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O menino andava por uma estranha estrada, estrada no
meio do nada, sem princípio, fim, cor ou curva. Ao norte e ao sul eu procurava
e, nenhuma paisagem, além do menino que andava. Tentei alcançá-lo em vão,
sucumbiu, sumiu-se. Abandonado, respirei fundo e continuei a trilha. Caminhei e
caminhei e caminhei e, assim, quase em êxtase, deslumbrei uma pequena pedra;
uma pedra em meio aquele nada. Agora era eu, a pedra e a estrada.
Pedra quebra a tesoura, tesoura corta o papel, papel
embrulha a pedra. Era assim a velha brincadeira. Como num jogo, segurei a pedra
e arrisquei um pensamento: - um lago margeando a estrada. Um sonho dentro do
sonho e uma atitude anunciada; a pedra encontrando a água. Nada, não havia
nada, apenas o sorriso do menino que, também do nada, ressurgira lépido. Seus olhos
indicavam a mão que segurava a pedra e, suplicante, esperava. Sem palavras,
atirei a pedra.
Os sonhos encerram visões sem tempo e acredito na
possibilidade de ser nossa melhor vivência. Um mundo de alternativas onde
passado, presente e futuro convergem promovendo um turbilhão de ondas que
rebentam e transmutam na consciência. A poesia justificando a condição humana
de compactuar com o universo em todas as dimensões. Pedra, papel, tesoura. A
velha brincadeira que, ao contrário do sonho, resume o círculo da vida que,
implacável, condena, julga e aprisiona o homem a seu próprio destino.
A pedra cortou aquele nada e, do nada, mais um dia de
loucura.
3 Comentários
Fantástico! Lindo! Que loucuras nos levam os nossos pensamentos, não cabe estranheza, cabe viajar neles, demais amigo!
ResponderExcluirExcelente texto!Parabéns!.....
ResponderExcluir"A poesia justificando a condição humana de compactuar com o universo em todas as dimensões."
Abraços!
RMoon
Lindo texto!!!
ResponderExcluirParabéns!
abraço
anacosta
POEMEM-SE SEMPRE!
SEJAM BEM-VINDOS!