LÁBIOS VERMELHOS
As flores, agora, pendiam de suas mãos e caiam no chão. Os lábios
carnudos que antes o beijara estavam agora ensanguentados. O sangue escorria
por sua camisola branca e pingava no chão.
Eles fizeram amor toda a noite. E naquele momento ela se
recuperava da dor daquela mordida inesperada nos lábios. Foram jogos de prazer
e num momento de descontrole ele havia mordido seus lábios com mais força.
As flores
no chão foram um mero acaso quando ela, não querendo sair de onde estava pegou
uma toalha e a molhou na água fresca que havia colocado no vaso, para depositar
as flores ele havia lhe dado. Não doía, porém assustava o sangue que não queria
parar.
Foi ao
frigobar e apanhou gelo que enrolou em papel toalha e colocou nos lábios. O sorriso
parecia torto porque a boca estava inchada.
Ele encolheu-se
na cama cheio de remorsos, pálido porque tinha horror a sangue, mas ainda
morria de tesão pela noitada interrompida. Já se desculpara, porém o momento pedia
pausas, tréguas.
Levantou-se
da cama e encheu novamente o cálice com vinho verde, ainda muito gelado. Tudo fora
tão excitante àquela noite, até aquele momento de pausa no amor. Ele havia
chegado cansado do trabalho e foi direto para o banho. Enquanto ela depois de
receber as flores, colocara-as em um vaso na mesinha do quarto, abriu uma
garrafa de vinho verde. Estava excitada, pois passara o dia planejando aquela
noite. Entrou no chuveiro com os dois cálices para logo em seguida se ajeitarem
na banheira, onde ficaram bebericando e se acariciando mutuamente.
O clima
úmido do banheiro com vapores d’água dava excitante e foi assim que começaram a
se amar. Aquela noite prometia...
Ficaram muito
tempo na banheira tocando, um o corpo do outro, enquanto consumiam o vinho
delicioso.
Ela já
tinha mordido suas costas, nuca e coxas. Ele, quando ela lhe ofereceu os lábios,
mordera-os com um pouco mais de força, o que o fez sangrar.
As rosas
vermelhas ele trouxera quando chegou e lhe entregou apaixonadamente. Ela colocara
no quarto perto deles enquanto estivessem se amando. Aquelas rosas eram testemunhas
da sua felicidade.
Tudo valia
à pena para ela quando estava com aquele homem a quem tanto amava e não seriam
apenas algumas gotas de sangue que iriam por fim ao prazer que se prometera
aquela noite.
Afinal de
contas todas as rosas têm espinhos e seus lábios podiam ter se ferido por um
deles, quando beijou o ramalhete. E isto é o que iria alegar na manhã seguinte
a quem perguntasse. Afinal o que se faz entre quatro paredes só diz respeito
aos amantes...
Mário Feijó
06.10.12
0 Comentários
POEMEM-SE SEMPRE!
SEJAM BEM-VINDOS!