível dos mortos.

De repente aquele homem tão simples

pôs-se a falar a falar a falar e a falar

COISAS DE AMOR como quem cria 

na remota possibilidade dos milagres.


E aquele tribunal acabou acreditando

nele porque falou do que nem sabia. 

E aquela foi a única vez em sua vida

que aquele homem falou de amor

com infinita sabedoria...




Julis Calderon d'Estéfan

(Heterônimo de Afonso Estebanez)

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