ENTREVISTA: Marco Araujo, um dos incentivadores de Poemas à Flor da Pele

Excelência Cultural
 (Foto: Adriana Araujo)

Conselheiro da Associação, produtor cultural, músico, compositor e poeta dos bons, nascido na cidade de Rio Grande e mora em Porto Alegre no Rio Grande do Sul. É casado e pai de Eduarda - como a fruta não cai muito longe do pé - ela já se lançou poetinha em nosso livro infanto-juvenil Por um Mundo Melhor. Marco com sua música Olarai do Benedito fez sucesso e a música virou hit nos eventos Poemas.


https://www.youtube.com/watch?v=lr8jDeWC0w4

Ele dedica-se atualmente a produções de shows de sua música e no seu corre-corre diário aceitou ser o produtor cultural dos eventos Poemas à Flor da Pele, um honra pra todos nós e vem novidades por aí....Vamos conhecer um pouco desse grande cara e amigo.

(POEMAS) 1 - Quando se descobriu músico e poeta?

(Marco Araujo) Ouvindo música no rádio, estudando piano e convivendo com minhas irmãs que, antes de mim, já o faziam. Meu interesse em me tornar músico surge mais tarde, quando aprendi a tocar violão e me tornei compositor. Como convidado, participei, com sucesso, de um show do cantor e compositor Raul Ellwanger, o que desencadeou o processo.

(POEMAS) 2 – O que é para ti o ato de criar e em que momentos a inspiração chega? O que na verdade te inspira?     

(MA) Meu processo criativo se dá com dedicação e trabalho, tanto quando faço letra e música como, quando ponho melodia em um poema ou, ainda, quando coloco letra em uma melodia. Busco a simplicidade e, dentro do meu pequeno universo de abrangência, tento, com minhas criações, provocar
a alegria, a discussão e a reflexão. Enfim, o sentimento das pessoas.

(POEMAS) 3 - Quais, entre tuas obras, músicas, poemas, contos, que criastes e que te deixam realizado por ter feito. Coloque-os aqui para nós (pode ser também links de vídeos).

(MA) Produzi muitas canções e poemas nesses mais de 30 anos de atividade, destaco canções como Pandorga, Olarai do Benedito, Plantações, Velhos Amigos, entre outras tantas que aconteceram e que tem sua representatividade. Das poesias deixo aqui:

Quebranto de Poeta Triste*
Marco Araujo

Mirava o tempo através da alma
Que embaçada pelo pranto
Era recanto da lembrança infinda
Quebranto de poeta triste

Mirava a rua pela porta fria
Que escancarada se debatia
Nos braços da tempestade
Que sufocava noite e poesia

E assim brotavam as palavras
Livres de qualquer corrente
Presentes, vivas e dementes

E assim brotavam rimas
Reticentes, duras, complacentes
Bêbadas, dissonantes, dissidentes

  • Poesia vencedora do Prêmio Lila Ripoll de Poesia – 2007
  • Poesia vencedora do 1º Concurso de Poesias da Poemas à Flor da Pele - 2007

Pandorga:

Plantações:



(POEMAS) 4 – Quais artistas e poetas que são tua referência?    Coloque aqui o que achar interessante para o leitor.

(MA) A leitura faz parte da minha vida e minha vida é marcada por muitos poetas, escritores e músicos. Vinícius de Moraes, Drummond, Bandeira, Leminski
Noel Rosa, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Quintana, Lila Ripoll, entre outros tantos que injustamente não cito. Porém, devo dizer que Chico Buarque de Holanda foi e é minha maior referência.

(POEMAS) 5 – Escolha um poema que admiras e coloque aqui para que possamos ler.

Poema
Lila Ripoll

Inútil o protesto.
Inútil o florir anunciador
da primavera.

Não me estendas a mão,
que o tempo endureceu meu peito.

Sou poeta. Obrigatório
é para mim o sonho.
Concede-me o direito
de sonhar.

Quero ficar à janela da vida,
a cabeça no côncavo das mãos,
sabendo inútil a esperança,
mas a ela aconchegada.

A lua sobe alto, no céu alto.
Nesta hora, nascem asas,
laços de gravidade,
secretos instantes
de cintilação.

Minha mão não se estende.
Caída permanece,
como corola emurchecida.

O poeta sonha.
A mulher joga a rosa
sobre o mundo!


A Miragem
Vinícius de Moraes


Não direi que a tua visão desapareceu dos meus olhos sem vida
Nem que a tua presença se diluiu na névoa que veio.
Busquei inutilmente acorrentar-te a um passado de dores
Inutilmente.
Vieste - tua sombra sem carne me acompanha
Como o tédio da última volúpia.
Vieste - e contigo um vago desejo de uma volta inútil
E contigo uma vaga saudade…
És qualquer coisa que ficará na minha vida sem termo
Como uma aflição para todas as minhas alegrias.
Tu és a agonia de todas as posses
És o frio de toda a nudez
E vã será toda a tentativa de me libertar da tua lembrança.

Mas quando cessar em mim todo o desejo de vida
E quando eu não for mais que o cansaço da minha caminhada pela areia
Eu sinto que me terás como me tinhas no passado -
Sinto que me virás oferecer a água mentirosa

Da miragem.
Talvez num ímpeto eu prefira colar a boca à areia estéril
Num desejo de aniquilamento.
Mas não. Embora sabendo que nunca alcançarei a tua imagem
Que estará suspensa e me prometerá água
Embora sabendo que tu és a que foge
Eu me arrastarei para os teus braços.


(POEMAS) 6– O que você acha dessa criação literária desenfreada no mundo virtual?

(MA) O tempo ficou mais curto, a informação vem em ondas imensas e as pessoas tem a necessidade de se expressar de alguma forma. Algumas com precisão estética e beleza literária, outras nem tanto. Talvez a poesia seja, a um primeiro olhar, a forma mais fácil de expressão, infelizmente e, para muitos, o caminho mais difícil.

(POEMAS) 7 – O que você diria para um artista ou escritor está iniciando sua vida artística e/ou literária?

(MA) O que repito pra mim todos os dias:
Trabalho, trabalho e mais trabalho!

(POEMAS) 8 – Fale de sua trajetória e que o te move para a vida artística e literária? Qual o gosto de ver um trabalho pronto?

(MA) Sou o cantor e compositor que se acompanha ao violão, poeta por vocação e artista por insistência. E, assim sendo, confesso e admito minha felicidade.

(POEMAS) 9 – Um livro é para toda vida e revelam muito de nossas emoções de viver, você concorda com isso? Quando você vai escrever seu livro?

(MA) O livro é o cidadão do mundo, conversa com todos os sentimentos sem distinção de credo, raça ou cor – é o espelho da humanidade.
Vou escrever meu livro quando tiver coragem (risos).

(Poemas 10) Você que tem tantas criações musicais, conte sobre s emoções que viveu ao criá-las? Qual delas representa o início de tudo? 

(MA) Senti-me compositor com uma canção chamada Pelas Ruas de São Pedro, nome também de meu primeiro espetáculo autoral em Rio Grande, minha cidade natal.
Quanto às emoções, depende do tempo que estamos vivendo, impossível descrever essa humanidade. - É concretizar um sonho! Sei que é muito bom!

(Poemas 11) O que você tem a dizer a este grupo de poetas, de Poemas à Flor da Pele, que você tanto incentiva, que há mais de 9 anos reúne–se e luta pela poesia.

(MA)
Façam, refaçam, transformem
depois de feito, espalhem aos quatro ventos
sonhos no mundo dos homens
palavras, poesia e sentimento
(Marco Araujo)


Soninha Porto
Editora Somar 
Poemas à Flor da Pele


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